Mais do que uma dúvida. Sara Craven
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Название: Mais do que uma dúvida

Автор: Sara Craven

Издательство: Bookwire

Жанр: Языкознание

Серия: Sabrina

isbn: 9788413487991

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СКАЧАТЬ para com ele, no entanto, não és capaz de mostrar-te agradecida.

      – Estamos em dívida para com ele? – o rosto de Jenny ficou vermelho. – O que é que lhe devemos? Tirou-nos a casa e trata-nos como empregadas.

      – A sério? – inquiriu Chessie. – Não tenho visto nenhum servilismo da tua parte. E se Miles não tivesse comprado a casa, outra pessoa o teria feito e nós teríamos ficado na rua. Não podíamos ficar com a casa, quando é que vais compreender isso?

      Jenny fitou-a furiosa.

      – Poderíamos ter feito qualquer coisa. No outro dia, na televisão, vi um programa sobre casas de campo transformadas em hotéis. Era uma boa ideia. Poderíamos ter feito isso com a nossa casa.

      – Sim, talvez dentro de vinte anos, mas os credores do pai não estavam dispostos a esperar todo esse tempo.

      – Continuo a pensar que o poderíamos ter feito – insistiu Jenny, com teimosia.

      Chessie, de repente, não soube se rir ou chorar. Era extraordinária a maneira como Jenny, que era tão inteligente nos estudos, tinha tão pouco sentido da realidade.

      – E outra coisa, se vais sair para jantar fora esta noite, importavas-te de me dizer o que é que eu vou jantar? Aposto que o ogro não me convidou a mim.

      – Não, não te convidou – replicou Chessie. – Mas não te preocupes que não vais morrer de fome. Há estufado de frango no frigorífico e a única coisa que tens que fazer é aquecê-lo no microondas.

      – Isso não se pode comparar a um jantar fora – replicou Jenny, fazendo uma careta. – E mais uma coisa, desde quando é que o ogro é «Miles»? Pensei que fosse: «o senhor Hunter isto» e «o senhor Hunter aquilo».

      – E talvez volte a sê-lo amanhã – replicou Chessie, com calma. – Isto é só um jantar e mais nada.

      «Quantas vezes terei de o repetir para me convencer?», interrogou-se Chessie, enquanto examinava o seu escasso guarda-roupa.

      A maioria das suas roupas entrava em duas categorias: a roupa de trabalho elegante e a roupa de trabalho quotidiana. Por fim, optou por uma saia preta lisa e uma blusa de cor creme. Os brincos dourados e um fio dourado no pescoço fizeram com que parecesse mais elegante.

      Chessie tinha vinte e poucos anos, mas sentia-se uma anciã. Tinha rugas de preocupação na testa e a curva dos seus lábios já não tinha a frescura da juventude.

      Normalmente, levava o seu cabelo castanho dourado apanhado num rabo-de-cavalo, mas desta vez decidiu deixá-lo solto. Pintou os lábios e colocou um pouco de cor no rosto. Como toque final, agarrou no seu frasco de L’Air du Temps e deitou umas gotas nos pulsos e no pescoço: «quando acabar não terei outro» e fechou o frasco com cuidado.

      O salário que Miles pagava era bom, mas não sobrava para luxos como o perfume.

      Jenny ganhara uma bolsa de estudo para estudar na escola da povoação vizinha. Por isso, ela não tinha que pagar as mensalidades. No entanto, tinha outros gastos, como o equipamento desportivo e a farda da escola. A farda era um pesadelo, tendo em conta como Jenny crescia rapidamente.

      Chessie colocou-se diante do espelho e olhou-se com uma atitude crítica.

      Parecia o género de rapariga que um escritor famoso convidava para jantar? A resposta era negativa e perguntou-se porque é que Miles não teria arranjado uma companheira mais apropriada.

      Porque para além dos comentários cruéis de Jenny, não duvidava das atracções de Miles Hunter, apesar da cicatriz do seu rosto. E Chessie perguntou a si mesma por que é que não tinha percebido isso antes.

      Pensou na mulher que o tinha deixado ao ver as suas cicatrizes. Estaria amargurado por causa disso? Continuaria apaixonado por aquela mulher que o abandonara na altura em que ele mais precisara dela?

      Seria esse o motivo pelo qual não havia amor nos seus romances?

      Era um escritor extraordinário, no entanto, ela achava a sua obra escura e, inclusive, estéril.

      «Mas essa é só a minha opinião», disse para si mesma, ao mesmo tempo que saía do quarto. O público comprava os seus romances sem mostrar as mesmas reservas.

      Miles estava à sua espera ao lado do carro. Vestia umas calças de corte perfeito, que moldavam as suas pernas, e uma camisola de gola alta de caxemira. No ombro levava um casaco desportivo.

      – Boa tarde – cumprimentou ela, timidamente.

      Ele levantou o olhar e anuiu bruscamente.

      – Tão pontual como sempre – comentou Miles, abrindo-lhe a porta do carro.

      «O que é que esperava?», pensou Chessie, enquanto apertava o cinto de segurança. Não ia fazê-lo esperar.

      Quando ele se sentou ao volante, Chessie sentiu o aroma de uma água de colónia cara.

      – Pensei que poderíamos ir ao The White Hart – declarou Miles, ao mesmo tempo que ligava o motor do carro. – Disseram-me que a comida é boa. Isto é se não te importas por ser o pub da povoação.

      – Não, não me importo – Chessie não tinha vontade de ir a um lugar mais elegante e a sua roupa também não era a apropriada para um restaurante mais elegante. – A senhora Fewston é uma boa cozinheira. Antes dela e o seu marido ficarem com o pub, ela costumava fazer comida para festas. Acho que ainda o faz.

      – Terei isso em conta no futuro. Acho que já está na hora de dar alguma festa – Miles olhou para ela de relance. – Não posso continuar a aceitar convites sem os retribuir.

      – Não… suponho que não. Silvertrees é uma boa casa para dar festas.

      – E como a minha irmã não pára de me dizer, também o é para uma família – Miles fez uma pausa. – Acho que isso deve ser uma indirecta para a convidar a ela e aos seus filhos endiabrados.

      – Não gostas de crianças?

      Miles encolheu os ombros.

      – Nunca lidei muito com crianças. Mas a verdade é que os filhos de Steffie são adoráveis, apesar dela os chamar monstros.

      «Se não fosse pela mina, Miles teria filhos», pensou Chessie. Tentou imaginá-lo como pai, mas não conseguiu.

      The White Hart era uma bonita construção de madeira que ficava nos arredores da povoação e estava sempre muito concorrida. Jim Fewston sabia de vinhos tanto como a sua esposa de cozinha e o pub estava sempre cheio. Aquela noite não era excepção e o estacionamento estava quase cheio quando chegaram.

      – Fico contente por ter reservado uma mesa – comentou Miles, enquanto estacionava o carro. – No entanto, não me parece que todos os que estão aqui tenham vindo pela comida – acrescentou, com ironia.

      Chessie seguiu o seu olhar e viu movimento dentro de um carro estacionado sob umas árvores. Viu as figuras de duas pessoas abraçadas apaixonadamente e desviou o olhar.

      – Não é o lugar apropriado – comentou ela.

      – Não, СКАЧАТЬ