Название: Mais do que uma dúvida
Автор: Sara Craven
Издательство: Bookwire
Жанр: Языкознание
Серия: Sabrina
isbn: 9788413487991
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– Não, não é isso – Miles pareceu surpreendido. – Como é que te ocorreu essa ideia? Não me ouviste dizer que estou a pensar em dar uma festa?
– Sim… desculpa – Chessie hesitou. – Suponho que a insegurança torna-me paranóica.
– Compreendo – com o sobrolho franzido, Miles pousou o garfo e a faca no prato. – É esse precisamente o motivo pelo qual quero que penses sobre uma possível mudança na nossa relação.
– Uma mudança? – inquiriu Chessie, sem compreender. O contrato de trabalho que Miles redigira estava meticulosamente definido. – Que género de mudança?
Ele bebeu mais vinho, o seu olhar azul adquirira uma expressão de meditação.
– Ocorreu-me que poderíamos casar.
Chessie sentiu que o mundo de repente tombava. O seu corpo ficou rígido enquanto o fitava e tentava compreender o significado das palavras dele.
– Desculpa, acho que não ouvi bem – conseguiu dizer Chessie.
– É muito simples, acabei de te fazer uma proposta de casamento, pedi-te que fosses a minha esposa – replicou Miles, num tom profissional, como se estivesse a falar de negócios. – Se quiseres, podes considerá-lo como um tipo diferente de contrato.
«É doido», pensou ela. Perdera por completo a cabeça.
– O casamento… não é um negócio.
– Eu diria que isso depende das pessoas que se casam. Se considerares as nossas circunstâncias pessoais, o casamento entre nós é muito razoável.
Miles fez uma pausa.
– Tu precisas de mais estabilidade e da segurança que não tens e eu preciso de uma anfitriã para além de uma governanta. Acho que poderia ser um acordo satisfatório para os dois.
– Assim de repente? – inquiriu ela, com a voz fraca. Ainda não conseguia acreditar no que estava a ouvir.
– Não, claro que não – declarou Miles, com uma ligeira impaciência. – Não precisas de responder imediatamente, mas gostaria que considerasses racionalmente a minha proposta antes de tomares uma decisão.
«Racionalmente», interrogou-se ela. «Racionalmente… tratando-se de uma coisa dessas?».
– Pareces muito surpreendida – continuou ele.
– Sim, é verdade – Chessie engoliu em seco. – O que acontece é que quase não nos conhecemos.
– Trabalhamos juntos todos os dias e vivemos na mesma casa.
– Sim, mas… sabes perfeitamente ao que me refiro.
– Sim – a expressão de Miles adquirira um tom de troça. – Continuas sem perceber porque é que ainda não me insinuei, não é?
– Não é só isso – Chessie empurrou o seu copo de vinho na direcção dele. – Por favor, serve-me mais um pouco, acho que estou a precisar.
Chessie observou Miles enquanto ele a servia. Estava completamente calmo e inclusive distante. Como podia ser?
– Até agora não tem havido nada pessoal entre os dois – declarou ela. – E, embora trabalhemos juntos todos os dias, da única coisa que falamos é do trabalho e da casa.
– A minha proposta traumatizou-te? Não era a minha intenção causar-te nenhum trauma – comentou Miles, com ironia.
– Não, mas isto é tão repentino.
– Se esperavas algo mais… convencional, peço-te que me desculpes. Mas mantivemos sempre uma relação laboral muito racional e o nosso casamento só seria uma prolongação dessa relação. O pragmatismo pareceu-me preferível aos bombons e às flores.
– Não te importas com o facto de não estarmos apaixonados? – inquiriu Chessie, com dificuldade.
– Esqueceste que já passei por isso. Claro que não posso falar por ti – declarou, com uma expressão ilegível. – Há alguém na tua vida?
Chessie abanou a cabeça.
– Não, já não – olhou para a mesa. – Então, queres dizer que seria uma espécie de negócio e não um casamento a sério?
– Sim, é isso – replicou Miles. – Pelo menos, no início.
Chessie sentiu que o seu coração dava um salto.
– E depois…?
Miles encolheu os ombros.
– Quem sabe – os olhos azuis fitaram os dela. – Pode ser que reconsideremos a nossa relação, mas qualquer mudança seria sempre de mútuo acordo.
– Eu… não sei o que dizer.
– Nesse caso, não digas nada. Ainda não. Pensa nisso, toma todo o tempo de que precisares. Prometo que não te pressionarei.
Chessie humedeceu os lábios.
– E se a resposta for negativa, ficarei sem emprego?
– Dou-te a impressão de ser vingativo?
Chessie ruborizou-se.
– Não, claro que não – respirou fundo. – Está bem, vou pensar no assunto.
– Bom – desta vez não havia troça no olhar de Miles. – E agora, queres que peça a sobremesa?
– Não, obrigada – Chessie não tinha estômago para mais nada. – Só café, por favor. E desculpa-me, volto já.
A casa de banho das senhoras, por sorte, estava vazia. Chessie deitou água nas mãos e na face para se descontrair.
Ao olhar-se no espelho, viu que tinha os olhos maiores do que habitualmente e o rosto vermelho. No entanto, não tinha o aspecto de ser a futura senhora Hunter.
De repente, começou a tremer.
– Não o posso fazer, não posso – murmurou Chessie, ao espelho. – Vou dizer-lhe já que o que me propôs é impossível.
Mas prometera-lhe considerar a proposta racional e detidamente, pelo menos, teria de fingir que o iria fazer.
No entanto, não se podia casar com ele. Nem sequer no caso de Alastair não voltar…
Chessie suspirou. Por fim, atrevera-se a enfrentar o assunto. Permitira-se albergar um sonho, uma esperança que se reavivara com as notícias de Jenny.
Era irónico que Miles tivesse escolhido aquele dia para lhe expressar os seus planos para o futuro.
Chessie resmungou para si própria, assim que comunicasse a Miles a sua decisão, seria impossível para ela continuar em casa. Apesar do que ele dissera, a sua relação tornar-se-ia СКАЧАТЬ