Arena Um: Traficantes De Escravos . Морган Райс
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СКАЧАТЬ de ver meu estômago roncando novamente. Eu gostaria de ter pescado mais. Mesmo assim, foi o maior jantar que tivemos em semanas, e eu tento me contentar com o que temos.

      E então me lembro da seiva. Levanto-me em um pulo, tiro a garrafa térmica de onde ela estava escondida e a dou para Bree.

      “Vá em frente,” eu sorrio, “o primeiro gole é seu.”

      “O que é?” ela pergunta, desenroscando a tampa e aproximando a garrafa de seu nariz. “Não tem cheiro de nada.”

      “É seiva de bordo,” eu falo. “É como água com açúcar. Mas melhor.”

      Ela toma um gole, hesitante, e então olha para mim, seus olhos abertos de alegria. “É uma delícia!” ela diz. Ela toma vários goles, e então para e me entrega a garrafa. Eu não resisto e também tomo grandes goles. Sinto o açúcar em meu sangue. Eu me inclino e coloco um pouco na vasilha de Sasha; ela bebe tudo e parece ter gostado também.

      Mas eu ainda estou faminta. Em um raro momento de fraqueza, eu penso no pote de geleia e me pergunto por que não? Depois de tudo, eu acredito que há muito mais na casa no topo da montanha – e se esta noite não é motivo de celebração, quando seria então?

      Eu pego o vidro de geleia, tiro a tampa e, com meu dedo, tiro uma boa quantia. Coloco na minha língua e fico saboreando o máximo possível antes de engolir. Tem um sabor celestial. Eu dou o resto do pote, ainda na metade, para Bree.  “Vá em frente,” eu falo, “acabe com ele. Há mais na nossa nova casa.”

      Bree arregala os olhos quando pega o vidro.  “Você tem certeza?” ela pergunta. “Não deveríamos guardar?”

      Eu balanço minha cabeça. “Está na hora de aproveitarmos.”

      Não preciso de muito para convencer Bree. Em momentos, ela come tudo, deixando um pouco para Sasha.

      Ficamos ali, deitadas, apoiadas no sofá, nossos pés em direção ao fogo quando, finalmente, sinto que meu corpo começar a relaxar. Com o peixe, a seiva e a geleia, sinto, finalmente, minhas forças voltarem. Eu olho para Bree, que já está quase dormindo, Sasha com a cabeça em seu colo e, apesar de ainda parecer doente, pela primeira vez em muito tempo, percebo esperança em seus olhos.

      “Eu amo você, Brooke,” ela diz baixinho.

      “Eu também amo você,” eu respondo.

      Mas, quando olho para ela, percebo que já está adormecida.

*

      Bree está deitada no sofá, em frente ao fogo, enquanto eu sento na cadeira ao seu lado; é um hábito que desenvolvemos com o passar dos meses. Toda noite, antes de dormir, ela se aconchega no sofá, com medo demais para dormir sozinha em seu próprio quarto. Eu lhe faço companhia, esperando que ela adormeça, depois, eu a carrego para sua cama. Na maior parte das noites, nós não temos fogueira, mas sentamos aqui do mesmo jeito.

      Bree sempre tem pesadelos. Ela não os tinha antes: lembro-me de antes da guerra, quando ela dormia facilmente. Tão facilmente que eu costumava brincar com ela, chamando-a de Bree “dorminhoca”, já que ela dormia no carro, no sofá, lendo um livro na cadeira – em qualquer lugar. Mas agora, tudo mudou; hoje, ela fica acordada por horas e, quando dorme, tem o sono agitado. Na maioria das noites eu a ouço gemendo e gritando através das paredes finas. Mas quem a culparia? Com todos os horrores que já vimos, é incrível que ela ainda não tenha enlouquecido. Há várias noites que eu mal consigo dormir.

      Uma coisa que a ajuda a dormir é quando eu leio para ela. Por sorte, quando fugimos, Bree teve a ideia de levar seu livro favorito. A Árvore Generosa. Toda noite, eu o leio para ela. Eu já sei o livro de cor e, quando estou cansada, às vezes, eu fecho meus olhos e o recito de memória. Por sorte, é curtinho.

      Encosto-me à cadeira, me sentindo sonolenta, eu viro a capa gasta e começo a ler. Sasha está deitada no sofá, ao lado de Bree, as orelhas atentas, de vez em quando, me pergunto se ela também está me escutando.

