Название: Storey
Автор: Keith Dixon
Издательство: Tektime S.r.l.s.
Жанр: Триллеры
isbn: 9788873041719
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Cliff estava, então, à sua frente; sentiu umas mãos a agarrarem-lhe os braços e a endireitá-lo, a chiadeira da sua respiração, a visão toldada e uma dor de cabeça a formar-se na parte de trás do crânio. Pensou que estava a ser inspecionado.
Voltou a inclinar-se para a frente e queria cuspir, mas não o fez. Agora, Cliff deixava-o em paz e dava-lhe palmadas nas costas, como se tivesse passado num teste. Paul disse para consigo que devia calar-se e apenas respirar fundo. A visão começava a clarear, embora pudesse facilmente vomitar.
Cliff voltou a aproximar-se e baixou a voz para lhe falar ao ouvido. “Entra quando estiveres em condições. Não há pressa. Não é nenhuma sangria desatada” – disse, baixinho.
Depois, Paul ouviu os homens afastarem-se, a conversar entre eles. Apoiou as mãos nos joelhos e sentiu bílis na garganta.
Estava satisfeito por terem tirado aquilo do caminho.
Quando chegou à porta sentia-se melhor e perguntava a si mesmo por que razão havia de voltar para dentro do bar. Queria uma bebida, mas não sabia até quando conseguiria aguentar Cliff e as suas rotinas pseudomafiosas. Mas também sabia que se se fosse já embora daria parte de fraco e, fosse qual fosse a relação que tinha com Cliff, não podia fazer isso.
Ali estavam eles, sentados junto da janela da frente, sem um pelo fora do sítio e com o cabelo penteado com brilhantina, todos com um aspeto sóbrio, exceção feita de Gary, que queria mostrar ser agora superior a Paul.
Limpou a cadeira e sentou-se em frente de Cliff, olhando-o nos olhos, e virou-se a seguir para Gary, que ainda estava com um meio sorriso para ele e os olhos brilhantes.
Com um movimento displicente, Paul derrubou a imperial de Gary, entornando-lha no colo, e, antes que Gary conseguisse recuar e pôr-se em pé, Paul agarrou-lhe o cabelo e empurrou-lhe a cara contra a mancha de cerveja, mantendo-o assim enquanto olhava de novo para Cliff, ignorando as tentativas de Gary para se libertar. Tarzan e o Holandês ficaram tensos, mas não fizeram nada.
Cliff não se movera. “O Gary nunca te tocou” – disse.
“A sério? Então, devia ter cuidado com as companhias.”
“Está a ficar molhado. Além disso, depois cheira mal.”
“De qualquer modo, precisava duma muda de roupa. Eu já estava a ficar farto daquele casaco.”
Paul afastou a cabeça de Gary, empurrando-a, e o homenzinho levantou-se, cerveja a pingar-lhe da cara, e deu um passo em frente.
Em voz baixa, Cliff disse: “Não faças isso. Aqui, não. Vai lavar a cara. Aprende a não te rires dos infortúnios dos outros.”
“Vou lixá-lo” – disse Gary, limpando o queixo. “Espera e vais ver se não o lixo. Quando ele menos esperar.”
Afastou-se, encaminhando-se para a casa de banho. O Holandês foi ao balcão, trouxe guardanapos e secou a mesa.
“Lembro-me de ti da escola” – disse Cliff –, “mas, na realidade, não me recordo. É como se soubesse de ti – jogaste râguebi, capitão da equipa de ténis. Não me lembro de te ver muito. Repara, eu não ia muito à escola. Meti-me sempre em sarilhos. A minha vida levou uma volta diferente da tua, não foi? Meti-me na droga e, depois, no pequeno crime para a pagar. A merda do costume. Consegui sair antes de entrar nas drogas duras. Desde então, vivo aqui. Peixe miúdo em lago pequeno. Olha lá, onde é que aprendeste isso?”
“Isso, o quê?”
“O Gary estava a tentar sair de debaixo de ti, mas tu mantiveste-o seguro só com uma mão. Na merda das Forças Especiais ou coisa parecida? Pontos de pressão, etc.?”
Paul disse para consigo que tivera sorte – estava sentado num ângulo em que conseguia pressionar a cabeça de Gary para baixo sem demasiado esforço. Também não estava completamente fora de forma, pelo que conseguia rodar o ombro e o cotovelo para manter o homem, mais baixo, pressionado.
“Apanhei uma ou duas coisas. Autodefesa. Os seguros podem ser um negócio sujo” – disse.
Cliff estava a olhar por cima do ombro.
“Lá vem o Gary. Já podemos ir-nos embora. Levanta-te.”
Paul pensou que estavam finalmente a chegar a algum lado quando saíram e Cliff o guiou até um grande furgão branco estacionado na rua, perto duma praça de táxis.
Cliff abriu a porta do condutor e subiu, enquanto o Holandês abriu uma porta de correr do lado do passageiro e disse a Paul que entrasse. Uma vez lá dentro, Paul procurou um lugar e reparou que o Tarzan entrara atrás dele e ocupara o lugar à sua frente, com as molas a rangerem quando o grandalhão se sentava. Perguntou a si mesmo se o Tarzan estaria a guardá-lo. O Holandês e Gary iam à frente com Cliff, que ligou o motor, meteu a primeira e partiu, afastando-se do centro.
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