O fantasma De Monte Carlo. Barbara Cartland
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Название: O fantasma De Monte Carlo

Автор: Barbara Cartland

Издательство: Bookwire

Жанр: Языкознание

Серия: A Eterna Colecao de Barbara Cartland

isbn: 9781788674010

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СКАЧАТЬ não havia nada de anormal naquilo. Jeanne estava acostumada com os dias piores e melhores de Emilie. Não havia nenhum segredo entre as duas, e eram quase da mesma idade. Jeanne tinha nascido em 7 de janeiro de 1814 e Emilie, no ano seguinte, no mesmo dia.

      Portanto, Emilie estava com cinquenta e nove anos, uma idade em que o tempo pesa demais.

      Mas sua expressão, naquela manhã, apesar de envelhecida, estava cheia de animação. Jeanne nunca a tinha visto tão impaciente, com uma espécie de energia interior que fazia seus olhos brilharem.

      Só quando esquecia completamente de si mesma, Emilie voltava a falar com o sotaque de sua terra natal. Geralmente, seu francês era puramente parisiense, cuidado, formal e falado numa voz fria e impassível. Naquela manhã, sua voz parecia o eco da Jeanne; qualquer um que ouvisse saberia que as duas tinham vindo das praias da Bretanha.

      Emilie respirou fundo e disse:

      —Planejei lhe contar tudo isso daqui a alguns dias, Jeanne. Eu esperava que minha sobrinha só chegasse no fim do mês. Fiquei muito espantada quando ela surgiu ontem à noite. Ela me contou que a Madre Superiora do convento morreu e as freiras decidiram mandar as alunas para casa, três semanas antes das férias. Ela me escreveu, mas, como já disse, a carta não chegou.

      Parou por um momento, tamborilando os dedos, enquanto olhava para Jeanne. Depois continuou, em voz baixa:

      —Hoje, começamos uma nova vida. Você e eu. O passado terminou.

      —Uma vida nova, senhora? O que quer dizer com isso?

      —O que eu disse. Não é nenhum discurso misterioso, mas um fato. Anteontem, vendi o negócio.

      —Senhora!

      Jeanne agora estava atônita.

      —Sim. Vendi e vendi muito bem. De hoje em diante, o número 5 da Rua do Rei não existe mais para nós. Na verdade, nunca existiu. Madame Bleuet está morta.

      —Por isso, mudou os cabelos, madame?

      —Exatamente! Meus cabelos estão tão grisalhos como Deus quis! Não há motivo para que eu pareça jovem nem atraente. Agora, tenho outros planos, planos diferentes. Vou ser uma Condessa: a senhora Condessa. Soa bem, não? É o que quero ser, de hoje em diante. Não esqueça.

      —Meu Deus! Mas, como pode? Isto é...

      —Jeanne, escute e não interrompa. Temos pouco tempo. Logo a senhorita vai acordar e já devemos estar com tudo esclarecido. Eu sou a senhora Condessa. Casei e fiquei viúva. Deve lembrar isso, Jeanne, pois a senhorita não conheceu o Sr. Bleuet. Nunca falei dele e, nas visitas que fiz a ela no internato, sempre me apresentei como Srta. Riquad. Era assim que me comunicava com as freiras. Naquela época, me pareceu mais seguro, e hoje agradeço a minha cautela.

      Emilie continuou:

      —Agora, quanto à sua parte, há alguns dias passei pela rua de Madeleine e vi uma frasqueira para vender. É uma loja de artigos usados. Havia muitas malas lá, Jeanne, algumas em couro e com brasões da nobreza. Esta manhã, você vai lá e compra para mim. Vai ajudar a apoiar a minha história.

      —Malas, senhora? Então, pretende viajar?

      —Sim, Jeanne. Vou partir, e você vem conosco: comigo e com a senhorita. Eu já lhe disse que o passado morreu. O futuro está começando.

