A Lista Dos Perfis Psicológicos. Juan Moisés De La Serna
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Название: A Lista Dos Perfis Psicológicos

Автор: Juan Moisés De La Serna

Издательство: Tektime S.r.l.s.

Жанр: Зарубежные детективы

Серия:

isbn: 9788893988469

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СКАЧАТЬ poderá dizer-me o que é e voltar depois a embrulhá-lo, e eu deixá-lo-ei onde o encontrei. ― Respondeu com um sorriso nervoso.

      ― Mas se eu o abrir…

      ― Com muito cuidado ― interrompeu a mulher, com os olhos arregalados e um olhar penetrante.

      ― Sim, está bem, mas se eu o abrir, não perderá o seu encanto?

      ― Não, você vê o que tem no seu interior, diz-me o que é e depois volta a fechá-lo, tal como estava. Penso que assim já poderei dormir melhor.

      Pessoalmente, não estava nada convencido que a solução fosse aquela, mas era óbvio que a senhora estava disposta a tomar-me o resto da tarde se não atendesse ao seu pedido.

      Na verdade, nunca tinha passado por uma situação tão absurda e desconcertante como aquela. “Podia ela mesma abrir o embrulho sem necessidade de vir à minha consulta!”. Mas como queria dar o assunto por terminado, disse-lhe:

      ― Deixe-me ver esse presente!

      A senhora retirou uma caixa branca com uma tampa vermelha, e um laço da mesma cor, de dentro de um saco de supermercado. “Realmente parece uma caixa de sapatos”, pensei para mim.

      Retirei, com cuidado, o laço que ainda tinha e entreabri a caixa, de costas para a senhora, tal como me tinha pedido. Qual não foi o meu espanto ao ver o que continha no seu interior.

      ― O que vem a ser isto? ― Perguntei em voz alta, entre um tom de alarme e surpresa.

      ― São uns sapatos? ― Perguntou a senhora, ansiosa e emocionada.

      ― Não, é um anel de noivado e um convite para um espetáculo de balé.

      ― De balé? ― Perguntou a senhora, desiludida com as minhas palavras.

      ― É o que parece, além disso, tem uma dedicatória. “Embora não nos conheçamos ainda, tenho a certeza de que os nossos caminhos se cruzarão”.

      ― Não disse que era um anel de noivado? ― Ressaltou a mulher, tentando olhar por entre as mãos, pois tinha tapado os olhos para não ver o embrulho.

      ― Sim, porquê? ― Perguntei sem entender a sua expressão.

      ― Como pode ser um anel de noivado se não conhece a outra pessoa? ― Questionou a senhora.

      ― Não faço a mínima ideia! ― Eu disse desnorteado, sem saber se aquilo se tratava de alguma brincadeira ou algo do género.

      Tudo me levava a crer que ninguém tinha perdido aquela caixa, mas sim, que a tinham deixado lá de propósito para que alguém a encontrasse. Uma espécie de “mensagem na garrafa”, como se lê nos livros. Mas o convite para o balé era o que mais me intrigava. Seria um encontro às cegas? Mas quem é que estaria disposto a ir a um encontro com alguém que nunca tinha visto?

      ― Que desilusão! ― Afirmou a senhora, preparando-se para abandonar a consulta. ― Esperar tanto tempo para isto.

      ― Bom, pense pelo lado positivo, agora que já sabe o que é, já vai poder dormir melhor. ― Afirmei com um sorriso forçado.

      ― Pois já! Mas se ao menos fossem uns sapatos, mesmo que não fossem o meu número ― protestou a senhora.

      ― Tome a sua caixa! ― Eu disse com a intenção de a devolver uma vez que já estava fechada tal e qual como estava antes.

      ― Não a quero. Que bela perda de tempo! Adeus ― concluiu a senhora, enquanto fechava a porta atrás de si.

