Arena Um: Traficantes De Escravos . Морган Райс
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Читать онлайн книгу Arena Um: Traficantes De Escravos - Морган Райс страница 4

СКАЧАТЬ como se fosse uma irmã. Essa aqui é tão alta, fina e magricela que me deixaria surpresa se tivesse seiva. Mas eu não tenho nada a perder. Tiro minha faca e atinjo a árvore, de novo e de novo, no mesmo local. Então, enfio a faca no buraco, empurrando-a cada vez mais fundo, torcendo-a e girando-a. Eu realmente não espero que nada aconteça.

      Fico surpresa quando uma gota de seiva sai. E ainda mais surpresa quando, momentos depois, a gota vira um pequeno fluxo. Estendo meu dedo, encosto no líquido e levo a minha boca. Sinto o açúcar e reconheço o gosto imediatamente. Exatamente como eu me lembrava. Nem consigo acreditar.

      A seiva está saindo mais rápido agora e estou perdendo grande parte dela, que escorre pelo tronco. Procuro em volta desesperadamente por algo para armazená-la, algum tipo de balde – mas é claro que não há nenhum. E então me lembro de minha garrafa térmica. Tirei minha garrafa da minha cintura e a esvaziei, derramando toda a água. Posso conseguir água em qualquer lugar, especialmente com essa neve toda – mas esta seiva é preciosa. Seguro a garrafa vazia rente à árvore, desejando que eu pudesse ter um bocal de verdade. Deixo-a o mais perto possível do tronco e consigo colher uma boa parte da seiva. Ela escorre mais devagar do que eu gostaria, mas em poucos minutos, consigo encher metade da garrafa.

      O fluxo da seiva parou. Espero por alguns segundos, me perguntando se ele recomeçaria, mas isso não acontece.

      Olho a minha volta e reparo em outro bordo, a uns três metros de distância. Eu vou correndo até ele, levanto ansiosamente minha faca e o atinjo com força, dessa vez, me imagino enchendo a garrafa térmica com seiva, imagino a cara de surpresa de Bree quando ela provar. Pode não ser nutritivo, mas isso com certeza a deixará feliz.

      Mas, desta vez, quando minha faca fere o tronco, há um ruído agudo pelo qual eu não esperava, seguido por um estalo da madeira. Eu olho para cima, vejo a árvore se envergando e percebo, tarde demais, que esta árvore, congelada e envolvida em neve, já está morta. O golpe de minha faca era tudo que ela precisava para inclinar em direção à borda do lago.

      Um segundo depois, a árvore inteira, de pelo menos seis metros, cai, espatifando-se no chão. Isto provocou uma enorme nuvem de neve e agulhas de pinheiros. Abaixei-me, aflita que talvez tivesse alertado alguém sobre minha presença. Estou furiosa comigo mesma. Foi um descuido. Uma besteira. Eu deveria ter examinado a árvore antes.

      Contudo, depois de alguns minutos, meu pulso volta ao normal, quando me dou conta de que não há ninguém aqui em cima. Volto a ser sensata, lembro-me que árvores caem sozinhas na floresta o tempo todo e essa queda não necessariamente denunciaria minha presença humana. E, quando passo o olhar sobre onde estava a árvore, algo atrai minha atenção. E me encontro observando, incrédula.

      Ali, ao longe, escondendo-se por trás de um bosque de árvores, ao lado da montanha, há uma pequena casa de pedra. É uma estrutura pequena, um perfeito quadrado, com 4,5m de largura e profundidade e 3,5m de altura, com paredes feitas de antigos blocos de pedras. Uma pequena chaminé se levanta do telhado e há pequenas janelas nas paredes. A porta principal, de madeira e em forma de arco, está entreaberta.

      Esta pequena casa está muito bem camuflada, se mistura perfeitamente com os arredores, tanto que eu, mesmo olhando para ela, mal consigo distingui-la. Seu telhado e paredes estão cobertos de neve e as pedras expostas se integram precisamente com a paisagem. A casa parece antiga, como se tivesse sido construída centenas de anos atrás. Não entendo o que ela está fazendo aqui, nem quem a teria construído ou por qual motivo. Talvez tenha sido feita para algum vigia de um parque estadual. Talvez tenha sido lar de algum eremita. Ou de um sobrevivente louco.

