Название: Arena Um: Traficantes De Escravos
Автор: Морган Райс
Издательство: Lukeman Literary Management Ltd
Жанр: Героическая фантастика
Серия: Trilogia Da Sobrevivência
isbn: 9781632911032
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Há uma repentina batida na porta e meu pai entra, todo uniformizado, segurando uma maleta. Há um vazio em seu olhar, como se ele tivesse ido ao inferno e voltado.
“Papai!” eu tento berrar. Mas as palavras não saem. Eu olho para baixo e percebo que estou grudada ao chão, escondida atrás de uma parede e que ele não pode me ver. Por mais que eu lute para me libertar, para correr até ele, para gritar seu nome, não consigo. Sou forçada a assistir, impotente, meu pai entrar no apartamento vazio e olhar tudo em volta.
“Brooke?” ele grita. “Você está aqui? Tem alguém em casa?”
Tento responder de novo, mas minha voz não funciona. Ele procura de cômodo em cômodo. “Eu disse que eu voltaria,” ele fala. “Por que ninguém esperou por mim?”
Então, ele começa a chorar.
Meu coração se parte e eu tento, com todas as minhas forças, chamá-lo. Mas não importa o quanto eu me esforce, nenhum som sai.
Ele finalmente se vira e vai embora, fechando gentilmente a porta atrás dele. O som da maçaneta reverbera neste vazio.
“PAPAI!” eu grito, finalmente encontrando minha voz.
Mas é tarde demais. Eu sei que ele se foi para sempre e, de alguma forma, é tudo culpa minha.
Eu pisco e a próxima coisa que sei é que estou de volta às montanhas, na casa de papai, sentada em sua poltrona favorita, ao lado da lareira. Papai está inclinado para frente, de cabeça baixa, brincando com sua faca da Infantaria da Marinha. Fico horrorizada quando noto que metade de seu rosto está derretida até o osso; eu posso até ver metade de seu crânio.
Ele olha para mim e eu sinto medo.
“Você não pode esconder Bree aqui para sempre,” ele diz, em tom comedido. “Você acha que está segura aqui, mas eles virão atrás de você. Leve Bree e se escondam.”
Ele se levanta, vem até mim, me segura pelos ombros e me sacode, seus olhos queimando com tamanha intensidade. “VOCÊ ME OUVIU, SOLDADO?” ele berra.
Papai desaparece e, ao mesmo tempo, todas as portas e janelas abrem de uma vez só, em uma cacofonia de vidros quebrados.
Em nossa casa, uma dúzia de comerciantes de escravos invade, armas em punho. Eles estão vestidos com seus conhecidos uniformes inteiramente pretos, da cabeça aos pés, com máscaras negras e correm para todos os cantos da casa. Um deles agarra Bree no sofá e a leva embora, berrando, enquanto outro vem em minha direção, crava seus dedos em meu braço e mira sua pistola diretamente em meu rosto.
E ele atira.
Acordo gritando, desorientada.
Sinto dedos cravados em meu braço e estou confusa sobre o que é sonho e o que é realidade, estou pronto para atacar. Eu olho para meu lado e me dou conta que é Bree, ali parada, sacudindo meu braço.
Eu ainda estou sentada na cadeira de meu pai e agora a sala está inundada com luz do sol. E Bree está chorando, histérica.
Eu pisco repetidas vezes enquanto me sento, tentando me orientar. Foi tudo um sonho? Parecia tão real.
“Tive um pesadelo terrível!” Bree chora, sem soltar meu braço.
Olho ao meu redor e vejo que o fogo se extinguiu há um bom tempo. Vejo a luz do sol e percebo que a manhã já deve estar no fim. Não acredito que dormi na cadeira – eu nunca fiz isso antes.
