Название: O filho inesperado do xeque
Автор: Carol Marinelli
Издательство: Bookwire
Жанр: Языкознание
Серия: Sabrina
isbn: 9788413754802
isbn:
A imprensa descrevia-o como um homem que gostava de brincar com as mulheres, mas nada mais longe da realidade: ele não brincava.
A nada.
As suas emoções estavam sempre sob estrito controle e não permitia que ninguém se aproximasse, nem sequer na cama.
Particularmente na cama.
Tinha tomado a decisão de não ter um harém. Detestava ver como a sua mãe sofria quando o seu pai visitava o harém. E como depois a acusava, quando nascia outra criança de uma das amantes, dizendo que a culpa por não conseguir dar-lhe outro herdeiro varão era dela.
As crianças assim nascidas não tinham o mesmo estatuto dos filhos do casamento, nem eram considerados da família. Ele não queria comportar-se assim, por isso tinha recusado o harém. Mas em Nova Iorque saía com mulheres sofisticadas e experientes que aceitavam a ausência de ternura fingida.
Era apenas sexo.
A sua absoluta ausência de afeto pagava-a com diamantes, presentes e, às vezes, até com dinheiro puro e duro. Naquela noite, levava uma boa maquia no bolso.
Capítulo 2
Nova Iorque, a Cidade dos Sonhos. E para Aubrey Johnson, a cidade do que poderia ter sido.
Oxalá estivesse ali noutras circunstâncias. Oxalá tivesse posto os pés em Manhattan para estudar música como sempre sonhara, mas estava ali para dizer adeus ao homem que lhe dera uma oportunidade.
Uma oportunidade que ela não tinha aproveitado.
O dia mal acabava de começar e já estava cansada. Sofrera uma infeção num ouvido e o voo de Las Vegas durara toda a noite, o que não tinha ajudado muito.
O funeral seria ao meio-dia e, embora fosse um evento íntimo e só para ilustres, era-lhe indiferente que não tivesse sido convidada. Sabia alguns truques e tentaria entrar às escondidas, mas, se não conseguisse, apresentaria o seu respeito a uma distância conveniente.
Parecia-lhe importante estar ali.
Na casa de banho do aeroporto, despiu as velhas calças de ganga e o top e substituí-os por um vestido preto de cocktail que uma amiga lhe emprestara. Ficava-lhe um pouco grande, mas disfarçaria com o xaile.
Foi de comboio e depois apanhou o metro. Seguindo as instruções que lhe dera a amiga, deu por si em Manhattan, numa rua muito concorrida num soalheiro dia de primavera.
Por um momento ficou com a cabeça caída para trás a contemplar ensimesmada os altos edifícios, mas depressa se viu atropelada por um mar de gente que caminhava com rapidez. Entrou nuns grandes armazéns e subiu para o segundo piso para beber um café, que bem o merecia. Mas o seu orçamento para aquele dia era muito curto.
Tinha visto na televisão que Jobe estava muito doente, por isso nas últimas semanas tentara fazer algumas poupanças, o que não tinha sido fácil, já que a infeção no ouvido a impedia de trabalhar no trapézio, e as gorjetas das mesas que servia tinham diminuído. Ainda assim, conseguira comprar dois bilhetes baratos de ida e volta para que ela e a mãe pudessem estar presentes no funeral.
Mas a sua mãe recusara-se a ir.
Stella adorava Las Vegas e tinha vivido intensamente a cidade, mas agora mal saía da sua caravana, e nunca durante o dia.
Tentou prolongar o café que estava a beber e, quando acabou, tomou o antibiótico e desceu as escadas para a área de cosmética. Distraiu-se a experimentar batons no dorso da mão, até que a empregada se aproximou para perguntar-lhe se podia ajudar.
– Assim espero – Aubrey suspirou. – Na verdade, não sei o que estou a procurar. Não costumo maquilhar-me.
Não era verdade porque, em cada noite que subia ao palco, usava uma espessa camada de maquilhagem, mas, se a sua amiga estava certa, a empregada iria oferecer-se para maquilhá-la. E assim foi.
Mas Aubrey hesitou. Não lhe parecia correto.
– Só me maquilho quando subo ao palco – admitiu.
– Então, procura um look mais natural?
– Sim, mas… – Aubrey respirou fundo. A empregada era mais ou menos da sua idade e, sem dúvida, esperava que ela comprasse algo para ganhar a sua comissão. – Na verdade não posso permitir-me comprar nada – admitiu.
A jovem olhou-a por um momento e depois sorriu.
– Pelo menos és sincera. De qualquer modo, deixa-me maquilhar-te. Com sorte, as pessoas virão espreitar e assim saímos as duas a ganhar – sentou-a num banquinho alto. – Onde vais? – perguntou. – A um funeral? – adivinhou, vendo-a vestida de negro.
– Sim. Um amigo da família. É um evento de alto nível e não quero chamar as atenções.
– Hoje deve ser o dia dos funerais. O de Jobe Devereux, o de… – interrompeu-se ao ver que Aubrey corava. – É a esse funeral que vais?
Jobe pertencia à realeza de Nova Iorque e, quando Aubrey assentiu, a jovem soube exatamente o que ela ia enfrentar.
– Então, vamos trabalhar. Ah, chamo-me Vanda.
– Aubrey.
Vanda tirou vários ferros de cabelo e alisou o ondulado cabelo loiro a Aubrey antes de analisar o seu rosto.
– Tens uma estrutura óssea incrível.
– Devias ver a minha mãe. Tinha umas maçãs do rosto maravilhosas.
– Tinha?
Aubrey não respondeu. A mãe fazia questão de não falar das suas mágoas e, mesmo estando longe de Las Vegas, preferiu não referir como o rosto da mãe tinha ficado marcado pelo fogo.
– Bom… – prosseguiu Vanda enquanto trabalhava, – dizes que usas maquilhagem no palco. A que te dedicas?
– Faço um pouco de tudo. Danço em alguns espetáculos, sou trapezista e…
– Não posso!
– Nada de glamouroso, acredita. Um pouco de tudo.
Um pouco de tudo para evitar dedicar-se à profissão mais velha do mundo. E quando devia a renda, quando não tinha horas extras para fazer… mas a sua mãe precisava dos medicamentos. Ainda bem que tinha encontrado outro modo de pagar as contas a cada mês.
O dinheiro de Jobe Devereux chegava pontualmente à sua conta e era também pontualmente que a sua generosa contribuição era gasta.
Fizera-o acreditar que estava a estudar música e Jobe, que não sabia nada da sua mãe e que era um homem muito ocupado, nem investigara. O dinheiro, em vez de ir para os seus estudos, acabava em operações, contas da clínica, medicamentos, reabilitação, mais operações…
Até a sua mãe pensava que era prostituta. Nunca lho tinha dito abertamente, СКАЧАТЬ