Pero da Covilhan: Episodio Romantico do Seculo XV. Brandão Zephyrino
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Название: Pero da Covilhan: Episodio Romantico do Seculo XV

Автор: Brandão Zephyrino

Издательство: Public Domain

Жанр: Зарубежная классика

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isbn: http://www.gutenberg.org/ebooks/32296

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СКАЧАТЬ o arcebispo – Comtudo não vos esqueçais do arcebispo de Sevilha…

      – Seguramente…

      – Vejo, que nos comprehendemos…

      – Resta saber, quem nos convirá no throno, cuja dignidade tratamos de restaurar…

      – O infante D. Affonso; por isso mesmo que é uma creança tão debil e apoucada, como seu irmão. Agrada-vos?.. – concluio o arcebispo, sorrindo ironicamente.

      – É uma creança que substitue outra… – observou Vilhena.

      – É; mas D. Henrique retirou-nos a sua confiança, e D. Affonso hade obedecer ás nossas inspirações…

      Das reticencias d'este dialogo é licito inferir, que os interlocutores não confiavam demasiadamente um no outro. O arcebispo de Toledo era insolente e audacioso. O marquez de Vilhena, mui solérte em intrigas palacianas, fazia consistir a sua força na brandura da sua linguagem, e sabia-lhe melhor ganhar a victoria por meio de traças ardilosas, e palavras melicas. Não pretendia álem d'isso desaggravos tão cruentos, como o arcebispo; mas teve de concordar com elle, e com os outros conjurados, em espalhar pela lama as jóias mais bellas de uma corôa, para a tornar ludibrio do mundo!

      O que mais resolveram tão inclitos varões, em seu conluio, i-lo-hão mostrando elles para gloria sua.

      Henrique IV, apesar dos reparos, que pôz na concordia com o rei de Aragão, assignou as pazes propostas pelo marquez de Vilhena. Parece, porém, ter-lhe servido de aculeo a sua condescendencia, para manifestar, mais do que nunca a sua intimidade com o conde de Ledesma.

      Foi novo aggravo aos conspiradores; por isso correo logo de bocca em bocca o nome de Beltraneja, posto por elles á innocente infanta, e perfida injuria disparada ao pundonor de sua mãe.

      Os amigos do monarcha, cobertos de pejo, indignaram-se de ver caidos na baixeza, de propalar em tamanha infamia aquelles, que se diziam grandes de Castella!

      Procurou o rei attrahir de novo ao seu partido o marquez de Vilhena, por saber quão perigosa era a sua inimisade, e este aproveitou o ensejo, para lhe propôr a demissão do metropolitano de Sevilha. Não só conveio n'isto o timido monarcha, mas ordenou tambem a prisão do prelado. O marquez avisou do rescripto a sua victima, que passou logo para o bando dos descontentes!

      Seguidamente intentavam os conjurados surprehender o rei em Madrid e apoderar-se d'elle. A vigilancia do conde de Ledesma frustrou a tentativa. Acudiram de outra vez a Segovia, quando o monarcha alli foi; compraram a camareira Maria Padilla, que velava junto do dormitorio, e pareceu-lhes ageitado o lance; mas baldou-se ainda o attrevido designio.

      De Burgos dirigiram ao desditoso rei uma reprezentação, em que lhe diziam, com inqualificavel despejo, have-lo induzido o conde de Ledesma a fazer jurar por herdeira do throno D. Joanna, chamando-a princeza sem o ser; pois que não era sua filha bem o sabiam elle e o conde!

      O rei tremeo ao lêr estas palavras. Afigurou-se-lhe conjurar todos os perigos, concertando o enlace de sua filha com o infante D. Affonso, e accedendo, a que Beltran de la Cueva renunciasse o mestrado de Samtiago, por que tanto suspirava o marquez de Vilhena.

      Consentio, pois, em que fosse jurado herdeiro da corôa seu irmão, uma vez que casasse com a princeza D. Joanna; e o conde de Ledesma, por seu turno, entregou nas mãos do rei a sua demissão de mestre de Samtiago, não por se considerar indigno de exercer esse alto cargo, mas para em tudo servir D. Henrique. Em compensação foi elevado a duque de Albuquerque.

