Название: O fantasma De Monte Carlo
Автор: Barbara Cartland
Издательство: Bookwire
Жанр: Языкознание
Серия: A Eterna Colecao de Barbara Cartland
isbn: 9781788674010
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Havia algo infantil na explicação dela, e imediatamente as suspeitas de Sir Robert desapareceram. Não era uma armadilha. Aquela mulher... aquela mulher... era jovem demais. E sincera. Ele tinha certeza disso.
—Não vai precisar esperar muito. Está quase na hora de o sol aparecer.
Apontou um pouco para a esquerda, onde o caminho se alargava na beira de um desfiladeiro protegido por uma grade de ferro.
—Oh, obrigada.
A moça caminhou diante dele e, ao sair da sombra da árvore, viu que era mesmo muito jovem.
Usava uma capa longa e cinza, de um tecido macio. O capuz estava puxado sobre os cabelos, de modo que ele só podia ver o contorno do rosto. Traços delicados, olhos de cílios escuros e uma boca bonita.
—Foi aqui que santa Devote apareceu.
—O que disse?
Ela levantou os olhos para ele.
—Estava falando comigo mesma. Não precisa se incomodar, senhor.
—Acho que vou ficar com você alguns minutos, caso o bêbado apareça outra vez.
Ela olhou sobre o ombro dele, um pouco apreensiva. De onde estava, via até o fim da alameda vazia.
—Ele já foi embora.
—Então, podemos assistir em paz ao nascer do sol! Gostaria que repetisse o que acabou de dizer.
—Eu disse: foi aqui que santa Devote apareceu.
—Achei que tinha dito isso, mas pensei que estava enganado. Não há muitas santas em Monte Carlo.
Ela deu uma risada suave e musical.
—Agora não, talvez. Mas santa Devote apareceu no ano 300 d.C.
—Verdade? E se tornou a santa protetora do rochedo?
—Sim. Mas pensei que não soubesse.
—Não sabia. Só tentei adivinhar. Fale-me mais sobre ela...
—Santa Devote morava na Córsega e foi assassinada depois de se tornar cristã. O padre que a converteu planejava levar seu corpo para a África, mas o barco foi trazido pelo vento para esta costa. O padre teve um sonho em que viu um pombo voando sobre o peito da garota morta e depois pousando numa ravina estreita. Quando acordou, ancorou o barco e desceu na praia de Mônaco, diante dele, estavam a ravina estreita e o pombo.
A voz da garota era baixa e suave, enquanto contava aquela lenda.
—Quem lhe disse tudo isso?
—Uma freira lá do internato. Era de Mônaco e sempre falava sobre a beleza de sua terra, os laranjais, o monte Angel, os vilarejos nas montanhas e santa Devote, que a tinha inspirado a ser freira.
—Então, por causa dessa freira, você queria ver o sol nascer sobre Monte Carlo?
—Não sobre Monte Carlo, sobre a baía de Hércules e sobre Mônaco. Olhe, lá está um lugar onde, garanto, há uma capela à santa Devote.
Apontou, mas Sir Robert não olhou na direção que indicava, e, sim, para sua mão. Era longa e muito delicada.
—Olhe!
Ela parecia estar em êxtase.
Os primeiros raios de sol surgiam no horizonte, transformando tudo.
A paisagem, que tinha sido cinzenta e sem cor, agora se transformava em um cenário brilhante. O mar estava completamente azul e no céu não havia uma nuvem. As montanhas, com picos cobertos de neve, brilhavam ao longe, e todas as flores pareciam adquirir vida.
—Lindo! Lindo!
A moça também estava linda. Sir Robert nunca tinha visto um rosto tão estranho e encantador. E como era jovem! Não jovem como o dia que acabava de surgir diante de seus olhos, jovem como os botões das flores de laranjeira.
—Acho que seu nome deve ser Aurora.
Ela fez um esforço para desviar os olhos da paisagem e o encarou.
—Aurora? Oh, não, é Mistral!
—Mistral? Que nome estranho, para uma garota! É o nome de um vento muito desagradável, nesta região.
—Sim, eu sei.
Havia algo no tom de voz dela que o advertiu para não continuar a fazer comentários.
—E qual o seu sobrenome?
Ela ia dizer, quando, de repente, lembrou que não devia.
—Eu... mão posso dizer. Como sabe, eu não devia estar aqui. Minha tia ficaria muito zangada comigo, se soubesse. Não devia ter saído sem a permissão dela. Mas já estava acordada há tanto tempo, e a irmã Héloise tinha falado tanto do amanhecer.
— Acho que fez bem em vir ver por si mesma. Descobri em minha vida que é sempre bom fazer o que se tem vontade e pedir permissão depois.
Mistral sorriu.
—As freiras diriam que isso é uma trapaça.
—E você sempre faz o que as freiras dizem?
—Sim, até agora. Nunca tive a oportunidade de fazer o contrário. Só saí do internato há pouco mais de uma semana.
—E passou muito tempo lá?
—Desde os seis anos.
—Seis! Mas, e a sua casa? Mora na França?
—Por favor, não me faça perguntas.
—Desculpe. Deve pensar que sou muito mal-educado, mas é que você é tão diferente de todas as moças que conheço... e há algo intrigante no modo como nos conhecemos. Permite que me apresente, senhorita?
—Sim, já que não há mais ninguém para nos apresentar.
—Meu nome é Stunford. Sir Robert Stunford.
Observou o rosto dela e percebeu que nunca tinha ouvido falar dele. De repente, teve uma vontade louca de dizer: sou muito rico, um inglês muito importante.
Naturalmente, seria ridículo, mas queria impressioná-la. Por quê? Nem ele saberia explicar.
—Muito prazer, Sir Robert— Mistral fez uma reverência e virou- se novamente para olhar o mar—, veja que cores lindas! Nunca acreditei que pudesse ser tão azul. Pensei que fosse exagero das pessoas. Azul... azul como a veste da Madona na capela de Nossa Senhora.
Tinha se esquecido completamente dele, e Sir Robert ficou ofendido. Em algum lugar da cidade, СКАЧАТЬ