Название: A Lista Dos Perfis Psicológicos
Автор: Juan Moisés De La Serna
Издательство: Tektime S.r.l.s.
Жанр: Зарубежные детективы
isbn: 9788893988469
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― É muito amável. ― Insistiu. ― Já agora, sabe se o doutor pode-me atender hoje? ― Perguntou com uma voz suave.
― Claro que sim, sou eu o doutor. ― Respondi com um leve sorriso.
― Ah! Mas você ainda é tão jovem, até parece que foi ontem que saiu da universidade ― comentou contrariada.
― É que me conservo muito bem, sabe como é, um pouco de exercício diário e uma boa alimentação.
― Ah! Então vai ter que me dar a receita, pois a mim os anos não me têm tratado tão bem ― protestou enquanto colocava a mão sob o ombro, creio que seria por se recordar de alguma fratura que tivesse tido ou algo assim. ― Bem, onde é que podemos conversar? ― A senhora perguntou com voz impaciente.
― Pode ser no meu escritório. ― Indiquei, surpreendido por aquela pergunta.
― Prefiro ali. ― Disse, apontando para o sofá da sala de espera.
― Pois então se prefere aí…
― Sim, obrigado. ― Ela disse, dirigindo-se para a poltrona.
Segui-a e sentei-me na cadeira da secretária, que coloquei de lado para poder ficar de frente para ela.
― Pode dizer-me a que é que se deve a sua visita?
― Sabe o que é doutor, é que tem noites em que não consigo dormir e não entendo o porquê, mas isso está a começar a afetar-me. No início, apenas me sentia esgotada, e bom, isso até era tolerável, mas agora nem sequer posso sair à rua, porque num instante já não sei onde estou nem o que vou fazer. E se entro num café para tomar alguma coisa, adormeço sobre a mesa.
― Já consultou o seu médico de família para ver o que tem?
― Já fui a todos os especialistas, mas nenhum me soube dizer a que se deve isto.
― Há alguma coisa que o possa ter provocado? Refiro-me às primeiras vezes em que se apercebeu deste problema. Sabe se houve alguma alteração na sua vida, que em consequência a faça sofrer disso?
― Bom, nada de que me lembre, ou talvez sim, não sei se tem alguma coisa a ver, é uma caixa que encontrei num parque. Não me leve a mal, mas com o pouco que ganho da minha reforma, às vezes recorro ao que encontro a ver se me pode ser útil. Sei que acumulo demasiado, mas não sabe o que passei na minha juventude.
― Acumula? ― Perguntei surpreendido com aquele comentário.
― Sim, você sabe, tem um nome muito estranho, mas não o consigo evitar. Tudo o que encontro tem um lugar especial na minha casa, sei exatamente onde colocar.
― Sofre de Síndrome de Diógenes?
― Sim, foi algo do género que os senhores dos Serviços Sociais me disseram, daquela vez que foram esvaziar o meu apartamento. Consegue imaginar… você passar uma vida inteira a guardar coisas, para que da noite para o dia deixem tudo vazio, sem um mínimo objeto?
― Mas você sabe que isso não é saudável, não sabe? ― Salientei, estranhando o rumo que aquela conversa estava a ter.
― Sim, eu sei, mas sou muito limpinha, embora um pouco descuidada, mas sempre tive tudo organizado, e nunca ninguém se tinha queixado.
Não quis aprofundar mais naquilo, primeiro porque parecia ser um tema doloroso para a senhora e pelo qual se sentia um pouco envergonhada, e segundo, porque não entendia o que é que aquilo tudo tinha a ver com as insónias, o que me levou a tentar aprofundar um pouco mais esse segundo aspeto.
― E então? Que relação acha que existe entre a sua falta de sono e esse objeto que encontrou?
― Ah! Sim, isso ― respondeu um pouco confusa. ― Sabe, eu acho que é valioso, mas nem sequer me atrevi a abri-lo. Está tão bem embrulhado que me deu pena rasgar o papel que tem em volta.
― Mas se não sabe o que é, como é que isso lhe pode tirar o sono? ― Respondi, deixando em evidência a incoerência das suas palavras.
― Precisamente por não saber o que é, já viu se são uns sapatos novos?
― Uns sapatos? ― Perguntei confuso.
― Sim, ou um lindo lenço para a cabeça. Nem sabe a falta que me faz. ― Respondeu emocionada com um largo sorriso.
― E porque não abre para ver o que é? ― Indiquei, perplexo.
― Porque está coberto com este papel de embrulho tão bonito.
― Como o de um presente? ― Perguntei, tentando obter mais informações daquele objeto.
― Sim, isso mesmo, e de cor vermelha, um pouco vistoso demais para o meu gosto, e nota-se que tinha um laço, mas agora já só resta um pequeno pedaço ali colado.
― Mas, havia alguém lá quando o encontrou?
― Não, não, até fiquei com ele um pouco na mão enquanto me pus a observar, mas ninguém que passava por mim parou para o reclamar.
― E o que quer que eu faça? ― Perguntei um pouco confuso com a situação.
― Que me ajude a dormir.
― E com o embrulho? ― Insisti naquele detalhe.
― O que tem o embrulho?
― O que vai fazer com ele?
― Ah! Pois, não sei, vou deixá-lo onde estava. Acha que faço mal?
― Não, de maneira nenhuma, é que pensava que, como isso poderia ser a origem da sua insónia…
― Sim, diga… ― interrompeu-me, prestando muita atenção.
― Pois bem, se assim for, creio que tudo voltará à normalidade se se desfizer do embrulho.
― Acha que sim?
― Com certeza! ― Afirmei com convicção, embora no meu interior não tivesse tanta certeza.
A senhora olhou para mim com pena, como se aquela notícia lhe tivesse causado muita dor ao chegar ao coração.
― O que acha que devo fazer?
― Não sei, mas para resolver a situação, terá de o abrir.
― Ao embrulho?
― Sim, ao embrulho ― esclareci.
― Mas, como vou abrir um presente que é para outra pessoa?
― Se é você que o tem então ele nunca chegará ao seu destinatário, e provavelmente a pessoa já o deve ter dado como perdido ― comentei, tentando evidenciar o quão absurda era toda aquela situação.
― Prefiro que seja você a ficar com СКАЧАТЬ