      Tão alta mercê exasperou mais a protervia dos colligados, que logo ergueram em uma planicie, cerca dos muros da cidade de Avila, um cadafalso, sobre o qual collocaram uma cadeira, em que assentaram um manequim, figurando D. Henrique de sceptro na mão e corôa na cabeça. Leram muitas queixas contra o rei, e em seguida o arcebispo de Toledo tirou a corôa do boneco; o marquez de Vilhena, o sceptro; o conde de Plasencia, a espada; o mestre de Alcantara, o conde de Benavente e o de Paredes, os restantes ornatos da realeza; e todos arrojaram, a pontapés, do cadafalso abaixo o vulto desataviado!

      O infante D. Affonso foi posto por elles no mesmo lugar, todos lhe beijaram a mão, e aclamaram rei de Castella e Leão.

      Pobre creança, que não tinha a consciencia de ser n'aquelle acto um mero instrumento da villania dos turbulentos vassallos de seu irmão!

      Em outros paizes menos familiarisados com as rebelliões, esta teria abalado profundamente a opinião publica; e, se não fôra a inepcia e covardia de Henrique IV, que era o desespero dos bravos, a parte sensata do reino teria feito estalar a sua indignação contra os conjurados.

      Esse apparato theatral de Avila produziu um grande escandalo, sem dar um grande golpe, e logo depois mallogrou-o completamente a recepção enthusiastica, feita á princeza D. Joanna em Saragoça.

      Começou o marquez de Vilhena por esta razão a nadar entre duas aguas, mostrando-se desejoso de dar conselhos ao rei; e, como o arcebispo de Toledo lhe lançasse em rosto esse procedimento, fingio-se doente, a ponto de receber o sagrado viatico, nomear aquelle prelado seu testamenteiro, e pedir-lhe, que fosse patrono de seus filhos. Deixou assim de arrogar-se, em seu entender, a responsabilidade de certos actos, e preparou novas alicantinas.

      O irrequieto arcebispo foi pôr cerco a Simancas; mas do alto das muralhas da velha cidade os sitiados escarneceram-n'o, chamando-lhe D. Opas; – o que significava compara-lo com o typo mais repugnante dos homens conhecidos por traidores.

      Outros grandes de Castella, embora pouco satisfeitos com a marcha dos negocios do Estado, acudiram ao serviço do rei, por comprehenderem que se ventilava um processo de honra publica; todavia não pudéram evitar, que Henrique IV caisse na fraqueza de tratar com os sublevados uma suspensão de armas por cinco mezes, dando azo a despedir-se das duas parcialidades gente, que foi infestar as povoações, a ponto de provocar a fundação das Hermandades, para perseguir os malfeitores.

      Os povos passavam de um partido ao outro, com uma volubilidade sómente comparavel á dos magnates. Tudo era confusão no meio da cafila de potentados, cobiçosos de dar leis, e pouco amigos de sujeitar-se a ellas.

      O arcebispo de Sevilha e o marquez de Vilhena offereceram ao rei os seus serviços, se elle consentisse, em que a infanta D. Isabel, sua irmã, casasse com D. Pedro Giron, irmão do marquez. Com a filha de Vilhena, D. Beatriz Pacheco, estava ajustado o casamento do principe D. Fernando, filho do rei de Aragão, que estimava esse enlace, o qual se não realizou por se oppôr tenazmente o almirante de Castella, avô materno do principe.

      A infanta D. Isabel começou a seguir os rebeldes por toda a parte, sem fazer esforço algum de voltar para onde estava seu legitimo rei.

      O legado pontificio fulminou sentença de excommunhão contra os nobres e senhores, que não prestassem desde logo obediencia á auctoridade real, deixando de impedir, seu livre e expedito exercicio; mas o arcebispo de Toledo, principal caudilho dos sediciosos, rio-se com elles do interdicto, dizendo, que appellariam para um concilio. E mandaram logo a Paulo II uma embaixada, participando-lhe, que tinham acclamado o infante D. Affonso rei de Castella e de Leão. O papa respondeo, que em vez de attrairem as bençãos do Céo sobre o infante, chamavam sobre elle os castigos eternos e a morte; e que com o seu exemplo a liga provocava todas as classes á desobediencia.

      D. Affonso falleceo de repente, na tenra edade de quinze annos, e os conjurados offereceram a coroa á infanta D. Isabel, que a não aceitou, por não poder intitular-se rainha, em quanto seu irmão D. Henrique vivesse… Entretanto, porém, desejava ser jurada herdeira do throno, em competencia com D. Joanna, СКАЧАТЬ