      “Era uma vez uma árvore que amava um menino. E todos os dias, o menino vinha e juntava suas folhas. E com elas, fazia coroas de rei.”

      Eu dou uma olhada no sofá e vejo que Bree já está adormecida. Fico aliviada. Talvez tenha sido o fogo, ou a janta. Dormir é o que ela mais precisa agora para se recuperar. Eu tiro meu cachecol que estava bem enrolado em meu pescoço e o coloco, gentilmente, sobre seu peito. Finalmente, seu pequeno corpo para de tremer.

      Eu coloco uma última lenha no fogo, sento de volta na cadeira e giro, encarando as chamas. Eu a vejo ser consumida e gostaria de ter trazido mais lenha para baixo. Mas é melhor assim. Será mais seguro dessa maneira.

      Um tronco estala enquanto eu me acomodo, me sentindo mais relaxada do que não sinto em anos. Às vezes, depois que Bree adormece, eu pego o meu livro e o leio para mim. Eu o vejo ali, no chão: O Senhor das Moscas. É o único livro que me sobrou e está tão surrado pelo uso que parece ter uns cem anos. É uma sensação esquisita, ter apenas um livro restante no mundo. Faz-me perceber como eu subestimei tudo, me faz sentir saudades das bibliotecas.

      Hoje, me sinto muito agitada para ler. Minha mente está acelerada, cheia de pensamentos para amanhã, sobre nossa nova vida, no alto da montanha. Eu continuo pensando em todas as coisas que vou precisar transportar daqui para lá e como eu farei isso. Há nossas coisas básicas: utensílios, fósforos, o que sobraram das velas, lençóis e colchões. Fora isso, nenhuma de nós tem muitas roupas e, tirando nossos livros, não temos pertences. Esta casa estava bem vazia quando chegamos, por isso não há nenhum enfeite. Eu gostaria de poder levar este sofá e esta cadeira, mas sei que precisarei da ajuda de Bree para isso e terei que esperar até que ela esteja se sentindo melhor. Teremos que fazer tudo por etapas, levando o essencial primeiro e deixando a mobília por último. Mas isto é o de menos: desde que estejamos lá em cima, seguras e a salvo. É isso que realmente importa.

      Eu começo a pensar em todas as coisas que posso fazer para aquela casinha se tornar ainda mais segura. Certamente irei encontrar uma maneira de criar persianas para aquelas janelas escancaradas, para que eu possa fechá-las quando necessário. Olho a minha volta, buscando por algo em nossa casa que possa ser utilizado. Precisaria de dobradiças para que as persianas funcionassem, então olho para as dobradiças da porta da sala de estar. Talvez eu consiga removê-las. E já que terei que fazê-lo, talvez eu possa utilizar esta porta e serrá-la em pedaços.

      Quanto mais eu olho a minha volta, mais eu percebo quantas coisas posso resgatar aqui. Eu lembro que papai deixou uma caixa de ferramentas na garagem, com um serrote, martelo, chave de fenda até uma caixa de pregos. É um de nossos bens mais preciosos então farei uma nota mental para não esquecer de levá-la.

      Depois, é claro, da motocicleta. Isso que não sai da minha cabeça: quando transportá-la e como. Eu não consigo suportar a ideia de deixá-la para trás, nem por um minuto. Então, em nossa primeira viagem para cima, eu a levarei. Não posso ligá-la e, assim, chamar atenção – além disso, a montanha é muito íngreme para que eu consiga pilotá-la para lá. Eu terei que andar com ela, montanha acima. Já consigo imaginar como isso será cansativo, especialmente com a neve. Mas não vejo outro jeito. Se Bree não estivesse doente, ela me poderia me ajudar, mas no atual estado em que ela se encontra, não poderá levar nada – suspeito até que eu terei que carregá-la. Percebo que não temos alternativa a não ser esperar amanhã à noite, para que a escuridão nos acoberte antes de nos mudarmos. Talvez eu esteja sendo paranoica – as chances de alguém nos ver são remotas, mas, ainda assim, é melhor ter cuidado. Especialmente porque eu sei que há outros sobreviventes por aqui. Tenho certeza.

      Lembro-me do primeiro dia em que chegamos. Estávamos СКАЧАТЬ