      Fui atrás dela, com a intenção de que voltasse para levar a caixa consigo e a colocar de volta no lugar onde a tinha encontrado, mas a senhora não quis mais saber do assunto, e metendo-se no elevador, fechou as portas de ferro e pressionou o botão para descer.

      Aquela foi a última vez que vi aquela mulher estranha, que em vez de pedir ajuda para o seu problema de acumulação de lixo, tinha perdido o sono por causa de uma caixa, que só estava associada ao prazer.

      “Boa, e eu a pensar que tinha acabado!”. Disse para mim próprio enquanto regressava ao escritório, sentindo-me satisfeito por ter feito uma boa ação por uma desconhecida. “Agora já pode dormir tranquila”.

      Olhei pela janela do escritório quando o vistoso relógio de parede soou. “Caramba! Já é tão tarde”, pensei enquanto levava as mãos ao casaco para me certificar de que tinha as chaves do escritório.

      “Agora sim terminei por hoje”, disse a mim mesmo enquanto olhava ao meu redor para me certificar de que estava tudo em ordem antes de deixar o meu local de trabalho, que era como uma segunda casa para mim. Se bem que, na verdade, passava mais tempo ali do que em casa.

      Aquelas quatro paredes, carregadas de títulos e de livros, tinham-se tornado tão habituais, que às vezes nem sequer me dava conta de que ali estavam. Só quando alguma coisa estava fora do lugar, é que parecia que se tinha quebrado o ponto de equilíbrio da sala até que a voltasse a colocar no seu devido lugar.

      De repente, já com a mão no interruptor, prestes a apagar as luzes, vi sobre uma das cadeiras do escritório aquela caixa de embrulho que tinha desiludido a minha última visita.

      “Às vezes é mais importante a ilusão que temos das coisas do que aquilo que realmente podemos esperar delas”, pensei para mim, tendo em conta as circunstâncias em que aquela senhora tinha perdido o sono fantasiando sobre o conteúdo daquela caixa.

      “Se ao menos tivesse espreitando antes, teria evitado muitas voltas na calma”, refleti sobre o que aquela caixa tinha representado para aquela mulher, “mas entendo que, por vezes, a ilusão seja a única coisa que nos resta. E perdê-la talvez seja o mais difícil”.

      Fiquei a observar a caixa, pensativo, e disse “E agora?”. Não sabia se devia desfazer-me dela ou deixá-la ali a ver se a senhora voltava no dia seguinte para a levar. Curioso, voltei para o escritório, aproximei-me daquela caixa tão bem embrulhada e chamativa, e voltei a abri-la.

      Procurei certificar-me se havia mais alguma coisa entre o papel de oferta e aqueles três objetos, mas não encontrei nada. Depois verifiquei se algum dos bilhetes, o do espetáculo e a nota, tinham mais alguma coisa escrita para além do que já tinha lido antes, e surpreso, reparei que a data e hora do espetáculo de balé era para hoje, dentro de uma hora.

      “Bem, pelo menos sei onde posso encontrar o dono desta caixa! É melhor devolvê-la, embora não me tenha ficado esclarecido a sua intenção ao deixar a caixa abandonada à sua sorte. Por isso, vou ao balé!”. Eu disse decidido, enquanto pegava na caixa, fechava-a da melhor forma possível e saía do escritório, apagando as luzes atrás de mim.

      “Eu a ir ao balé? Há que anos que não vou a um evento artístico como este…muitos anos mesmo”, eu disse tentando-me lembrar da última vez que tinha ido a um. Talvez me tivesse focado demasiado nos meus pacientes, a quem acudi como se se tratasse de um encontro, e quando se atrasavam sem me avisar, ficava nervoso.

      Já fazia tanto tempo que não tirava férias, visto que, por diversas vezes, quando regressava de uma viagem de lazer, encontrava um paciente que tinha piorado, pelo simples facto de não ter recebido aconselhamento semanal comigo.

      Por isso mesmo, СКАЧАТЬ