      Parece que não tem sido habitada há anos. Analiso cuidadosamente o chão da floresta, à procura de pegadas ou rastros de animais, saindo ou entrando pela porta. Mas não há nada. Penso em quando a neve começou a cair, vários dias atrás e faço as contas em minha mente. Ninguém saiu ou entrou nessa casa há pelo menos três dias.

      Meu coração acelera com a ideia do que pode haver dentro. Comida, roupas, medicamentos, armas, materiais – qualquer coisa seria um presente divino.

      Movimento-me com cautela através da clareira, olhando por cima de meu ombro para ter certeza de que não há ninguém me observando. Movo-me rapidamente, deixando grandes pegadas visíveis na neve. Quando alcanço a porta da frente, olho para trás uma vez mais e fico parada por vários segundos, apenas ouvindo. Não há nenhum som a não ser o do vento e o de um rio próximo, que corre ao lado da casa. Alcanço minha machadinha e, com sua parte de trás, bato com força na porta. Um barulho alto ressoa, para dar a qualquer animal que possa estar escondido na casa, um aviso final.

      Não há resposta.

      Abro rapidamente a porta, empurrando a neve para trás e então entro na casa.

      O interior é escuro, iluminado apenas pela última luz do dia, entrando através das pequenas janelas, preciso de um momento para que meus olhos se ajustem à penumbra. Eu aguardo, de pé, com as costas contra a porta, alerta caso algum animal esteja utilizando esse espaço como abrigo. Mas, após vários segundos, minha visão se ajusta à fraca luz e está claro que estou sozinha.

      A primeira coisa que noto nessa pequena casa é o seu calor. Talvez por ser tão diminuta, com um teto baixo e construída com as pedras da montanha ou talvez por estar protegida do vento. Mesmo com as janelas completamente abertas à natureza e com a porta entreaberta, deve estar uns quinze graus mais quente aqui – muito mais quente do que a casa de meu pai, mesmo com a lareira acesa. Sua casa fora construída com poucos gastos, as paredes são finas e o revestimento é vinílico e fica no canto de uma colina onde parece estar na rota de todas as ventanias.

      Mas este lugar é diferente. As paredes de pedras são grossas e bem construídas. Sinto-me cômoda e segura aqui. Só consigo pensar em como este lugar ficaria ainda mais quente se eu fechasse a porta, pregasse tábuas nas janelas e acendesse a lareira – que parece estar em boas condições.

      O interior é formado por uma grande sala, aperto meus olhos na escuridão para analisar o chão, procurando por qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, que eu possa resgatar. Incrivelmente, parece que, desde a guerra, ninguém mais entrou nesse lugar. Todas as outras casas em que  entrei tinham as janelas quebradas, escombros espalhados por todos os cantos e certamente haviam saqueado qualquer objeto útil, até as fiações. Mas esta não. Está impecável, limpa e arrumada, como se seu proprietário tivesse acordado um dia e simplesmente ido embora. Pergunto-me se foi antes de a guerra começar. Ao julgar pelas teias de aranha no teto, e sua ótima localização, tão bem escondida entre as árvores, eu acredito que sim. Ninguém entra aqui há décadas.

      Vejo o contorno de um objeto na parede do fundo e me dirijo a ele, mãos à frente, tateando no escuro. Quando encosto, percebo que é uma cômoda. Passo meus dedos pela sua superfície lisa de madeira, posso sentir o pó que a cobre. Deslizo meus dedos sobre pequenas maçanetas – as alças das gavetas. Eu as puxo delicadamente, abrindo uma de cada vez. Está muito escuro para enxergar, então toco cada gaveta com minhas mãos, explorando a superfície. Não há nada na primeira gaveta. Nem na segunda. Por fim, abro todas rapidamente, minhas esperanças desaparecendo – quando, de repente, na quinta gaveta, eu paro. Ali, no fundo, sinto alguma coisa. Devagar, eu a tiro aos poucos.

      Seguro o objeto contra a luz e, a princípio, não sei dizer o que é; mas logo sinto a folha de alumínio delatora e percebo: é uma barra de chocolate. Há algumas mordidas nele, mas ainda encontra-se em sua embalagem original e bem preservado. Eu desembrulho um pouco e o aproximo de minhas narinas para sentir seu cheiro. Não consigo acreditar: é chocolate de verdade. Não comemos chocolate desde a guerra.

      O cheiro me causa uma pontada de fome, preciso de toda minha força de vontade para não abri-lo e devorá-lo. Eu me obrigo a permanecer forte, cuidadosamente o reembrulho e o guardo no meu СКАЧАТЬ