Storey. Keith Dixon
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Название: Storey

Автор: Keith Dixon

Издательство: Tektime S.r.l.s.

Жанр: Триллеры

Серия:

isbn: 9788873041719

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      “Peça-me um café” – disse ela.

      Olhou-a por um momento, mas depois suspirou e levantou-se, dirigiu-se ao balcão, acenando alegremente para ela quando entrou na fila. Nem sequer perguntara o que ela queria. Provavelmente já sabia, do tempo que passara a observá-la.

      Não faças o jogo dele – dizia para consigo. Não fiques intrigada.

      Sentou-se e tirou o computador Microsoft Surface Pro 3, abriu o teclado aveludado e passou o dedo pelo ecrã para abrir o documento atual. Pôs o telemóvel Moto G Android em cima da mesa, ao lado dele. Gostava dos seus gadgets e sabia o nome e as especificações de todos eles. E, por alguma razão, queria convencer Storey de que era genuína, de que realmente era jornalista, de que o seu trabalho era, dalgum modo, importante. Normalmente, quando entrava no Starbucks, estava a escrever o seu diário ou, de vez em quando, a trabalhar numa das suas lendas. É assim que os espiões lhes chamam – às identidades falsas que criaram para si mesmos. Nesse momento tinha umas dez em curso e todos os dias tentava acrescentar mais um pormenor, mais uma caraterística ou um facto da vida a pelo menos duas das identidades. À medida que avançava, caraterizava-se.

      O que lhe dava algo que fazer enquanto esperava que David voltasse.

      Storey regressou com o café dela e outro para si mesmo.

      “Há dois dias que não vem cá” – disse ela.

      “Teve saudades de mim?”

      “Não posso ter saudades de alguém que não conheço.”

      “Tenho um pedido de desculpa a apresentar.”

      Estava a deitar açúcar no café e parou.

      “Não andava a persegui-la” – disse ele. “Não quero que pense isso. Estava aqui por acaso quando entrou. Achei que parecia interessante. Sabe o que quero dizer? Vê-se uma pessoa e acha-se que se gostaria de a conhecer, de descobrir como fala e o que tem para dizer.”

      Sentou-se e observou-a, como se achasse que lhe tinha dado um presente.

      Janice deteve-se por um instante e, depois, disse: “Importa-se que trabalhe? Por mais que adorasse conversar.”

      Gostou da maneira como ele sorriu e como, a seguir, abanou a cabeça de modo que mostrava admiração, como se a competição em que estivessem empenhados tivesse passado para um nível diferente e ele soubesse que teria de melhorar o seu jogo. Mas não faças o jogo dele, não te deixes intrigar.

      Abrindo o computador, virou-o de modo que ele conseguisse ver o ecrã. Não havia nada escrito no documento, à exceção dum cabeçalho – Próximos Passos –, mas olhou por um momento para a página em branco e depois apagou-o, escrevendo o seu nome verdadeiro e função, só para fazer alguma coisa. Araminta Smith, jornalista. Dera com o nome numa peça que tinham feito na escola e sempre gostara dele. Parecia ter classe, o papel de Arianta.

      Storey ignorou o abandono dela, pegando no livro e continuando a ler.

      Irritada, contra sua vontade, disse: “É bom, o Steinbeck?”

      Ele baixou o livro.

      “Ganhou o Prémio Nobel com o seu pior romance. Imagine como devia ser bom. Viu As Vinhas da Ira, o filme?”

      “Talvez.”

      “Duro como pedras para um filme de Hollywood, mas coberto de açúcar em comparação com o livro.”

      Ela anuiu com um aceno de cabeça e voltou a olhar para o ecrã. Não sabia nada de literatura e começava a entrar em pânico quando as pessoas falavam de livros, não fossem fazer-lhe uma pergunta a que não soubesse responder. Nunca conseguia ler mais do que um artigo de jornal antes de adormecer. Um dia, começaria a concentrar-se nesse defeito e a corrigi-lo. Um curso curto em linha talvez bastasse.

      Aproveitou a oportunidade que ela criara. “Então, está a trabalhar num artigo, não é? Ou é algo mais mundano – nascimentos, óbitos e casamentos?”

      “Você não compreenderia” – disse.

      … e depois perguntou a si mesma por que razão teria dito tal coisa. Por vezes, até ela se espantava com a sua maldade. Ele parecia ser razoavelmente inteligente; então, porque estava a tentar antagonizá-lo?

      Inclinou o ecrã em direção a ela. “Não lhe posso dizer grande coisa acerca dele porque ainda estou a desenvolvê-lo. Estou apenas a investigar, a falar com pessoas.”

      “Dê-me uma ideia, para não ficar magoado.”

      Hesitou e, depois, disse: “É sobre corrupção no governo local. Não posso dizer mais nada.”

      “Há muita em Coventry?”

      “Ainda não sei. É por isso que estou a investigar.”

      “Conhece pessoas com quem possa falar, pessoas que possam dar com a língua nos dentes? É isso que faz?”

      Ela achou que a sua curiosidade era genuína, mas que não era bom deixá-lo avançar muito. Ainda não sabia nada acerca dele ou do que queria. Era bom que achasse interessante falar com ela, mas tinha demasiado que fazer e muitas coisas a que atender.

      “Como disse, não posso falar disto. Mesmo que pudesse, não lhe dizia nada. Não faço ideia de quem você é” – disse. Fez uma pausa e acrescentou: “Que queria dizer com isso de viver um dia de cada vez?”

      Ele encolheu os ombros. “Não leve a sério. Eu sou um brincalhão. Digo muita coisa que não sinto.”

      “Não acredito. Acho que você fala muito a sério.” Já a ficar zangada por ele não a levar a sério, disse: “Bem, isso chateou-me. Portanto, pode deixar-me em paz?”

      “Eu já cá estava.” Sem dar o braço a torcer.

      “Preciso da mesa para trabalhar. Além disso, você já quase terminou o seu café.”

      A expressão dele mostrava desânimo e empurrou a cadeira para trás, levantando-se. Finalmente, tinha-o tocado.

      “Andarei por aí” – disse ele.

      “Não perca tempo por minha causa.”

      “Matar o tempo. Deixar-me estar. Ficar onde não sou desejado.”

      “Ah, sim, você é escritor. Estou a perceber.”

      Pegou na sua chávena de café, olhou em redor da sala movimentada e encaminhou-se para um banco vazio no canto oposto, perto das casas de banho. Ela reparou outra vez nos seus ombros largos e nas suas ancas estreitas, uma boa silhueta. Talvez lhe pegasse noutra altura, quando estivesse menos ocupada.

      Ou talvez não.

      Paul perguntava a si mesmo o que estava a fazer com aquela mulher. Ela fizera-lhe uma pergunta simples há uns dias e ele despejara o que pensava: que podia fazer, como podia recuperar a situação? Ainda não estava num estado de espírito propício para sair com alguém, mas já não conseguia deixar de pensar nela. Ali СКАЧАТЬ