Название: O fantasma De Monte Carlo
Автор: Barbara Cartland
Издательство: Bookwire
Жанр: Языкознание
Серия: A Eterna Colecao de Barbara Cartland
isbn: 9781788674010
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Emilie suspirou.
Ouviu um ruído do lado de fora da porta e deixou de lado as recordações.
—Madame Guibout, senhora.
Jeanne acompanhou a costureira. Era uma mulher baixa e cheia de vida; muito alegre, mas de rosto pálido e opaco, devido às longas horas passadas no ateliê; tinha os olhos avermelhados, de tanto observar os detalhes dos vestidos que criava com tanta arte.
—Bom-dia, senhora.
Trocaram rapidamente os cumprimentos, como uma mulher de negócios falando com a outra.
—Vestidos de viagem, roupas para o dia e para a noite, vestidos de baile, mantos, capas, tudo! A senhorita vai precisar de tudo.
—E para a senhora?
—Um enxoval inteiro.
—Para quando?
—Quero o impossível: dentro de três dias... uma semana, no máximo!
—Vai ficar caro.
—Sei disso. Mas vou tomar cuidado para que não me explore.
—Preciso de mais assistentes. Elas não são baratas.
—Entendo.
—Vou precisar também experimentar as roupas várias vezes, na senhora e na senhorita.
—Estaremos à sua disposição.
—Então, terá as roupas prontas no prazo, senhora.
—Obrigada.
Madame Guibout atravessou o quarto e abriu a porta. Ali havia duas assistentes de pé, com os braços cheios de cortes de fazenda: cetim, veludo, caxemira, musseline, alpaca, popeline e outros, junto com rolos e rolos de desenhos de modelos.
Madame Guibout mandou que entrassem, depois pegou um corte de veludo azul e desenrolou sobre a cama.
—Veio de Lyon.
Aquela cor combinava com Mistral. Certa vez, Alice tinha usado o mesmo azul, numa primavera.
A porta se abriu, e Mistral entrou correndo.
—Já estou vestida como me disse, tia Emilie. Oh, que cores lindas!
Estendeu a mão para tocar o veludo azul. A costureira mostrou um rolo de gaze cinza-clara. Era suave como a neblina da manhã, antes de o sol nascer, suave como a cor dos pombos e das cinzas de um fogo que já apagou.
—Para a senhora.
Emilie olhou a gaze, depois olhou para Mistral.
—Não. Para a senhorita.
—Para mim?— Mistral perguntou, surpresa.
—Sim, para você. Para tudo que usar. Para todas as capas e vestidos. Tudo será apenas nesta cor: cinza-névoa.
—Mas, tia Emilie, vou ficar parecendo um fantasma!
—Isso mesmo! Vai parecer um fantasma. Um fantasma em Monte Carlo.
CAPÍTULO II
Sir Robert Stunford fechou a porta da mansão e ficou, durante um momento, olhando para o mar.
A noite tinha sido linda, mas agora o amanhecer se aproximava e a brisa do mar soprava suavemente. Sentindo o orvalho no rosto, Sir Robert respirou profundamente, revigorado. Depois de satisfazer todos os seus desejos físicos e cansar o corpo até a exaustão, sentia que precisava de alimento espiritual.
Atrás dele, a Vila das Rosas parecia estranha e quieta, mergulhada em silêncio. O ar estava perfumado, com cheiro de mimosa e flor de laranjeira.
Levantou a cabeça e olhou para o céu. Depois, observou novamente o jardim adiante e caminhou entre as plantas que tinham um estilo quase oriental.
Era estranho, mas, enquanto olhava aquilo, não era no esplendor do Mediterrâneo que pensava, mas em sua casa em Northamptonshire. Naquele momento, lembrava claramente a casa cinza, de pedras, cheia de terraços e chaminés, uma perfeição arquitetónica que se refletia no lago próximo, pelo qual todos deveriam passar, antes de chegar ao portão.
Era uma casa magnífica. Uma casa da qual qualquer homem poderia se orgulhar. Mas, por que a brisa do Mediterrâneo o fazia lembrar de Cheveron? Ele não sabia.
Entretanto, era como se a casa estivesse lá atrás, em silêncio, acusando-o e pedindo uma explicação. Como todos os homens fazem nos momentos de fraqueza, Sir Robert começou a se desculpar. Por que devia ficar amarrado a uma casa, a um nome, a uma herança, mesmo que fosse nobre? Por que não podia viver a própria vida? Por quê? Já tinha idade suficiente para saber o que queria!
Lembrou-se da carta que estava esperando por ele, em sua suite, no hotel.
Tinha chegado ao anoitecer, e ele havia reconhecido a letra imediatamente. Por isso, não a abriu.
Era mais uma carta de sua mãe. Provavelmente, mais uma ameaça inútil.
Lembrou-se da última conversa que tiveram, de cada palavra, de cada gesto dela, cada movimento... o ruído do fogo na lareira, a solenidade da neve que caía em silêncio lá fora, marcando de branco a paisagem de Cheveron, tornando-a incrivelmente linda.
—Então, vai para Monte Carlo?— Lady Stunford tinha perguntado, e, pelo tom de voz, ele já sabia que ela não aprovava.
—Sim, para Monte Carlo. Deve estar lindo lá, nesta época do ano. Não sei por que não quer ir para o sul, mamãe; faz muito bem para a saúde.
—Acredito. Mas tenho muitas responsabilidades aqui, Robert.
Não havia como ignorar a indireta dela, e o filho sorriu, sem alegria.
—Então, espero que se encarregue das minhas responsabilidades também.
—Se eu pudesse, faria isso. Infelizmente, sou apenas uma mulher. Você é o dono da fazenda. Você herdou uma posição importante que seu pai lhe deixou. É o chefe da família, e os Stunford sempre foram fiéis às tradições.
Sir Robert tinha caminhado até a janela e olhado os gramados cobertos de neve. Pareceu que se passaram séculos, até a mãe perguntar:
—Aquela... aquela mulher... vai com você?
Virou-se e encarou-a.
—Acredito que Lady Violet Featherstone... se é dela que está falando... estará na mansão que tem em Monte Carlo.
—Oh, СКАЧАТЬ