Название: Casamento por conveniência
Автор: Emma Darcy
Издательство: Bookwire
Жанр: Языкознание
Серия: Sabrina
isbn: 9788413485454
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O motivo estava ali, diante dos seus olhos, fazendo o seu coração bater mais depressa. Marco, o seu filho de dois anos e meio, estava ao colo de uma mulher de cabelos grisalhos e olhos escuros. Não era uma mulher qualquer, mas Isabella Valeri King, a lendária matriarca da família King.
A florista ficava em Cairns, e o Castelo de King estava localizado em Port Douglas, setenta quilómetros a norte, mas toda a comunidade italiana em Queensland conhecia e respeitava aquela mulher.
– É a mãe deste menino? – perguntou ela, com o rosto aristocrático a expressar reprovação.
Gina olhou para a criança que, no colo da septuagenária, parecia fascinada pelos cabelos brancos.
– Sim, sou eu. Marco, o que fizeste? Por que não estás no quintal?
O garoto sorriu, triunfante.
– Fiz uma escada de caixas e abri o portão.
O que significava que não podia voltar a ter a certeza da sua segurança ali na florista.
– Porque é que abriste o portão?
– Para andar de bicicleta.
– Ele estava na rua, a pedalar no triciclo a alta velocidade, e quase me atropelou – acusou a mulher.
– Lamento muito, senhora King, e agradeço-lhe por tê-lo trazido até aqui. Pensei que ele estivesse a brincar no quintal.
– O seu filho parece ser um grande empreendedor. Os meninos são aventureiros por natureza. É necessário ter sempre em mente essa característica e canalizá-la para actividades produtivas.
– Tem razão. Obrigada mais uma vez, senhora King.
A mulher olhava-a de maneira estranha, como se analisasse e catalogasse cada detalhe da sua aparência; os longos cabelos castanhos, a franja sobre a testa, os olhos cor de âmbar, a boca ampla, a estrutura óssea do rosto, o pescoço longo, os seios fartos sob a blusa sem mangas, a cintura estreita, as ancas largas, as pernas grossas e os pés delicados calçados por sandálias.
Era embaraçoso, como se estivesse a ser estudada por ser uma criatura descuidada que não se dava ao trabalho de cuidar do filho pequeno. O que não era verdade. Gina orgulhava-se de ser uma boa mãe. O problema era que Marco podia ser imprevisível e incontrolável em alguns momentos.
– Soube que é viúva.
– Sim, sou – respondeu Gina surpresa.
– Há quanto tempo?
– Há dois anos.
– Talvez o menino precise de um pulso masculino.
– Marco tem tios.
– Você é uma mulher jovem, atraente… Não está a ser cortejada por ninguém?
Qual era o problema daquela mulher, afinal?
– Eu… não conheci ninguém que…
– Era muito ligada ao seu marido?
– Sim.
– Isso não é bom para o menino. Passa a maior parte do dia a trabalhar, sem poder supervisioná-lo adequadamente, lutando pela sobrevivência, quando um marido poderia prover o vosso sustento e tirar essa carga dos seus ombros.
– Eu sei, mas… – Gina balançou a cabeça. Sabia que a tia estava a ouvir toda a conversa, e temia que se ofendesse. Afinal, o emprego em part-time na florista era um favor, especialmente porque podia levar Marco com ela todos os dias.
Se o menino passasse a criar problemas…
Maldição! Sabia que ouviria um sermão quando Isabella Valeri King partisse. No entanto, a senhora King parecia não ter pressa. Depois de ter feito o seu pequeno sermão, ela optou por um discurso diferente.
– Soube que também canta em casamentos.
– É verdade. – Como é que ela sabia tantas coisas a seu respeito?
– O seu agente enviou-me uma cassete com algumas canções. Tem uma voz adorável.
Finalmente a compreensão.
– Obrigada.
– Sabe que o Castelo King é usado para a realização de casamentos?
– É claro que sim! – Mas só para as cerimónias mais luxuosas e exclusivas.
– Estou sempre à procura de bons cantores, e há muito tempo que ando a pensar em testar uma voz poderosa no nosso salão de baile. Lá, a acústica é diferente da de um estúdio de gravação.
O salão de baile! Gina nunca estivera lá, mas as histórias sobre o castelo eram muitas. Estaria diante de uma oportunidade de ser contratada para cantar nos mais requintados casamentos? Poderia pedir um cachê muito mais alto. Afinal, teria de viajar de Cairns para Port Douglas, o que tornaria o trabalho mais caro. As possibilidades eram muitas e excitantes!
– Pode ir ao castelo no domingo à tarde?
– Sim. – Faria qualquer coisa para agarrar a sua grande oportunidade.
– Óptimo. Às três em ponto. E leve o menino consigo. – Ela olhou para Marco e, depois de uma certa hesitação, colocou-o no chão. Era surpreendente, mas ele permanecera quieto durante todo o tempo, sem tentar libertar-se como costumava fazer. Era como se estivesse fascinado pela mulher que falava com a sua mãe com tanta autoridade. – Tu vais visitar a minha casa com a tua mãe, Marco.
– Posso pedir a alguém para cuidar dele – sugeriu Gina, temendo que o comportamento imprevisível do filho pudesse prejudicar o seu teste.
A sugestão mereceu um olhar severo.
– