Название: O filho inesperado do xeque
Автор: Carol Marinelli
Издательство: Bookwire
Жанр: Языкознание
Серия: Sabrina
isbn: 9788413754802
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Até que Jobe apareceu na vida de Stella. Pela casa dela tinha passado um verdadeiro desfile de homens, o que a tornou cínica e receosa em tudo o que dizia respeito ao sexo. Apesar dos vestidos reduzidos e dos movimentos provocantes, nunca tinha sido beijada, e muito menos tudo o resto.
– Não permitas que a história se repita – dissera-lhe Jobe.
Na verdade, essa possibilidade aterrorizava-a, embora a necessidade começasse a tornar-se premente, já que Jobe tinha morrido e o dinheiro deixaria de chegar.
Esse pensamento levou-a a fechar fortemente os olhos, o que não era boa ideia tendo em conta que lhe estavam a aplicar o eyeliner.
– Um segundo – disse, e respirou fundo para tentar recompor-se.
– Não te preocupes – respondeu Vanda. – Já está quase. Deixa-me só dar-te um retoque nos lábios.
Aubrey abriu os olhos e descobriu que uma pequena multidão se tinha formado para presenciar a transformação. E era mesmo uma transformação.
Vanda aproximou-lhe um espelho e Aubrey esbugalhou os olhos ao ver-se.
– Estou…
– Incrível – Vanda sorriu.
– Não – respondeu Aubrey. Tinha de encontrar a palavra adequada. A maquilhagem era subtil e os seus olhos pareciam muito grandes e azuis. A boca, maquilhada num suave tom bege, projetava uma imagem doce, tão diferente do vermelho a que estava habituada. – Estou sofisticada.
– Vais encaixar na perfeição – disse Vanda, olhando brevemente para o vestido barato que levava, mas quanto a isso não podia fazer nada. – Vou dar-te uma amostra de lápis de lábios para que possas retocar-te antes do serviço fúnebre.
– Deixa, não precisas de fazer isso.
– Já viste quantas clientes tenho agora? Espero que o dia te corra tão bem como parece que me vai correr a mim.
Assim o esperava Aubrey porque, no fundo, estava aterrorizada.
Havia uma multidão às portas e o controlo de segurança era férreo, mas isso não a deteve. Caminhou para a barreira e dirigiu-se a um agente de segurança.
– O meu motorista deixou-me no local errado – tentou-o, mas o guarda lançou-lhe uma pergunta rápida.
– Nome?
– Aubrey – murmurou ela. – Aubrey Johnson.
– Espere aqui.
Não ia conseguir entrar. O seu nome não estaria na lista de convidados. Ainda assim estava habituada a entrar de penetra em concertos e coisas assim, e acalentava a esperança de conseguir contornar o segurança, ou de juntar-se a um grupo de convidados.
Mas não ia ter tal sorte.
O guarda falava pelo microfone com alguém e sabendo que não estava na lista, olhou em volta, tentando encontrar um ponto de onde, pelo menos, conseguisse ver o caixão. Queria dizer-lhe adeus. E não só em nome da sua mãe, mas também em seu nome.
– Por aqui, menina Johnson.
Ao ouvir o seu nome pestanejou várias vezes enquanto a fita de veludo era retirada. Devia ser um engano. Johnson era um apelido corrente.
– Siga aquele grupo – disse-lhe o guarda.
Aubrey assim fez. Subiu as escadas de pedra e assinou o livro de condolências antes de entrar, mantendo sempre a cabeça baixa, receando que o agente desse conta do seu erro.
E foi assim que Khalid a viu pela primeira vez.
Ele fora avisado de que uma das mulheres misteriosas já chegara e que estava à espera para assinar o livro de condolências. Ele examinou a fila, passou por ela duas vezes sem a ver, até que por fim um homem se afastou e ele a avistou.
Pelo que tinha ouvido falar sobre ela e pelas fotos que tinha visto, esperava uma figura menos delicada. Era pequena. Muito pequenina. Tinha a cabeça inclinada e sobre os ombros levava um xaile de renda que agarrava com uma mão.
Khalid começou a andar para ela.
– Desculpe – foi dizendo a quem estava no seu caminho, com todos a afastarem-se. Ninguém protestou, e não porque fosse um funeral, mas porque embora tivesse acabado de fazer a barba e estivesse com um fato negro, emanava dele um ar autoritário que levava as pessoas a afastarem-se instintivamente.
No seu país, ter-se-iam ajoelhado.
Aubrey estava demasiado preocupada para dar-se conta daquela agitação na fila. A primeira coisa que sentiu foi o perfume dele.
Khalid cheirava sempre divinamente. Al-lubān, ou incenso, misturado subtilmente com óleo de guaiacol de uma árvore de pau santo que tinham oferecido ao palácio. A essa mistura acrescentavam-lhe uma nota de bergamota, cardamomo e açafrão, tudo misturado no deserto de Al-Zahan por um místico e em exclusivo para Khalid.
Era subtil, mas cativante, a um ponto que, quando chegou a Aubrey, ela teve de levantar a cabeça como um suricata e virar-se para procurar a origem. Um homem muito mais alto do que ela aproximou-se. E era realmente tão alto que ao princípio só viu a sua gravata negra. Depois foi subindo para a camisa branca, o queixo forte e no final… aquele olhar ardente que a fez esquecer tudo o que sabia.
Esqueceu-se de que não devia estabelecer contacto visual. E esqueceu-se de que não confiava nos homens.
Assim que os seus olhares se encontraram, ela simplesmente esqueceu tudo.
A expressão de Khalid permaneceu impassível, embora tivesse sentido de imediato o seu poder de atração. Desde os seus olhos de porcelana azul até à sua boca sensual e carnuda, era cativante. Levava muito menos maquilhagem que naquelas fotos de mau gosto. Talvez apenas sobrasse um pouco de blush, mas Aubrey era mesmo excecionalmente bela. Era fácil de perceber como um homem poderia facilmente ficar fascinado por ela.
A ele não ia acontecer tal coisa.
– Acho que é a tua vez de assinar – disse-lhe.
A sua voz era profunda, rica e com pronúncia, e as suas palavras não fizeram sentido para ela por um instante, mas por fim lembrou-se. O livro de condolências! Agarrou uma pesada caneta de prata. A mão tremia-lhe ao escrever o seu nome.
Aubrey Johnson
Quanto à sua morada… era melhor pôr só Las Vegas. E a mensagem? Que podia dizer?
«Obrigada por fazer com que a minha mãe se sentisse como uma rainha, pelas viagens e pelos momentos divertidos…» Isso não podia escrever. A longa relação que mantivera com a sua mãe fora mantida em segredo.
«Obrigada por teres acreditado em mim…»
Teria gostado de escrever isso, mas também não o podia fazer. Ou…
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