Mais do que uma dúvida. Sara Craven
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Название: Mais do que uma dúvida

Автор: Sara Craven

Издательство: Bookwire

Жанр: Языкознание

Серия: Sabrina

isbn: 9788413487991

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СКАЧАТЬ de um breve noivado, Sir Robert casara com Linnet e levara-a a morar consigo.

      Dera uma festa no jardim da mansão para a apresentar e Chessie encontrara Alastair sentado sob uma árvore, ao lado do rio.

      – Lamento muito, Alastair.

      Ele olhara para ela, com os seus olhos castanhos.

      Alastair, de cabelo castanho, extraordinariamente bem parecido e com mais de um metro e oitenta de estatura, tinha sido sempre o seu Deus.

      – Como é que ele se atreveu a fazer isto! – exclamara ele. – Como se atreveu a colocar esta boneca no lugar da minha mãe?

      Desde aquela altura, os dois tinham começado a chamar Linnet de: «A Bruxa da Madrasta» e tinham passado horas a criticá-la.

      – Graças a Deus que vou para a universidade – declarara Alastair, um dia, com resignação trocista. – E, se o puder evitar, não voltarei nas férias.

      Não voltaram a ver-se senão passados três anos, mas depois do reencontro tinham-se tornado inseparáveis. Ela tinha acabado o bacharelato e ia começar a trabalhar com o seu pai no fim do Verão, como a sua secretária particular.

      Supusera que Alastair faria o mesmo na empresa electrónica do seu pai.

      Naquele Verão, Chessie passava muito tempo na casa dele, onde Linnet convencera o seu marido a construir uma piscina.

      – Olá – declarara Linnet, um dia, quando se tinham encontrado na piscina. – Então, tu é que és a namorada de Ally deste Verão, não é verdade?

      Chessie mordera os lábios.

      – Bom dia, Lady Markham – replicara ela, educadamente.

      – Por favor, trata-me por Linnet – declarara a mulher, a sorrir. Afinal, somos quase da mesma idade.

      Chessie tivera que suportar o venenoso bombardear de perguntas e conselhos a que Linnet a submetera.

      Mas nada do que Linnet dissera ou fizera conseguira acabar com a sua felicidade nem com os seus sonhos sobre o futuro.

      Isso acontecera inesperadamente, quando Sir Robert anunciara que iria enviar o seu filho para os Estados Unidos para estudar Economia. No início, Alastair opusera-se, mas, no fim, acabara por aceitar os desígnios do seu pai.

      – Não podes convencê-lo? – implorara ela.

      – Não serve de nada, querida – replicara Alastair, com uma expressão dura. – Quando o meu pai mete uma na cabeça, é inútil tentar fazê-lo mudar de ideias. Mas não te preocupes, Chessie, que eu vou voltar. Isto não é o fim da nossa relação, não o vou permitir.

      E ela acreditara nele.

      Para a surpresa de toda a gente, umas semanas depois de Alastair ter ido para os Estados Unidos, Sir Robert anunciara a sua retirada dos negócios e a venda da sua empresa a outra empresa europeia. Imediatamente a seguir, fechara a sua mansão e o casal Markham mudara-se para Espanha.

      Agora, segundo parecia, iam voltar, embora isso não queria dizer necessariamente que Alastair também voltasse. Talvez fossem os sonhos infantis da sua irmã Jenny.

      Chessie não tinha querido fazer perguntas sobre o que ela ouvira nos correios por dois motivos: em primeiro lugar, Jenny não devia ouvir as conversas das outras pessoas. E, em segundo lugar, não queria dar a impressão de estar interessada no regresso daquelas pessoas.

      Estivera apaixonada por Alastair e desta vez ia ter mais cuidado.

      Quase que não se parecia nada com a rapariga de há alguns anos atrás, uma rapariga de cabelo dourado, pele bronzeada e olhos castanhos que sorriam de felicidade.

      «Agora o meu tom é acinzentado», pensou, fitando a blusa. E não era só a sua roupa que era cinzenta, o seu reflexo no vidro da janela mostrava uma mulher cansada e vencida. Uma mulher que tinha sido derrotada durante as semanas entre a prisão do seu pai por fraude e o seu enfarte.

      Sobrevivera aos artigos dos jornalistas, às visitas à esquadra da polícia e à crescente histeria de Jenny… E fizera-o deliberadamente, reprimindo a sua identidade, ocultando-se no anonimato. E, desde aquela altura, tinha sido assim.

      Tinha esperado ser marginalizada, no entanto, salvo algumas excepções, as pessoas da povoação tinham-na tratado com tacto e delicadeza, facilitando-lhe a adopção da sua nova identidade, da sua nova versão da vida.

      Trabalhar para Miles Hunter também a ajudara. E, durante os últimos meses, conseguira inclusive um certo estado de satisfação emocional.

      Mas agora, graças à notícia de Jenny, voltava a sentir inquietação.

      Ia virar-se para voltar para a mesa, quando ouviu o motor de um carro. Esticou o pescoço e viu o veículo de Miles Hunter a virar a prolongada curva do caminho antes de parar diante da porta principal.

      Passado um momento, ele saiu do carro, ficou imóvel durante uns segundos, depois agarrou na sua bengala e, lentamente, coxeou até aos degraus que davam para a porta.

      Enquanto o observava, Chessie mordeu os lábios. Os seus problemas não eram nada comparados com os dele e sentiu uma súbita compaixão que nunca se atrevera a mostrar diante dele.

      – Tinha o mundo aos seus pés – dissera o senhor Jamieson, o advogado da família, quando ela lhe mencionara a oferta de emprego e a possibilidade de permanecer em Silvertrees. – Era jogador de rugby e um jornalista famoso, tanto dos jornais como da televisão. Teve má sorte quando o carro onde ia passou por cima de uma mina, durante a reportagem de uma guerra.

      O advogado abanara a cabeça e acrescentara:

      – Sofreu muitas feridas, pensavam que não voltaria a caminhar. No entanto, surpreendeu toda a gente quando, durante a sua estadia no hospital, escreveu o seu primeiro romance. Um mau dia.

      – E, desde essa altura, não olhou para trás – replicou ela, com ironia.

      O senhor Jamieson fitara-a solenemente por cima da armação das suas lentes.

      – Não, não, querida – declarara, com gentileza. – Acho que pensa muito no passado.

      E Francesca sentira-se censurada.

      Estava novamente sentada à sua mesa, a trabalhar, quando Miles Hunter entrou.

      – Acabo de ver a tua irmã – declarou ele, sem preâmbulos. – Ia de bicicleta e estive quase para a atropelar. A sua bicicleta não tem travões?

      – Sim, claro que tem – replicou Chessie, rapidamente e a resmungar para si mesma. – Mas anda sempre demasiado depressa. Vou falar com ela.

      Miles lançou-lhe um olhar trocista.

      – E isso vai servir para alguma coisa?

      – Pelo menos, vou tentar.

      – Mmmm – Miles fitou-a pensativamente. – Pareceu-me que estava bastante excitada e tu também pareces estar inquieta. Voltou a fazer qualquer coisa que te tenha aborrecido?

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