Eu mexo minha cabeça, tentando me livrar das teias de aranhas. O sonho me pareceu tão concreto que ainda é difícil acreditar que ele não aconteceu. Eu já havia sonhado com papai antes, muitas vezes, mas nada assim, tão próximo da realidade. Acho difícil aceitar que ele não está mais na sala comigo, neste momento, eu ainda dou uma olhada a minha volta só para ter certeza.
Bree segura meu braço, inconsolável. Eu nunca a vi desse jeito.
Ajoelho-me ao seu lado e lhe dou um abraço. Ela se agarra a mim.
“Eu sonhei que esses homens vieram e me levaram embora! E que você não estava aqui para me salvar” Bree chora, por cima de meu ombro. “Não vá!” ela suplica, histérica. “Por favor, não vá. Não me deixe!”
“Eu não vou a lugar nenhum,” eu digo, apertando-a bem forte. “Shhh… Está tudo bem… Não há nada para se preocupar. Está tudo bem.”
Mas, no fundo, eu não consigo deixar de sentir que não está nada bem. Ao contrário. Meu sonho me abalou profundamente e o fato de Bree ter tido um sonho tão perturbador assim – e ainda mais sobre o mesmo assunto – não me traz tranquilidade. Não acredito muito em presságios, mas não consigo de pensar que é tudo um sinal. Não ouvi nenhum barulho nem nenhuma agitação e, se houvesse alguém a um quilômetro daqui, eu certamente saberia.
Eu levanto o queixo de Bree, secando suas lágrimas. “Respire fundo,” eu falo.
Bree me ouve, lentamente recuperando o fôlego. Eu me obrigo a sorrir. “Veja,” eu digo. “eu estou bem aqui. Não há nada de errado. Foi apenas um pesadelo. Viu?”
Devagar, Bree concorda.
“Você só estava cansada demais,” eu continuo. “E você teve febre. Por isso teve pesadelos. Vai ficar tudo bem.”
Enquanto estou ajoelhada, abraçando Bree, me dou conta que preciso ir, escalar a montanha, explorar nossa nova casa e encontrar comida. Sinto um nó em meu estômago quando penso em falar isso para Bree e em como ela reagirá. Obviamente, o momento não poderia ser pior. Como contarei a ela que preciso deixá-la sozinha agora? Mesmo que por apenas uma ou duas horas? Uma parte de mim quer permanecer aqui, tomar conta dela o dia todo; e, ao mesmo tempo, sei que preciso ir e, quanto mais cedo eu terminar as tarefas, mais seguras estaremos. Eu não posso ficar aqui sentada, sem fazer nada, esperando o anoitecer. Nem posso arriscar mudar o plano e nos mudarmos durante o dia apenas por causa desses sonhos tolos.
Eu solto Bree de meus braços, afastando seu cabelo de seu rosto, sorrio o mais gentilmente possível. E reúno a voz mais forte e mais adulta que posso.
“Bree, eu preciso que você ouça,” eu comecei. “Eu preciso sair agora, só por um tempinho—”
“NÃO!” ela protesta. “EU SABIA! É igualzinho ao meu sonho! Você vai me deixar! E nunca mais vai voltar!”
Eu seguro seus ombros com paciência, tentando consolá-la.
“Não é nada disso,” eu digo firmemente. “Eu só preciso sair por uma ou duas horas. Preciso me certificar que nossa nova casa está segura para a gente se mudar hoje à noite. E eu tenho que procurar alimento. Por favor, Bree, entenda. Eu a levaria comigo, mas você está muito doente agora e precisa repousar. Estarei de volta em algumas horas. Eu prometo. E então, à noite, nós vamos lá juntas. E sabe qual a melhor parte disso?”
Ela olha para mim, lentamente, ainda chorando e, eventualmente, sacode a cabeça.
“A partir de hoje à noite, nós estaremos lá em cima, juntas, seguras e a salvos, e teremos fogueira todas as noites e toda a comida que você quiser. E eu posso caçar e pescar e fazer tudo o que precisamos lá, na frente СКАЧАТЬ