Название: A valsa encantada
Автор: Barbara Cartland
Издательство: Bookwire
Жанр: Языкознание
Серия: A Eterna Colecao de Barbara Cartland
isbn: 9781782138129
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Ainda não sabia em que tipo de lugar iria dormir aquela noite, que receção teria da parte da Baronesa Waluzen ou se obstáculos surgiriam, impedindo-a de ir ao baile.
Que roupa usaria? Para uma mulher esse era um problema de suma importância. O pânico tomou conta dela e teve vontade de pedir ao cocheiro que voltasse atrás, que a levasse à casa das tias, ao local que lhe era familiar e de forma alguma assustador.
Lembrou-se então da mãe, de rosto pálido, sofrido, que lhe dissera com insistência:
—Quero que você se divirta um pouco, querida. Tem de experimentar os mesmos prazeres que eu usufrui quando eu era jovem… bailes e namoros…
—E onde posso encontrar isso?— perguntou Wanda, sorrindo.
Ela amava sua casa situada no alto de uma colina, bem distante da aldeia mais próxima. Passava, ela e a mãe, meses sem ver ninguém, excetuando-se os empregados que trabalhavam no campo.
—Aqui é impossível, concordo com você, minha filha.
Carlotta Schonbõrn respondera.
Em seguida, ela fechou os olhos e recostou-se nos travesseiros. Adormeceu.
Alguns dias mais tarde, contudo, como se uma faísca de entusiasmo reacendesse nela, disse à filha:
—Wanda, preciso falar com você. Chegue aqui perto e feche a porta.
Surpresa, Wanda obedeceu. Ao se aproximar do leito, Carlotta pegou-lhe uma das mãos e declarou:
—Ouça, filha. Tenho um plano. Está havendo no momento uma Convenção em Viena.
—Todo o mundo sabe disso, mamãe. Tentam restabelecer uma paz duradoura na Europa.
—Esperemos que consigam. Mas imagina o que uma Convenção representa? Haverá bailes, desfiles e concertos. Quero que você esteja presente a essas festividades.
—Mas é impossível, mamãe! Como posso?
—Temos de arranjar isso, filha. Temos de arranjar.
A ideia da Condessa, transformara-se numa obsessão durante as últimas semanas de vida. Ela escreveu uma carta ao Príncipe Metternich, com o que restava de suas forças, e pôs nas mãos da filha o colar de turquesas e diamantes.
—Entregue esta carta ao Príncipe pessoalmente, Wanda. Não confie em ninguém. Sei como, nas enormes Chancelarias, os criados e secretários perdem essas coisas ou não se dão ao trabalho de entregá-las aos patrões. Se o Príncipe recusar recebê-la, mostre-lhe o colar. Ele o reconhecerá.
Na carruagem, indo para a casa da Baronesa, Wanda rememorava o pavor que a invadira quando o Príncipe recusou recebê-la e quando, num gesto de desespero, deu o colar ao lacaio pedindo-lhe que o mostrasse a seu amo. O rapaz lançou um olhar estranho à joia. Wanda sentiu o mesmo que um jogador sentiria ao apostar o restante de sua fortuna nos dados ou nas cartas.
Fechou os olhos e lembrou-se de como seu coração batera mais forte quando o criado, ao voltar, dissera que o Príncipe a receberia. Mais uma vez sentiu o contato dos lábios dele em seus dedos.
Poderia ela faltar com a palavra dada? Iria ser tão covarde a ponto de não prosseguir com sua tarefa? Apertou as mãos e parou de tremer. Nesse instante, a carruagem entrava no pátio de uma casa.
No escuro, a mansão cinzenta, cheia de torres, imensa, pareceu-lhe pouco acolhedora. A porta da frente abriu-se. Wanda revestiu-se de coragem e desceu. O espanto dos criados ao verem a velha e dilapidada carruagem da qual ela descera para entrar no hall de mármore não concorreu em nada para acalmar sua ansiedade.
—Trouxe uma carta para a Baronesa Waluzen— explicou Wanda—, por favor, entreguem a ela.
Um lacaio de cabeleira empoada apanhou a carta e outro criado conduziu-a a uma saleta onde acendeu as velas. A lareira estava apagada. Wanda tremia de frio e de medo. E se a Baronesa não a recebesse? E se ela não pudesse ficar lá? Voltaria à Chancelaria ou iria a uma estalagem para passar a noite?
Viena estava lotada, cada cômodo das casas particulares havia sido ocupado, e os visitantes sem reserva dormiam nas carruagens ou, se não as possuíssem, num banco do Prater, o parque de diversões mais famoso de Viena, talvez da Europa.
Apesar de toda sua coragem, Wanda começou a tremer. Sentia-se cansada e faminta. Havia dito ao Príncipe Metternich que comera antes de ir vê-lo, mas mentira. Estava excitada demais para engolir qualquer coisa. Porém, naquele instante, a situação era diferente.
A espera foi intolerável.
De súbito, um lacaio apareceu na porta. Levou-a, através de um longo corredor repleto de quadros, para um salão profusamente iluminado.
Era a sala mais esquisita que Wanda já vira. Estava tão cheia de móveis, porcelanas, marfim, cristais e prataria que era difícil atravessar o recinto sem encostar em algum objeto. Mas, apesar de todos esses tesouros, a sala dava impressão de vazia, pois não se via ninguém. Enfim, sentada junto à lareira, achava-se uma velha senhora.
Tinha o rosto enrugado e os cabelos brancos presos no alto da cabeça, penteado em voga no fim do século dezoito. Apesar da idade, a mulher possuía um corpo ereto. Usava uma quantidade imensa de joias no pescoço e nos braços, e a mão que estendeu a Wanda brilhava com os anéis.
—Então» você é a filha de Carlotta Schonbõrn!— disse ela com voz rouca.
Havia qualquer coisa especial no modo como a velha senhora a fitava. Sem dúvida, o olhar da Baronesa era mais jovem que o resto do corpo.
—Sim, madame, sou filha de Carlota Schonbõrn— respondeu Wanda, fazendo-lhe respeitosa reverência.
—Você é linda, menina! Lembro-me de sua mãe quando se casou. Duvido que ela tenha sido feliz; seu pai era bem mais velho e um homem taciturno.
Wanda não sabia o que responder, calou-se, portanto.
Ficou em pé diante da Baronesa, achando difícil desviar o olhar dos colares de diamantes e turquesas ou das pulseiras de rubis e esmeraldas que brilhavam a cada movimento que madame fazia.
—Você não se parece nada com seu pai— acrescentou a Baronesa, como se falasse consigo mesma—, e esses olhos azuis... Sim... esses olhos azuis...
—Que têm meus olhos azuis, madame?— interrogou Wanda.
—Eu falava em voz alta?— a velha senhora perguntou—, mas escute. Adquiri o hábito de morar sozinha, e você precisa me ajudar a vencê-lo. Creio que vai ficar comigo, não é mesmo?
—Só se a senhora quiser, madame!
A Baronesa riu muito, um riso zombeteiro.
O Príncipe Metternich decretou! Não sabe que o Príncipe consegue o que quer? Todos nós o obedecemos em Viena. Você concluirá isso após curta permanência na cidade. E, agora, vá descansar СКАЧАТЬ