      —Mas para onde vamos, senhora? E por quê a farsa?

      —Não devo lhe dizer todos os meus segredos, Jeanne. Prefiro trabalhar sozinha; assim, se as coisas não derem certo, a culpa será só minha. Só que, desta vez, nada pode dar errado, tudo vai dar certo! Durante dezoito anos, planejei e trabalhei para isso. Trabalhei duro. Sim, trabalhei muito duro! Tudo que fiz foi por causa disso.

      A voz de Emilie agora não passava de um murmúrio. Seus olhos brilhavam intensamente no rosto pálido. Depois, mudando de expressão de repente, ela estendeu as mãos.

      —Não fique tão, espantada, Jeanne. Tem que confiar em mim. Vá depressa comprar as malas. Vamos precisar delas. Depois, temos que ver as roupas. Muitas não servem mais.

      —Não servem?

      —Claro que não! Agora, sou uma aristocrata. Uma Lady! Abra a porta daquele guarda-roupa e diga que vestidos servem para mim, agora.

      Como se estivesse hipnotizada, Jeanne caminhou para o armário de mogno que tomava toda a parede do outro lado do quarto e abriu as portas. Estava cheio de vestidos dos mais variados estilos. Pareciam as cores do arco-íris, com muitas fitas e veludos, rendas e pregas.

      —Vou vender todos— Emilie disse, da cama—, sei que não vão render muito, mas a viúva Wyatt, no mercado, dará o melhor preço da cidade. Conte a ela quanto cada um custou e consiga o que puder.

      Há um novo, de veludo verde, que só tenho há três meses, e o rosa de lã acetinada, que só foi entregue na semana antes do Natal...

      —Mas, senhora, só usou o rosa três vezes!

      Jeanne pegou o vestido com carinho. Havia vários laços e enfeites de fitas e o corpete era todo enfeitado de lantejoulas. Parecia um vestido caro, mas havia algo de vulgar nele, algo sugestivo demais.

      —Leve-o, Jeanne. Agora sei o que devia parecer, vestida com ele.

      Obediente, a empregada colocou o vestido no cabide e fechou a porta do guarda-roupa.

      —Se vai vender as roupas, o que usará, senhora?

      —Roupas novas: para o dia e para a noite. Devem ser feitas logo. A senhorita também vai precisar de roupas. Vá imediatamente chamar a Sra. Guibout. Peça que venha aqui. Diga que é importante, que vamos fazer uma encomenda grande.

      —A Sra. Guibout? Mas ela é muito careira!

      —Sei muito bem disso, Jeanne. Mas não vou economizar agora. Como já lhe disse, uma vida nova está começando.

      Alguém bateu na porta. As duas se olharam durante um segundo, em silêncio. Depois, como que fazendo um esforço, Emilie disse:

      —Entre!

      A porta se abriu e Mistral entrou.

      Ainda vestia a camisola longa de cambraia que as freiras exigiam como uniforme e tinha colocado um xale de caxemira nos ombros.

      Entrou lentamente, com os olhos brilhando e um sorriso. Ao se aproximar da cama da tia, o sol tocou em seus cabelos, transformando-os numa espécie de halo que parecia iluminar todo o quarto. Os cabelos muito loiros emolduravam um rosto pequeno e caíam sobre os seios, em duas tranças pesadas que chegavam até abaixo dos joelhos.

      Observando-a, Emilie pensou durante um momento por que achava que Mistral lembrava a mãe. Os olhos eram bem diferentes: os de Alice, azuis e os da moça, de um violeta profundo. Entretanto, havia uma certa semelhança: o jeito de virar a cabeça, o sorriso espontâneo e um ar de alegria não reprimida. De repente, percebeu que Mistral era muito mais bonita do que a mãe.

      Aquela combinação estranha de cabelos loiros e olhos escuros era fascinante. Tinha os lábios perfeitos e muito vermelhos, СКАЧАТЬ