Название: A valsa encantada
Автор: Barbara Cartland
Издательство: Bookwire
Жанр: Языкознание
Серия: A Eterna Colecao de Barbara Cartland
isbn: 9781782138129
isbn:
Como poderia Richard Melton ou qualquer outro homem entender o que significava ser amada por Metternich... e amá-lo? Supunha que parte de seu coração pertenceria para sempre a ele. Não obstante, enquanto fosse linda, desejada, haveria muitos outros homens em sua vida.
Richard era um deles. Algo nele a atraía terrivelmente, algo que fazia seu coração bater mais forte quando estavam juntos. Precisava fazer-se linda aquela noite, pois iria vê-lo de novo. Inclinou-se diante do espelho e viu pequenas linhas, quase invisíveis, no canto dos olhos, o primeiro sinal de que a juventude passaria e sua beleza declinava. Eram ainda rugas disfarçáveis, mas chegaria o dia...
Katharina estremeceu. Com fúria, tocou a sineta para chamar a empregada. Queria uma massagem, banho,
uma boa aplicação de cosméticos, perfumes e pó, antes do baile da noite.
Em seu quarto, Richard Melton vestia-se vagarosamente, com roupas compradas em Weston de Bond Street. Seu traje despertaria inveja em muitos congressistas. Ele tinha ombros largos demais para a lânguida elegância requerida de um dandy da época. Mas, quando o valete acabou de dar o nó da gravata, considerou-se bem vestido e ficou contente com sua aparência máscula.
Havia apenas posto o relógio no bolso do colete quando ouviu uma pancada forte na porta. Harry, o valete, um inglês típico, abriu-a. Um ajudante-de-ordens do Czar, com farda de gala, declarou:
—Sua Majestade Imperial, o Imperador da Rússia, exige a presença imediata do Sr. Melton.
—Muito bem— respondeu o valete—, meu amo irá em alguns minutos— e fechou a porta prontamente.
—O todo poderoso quer vê-lo, patrão— disse o valete.
— Santo Deus, o senhor não pode ter um minuto para si neste lugar, não é?
—É verdade, Harry, mas pobres não têm escolha.
—Não comece a falar sobre pobres outra vez, patrão. Estamos muito longe de sermos pobres.
—Longe enquanto permanecermos aqui, Harry. Por isso, não há motivo para recriminações.
—Certo. Não obstante, não me tratam bem neste lugar, patrão. Esses malditos empregados russos, com olhos orientais, dão-me as migalhas de sua mesa. Mas não sei como aguentam os maus-tratos que recebem de seus amos. Se me tratassem assim, eu os mataria!
—Acredito— respondeu Richard secamente—, contudo, se não quer sair daqui, é melhor controlar-se.
—Concordo, patrão. Vou me controlar.
E após uma pausa, ele acrescentou:
—Tem notícias da Inglaterra? Apenas sei que meu “querido” primo, o Marquês, está em boas graças em Carlton House. Jantou com o regente na semana passada.
—Maldito! Espero que engasgue da próxima vez!
—Meu desejo compartilha com o seu, Harry, mas infelizmente meu “honrado” primo goza de excelente saúde.
—Por que não vai falar com o Príncipe Regente, patrão, para lhe contar toda a verdade?
—Já conversamos sobre o assunto, Harry, e sabe que ninguém me daria crédito. Eu estava sem testemunha a meu favor quando encontrei o infeliz Sr. Danby no chão, se esvaindo em sangue, e três homens jurando que eu fizera aquilo.
—E o patrão preferiu não se dar ao trabalho de provar sua inocência?
—Eles jurariam por todos os santos que eu cometera o assassinato. Não, Harry, há ocasiões na vida em que você precisa aceitar o inevitável, e essa foi uma delas para mim. Ao menos meu primo, o Marquês , pagou minhas dívidas e deu-me quinhentas libras para a viagem.
—Quanta generosidade a dele!— replicou Harry com sarcasmo. — Algum dia pagará pelo que fez, pode estar certo.
Richard esperava que Harry tivesse razão, mas duvidava muito. Ele nunca amara o primo, e se amaldiçoara dezenas de vezes por ter sido tão tolo indo pedir o auxílio dele a altas horas da noite! Os credores o importunavam muito nos últimos tempos, e sua única chance de pagar as dúvidas era que o primo o ajudasse.
Ao saber que ele já havia voltado do clube, naquela maldita noite, foi lhe fazer uma visita para pedir dinheiro. Mal pôde acreditar na cena apresentada no jardim enluarado. Viu logo o que sucedera. Charles Danby jazia jogado na grama com o sangue escorrendo pela camisa branca, um pouco acima do coração. Os homens ao lado do primo ficaram preocupados com sua súbita aparição. Richard lembrou-se de que o Marquês fora prevenido, havia apenas um mês, de que o regente não toleraria mais duelos.
Contudo, era difícil, para um brilhante duelista e homem de temperamento difícil de ser controlado, desistir do seu desporto mortal ao qual se dedicara por longos anos.
A mãe de sua última vítima havia ido a Carlton House para se queixar, e isso tornara a situação do Marquês bastante crítica. Ele fora avisado de que seria banido do país no caso de reincidência. E ele batera-se em duelo mais uma vez.
Então, enquanto os homens se entreolhavam em silêncio, o Marquês sussurrou qualquer coisa ao ouvido deles. Richard percebeu o que iria suceder antes mesmo que lhe fosse comunicado. E não teve outro remédio senão aceitar, em troca do pagamento de suas dívidas pelo primo, tomar a culpa do duelo para si e ser exilado da Inglaterra. De qualquer maneira, era melhor que enfrentar as consequências de um júri para provar sua inocência. As testemunhas mentiriam na certa em favor do Marquês.
—Fomos felizes por termos um lugar para vir— disse Richard em voz alta, seguindo a trilha de seus pensamentos. Depois, não dando ouvidos às blasfêmias de Harry, saiu do quarto.
As melhores acomodações de Hofburg foram dadas aos cinco soberanos em visita a Viena e a suas respetivas cortes. Porém o Czar levara um séquito maior que os demais e recebera a parte do leão.
Sua sala particular era linda, com vista para os jardins e decorada com móveis antigos e quadros de grande valor.
Nas paredes havia painéis folheados a ouro, e os enormes lustres de cristal que pendiam do teto consistiam numa moldura adequada para o soberano que ocupava o local.
Alexander I, Czar da Rússia, tinha trinta e sete anos mas aparentava muito menos. Com traços perfeitos, pele imaculada, alto, porte majestoso, cabelos louros, parecia ter nascido para usar uma coroa. Como alguém dissera, ele representava o papel de monarca com mestria.
Assim que Richard apareceu na porta, o Czar recebeu-o com um sorriso cativante e declarou num entusiasmo juvenil:
—Richard, tenho uma ideia!
—Uma ideia, sir?— repetiu Richard.
—Sim, para esta noite. Está lembrado de que vamos a um baile de máscaras, não? Pois bem, tudo o que quero é que você vá como se fosse o Czar da Rússia.
—Em seu lugar, sir? Sinto muito, mas não entendi bem.
—Sim, sim, é muito fácil! Vamos todos estar fantasiados, mas os soberanos nunca se apresentam totalmente incógnitos. No último baile de máscaras eu dispensei todas СКАЧАТЬ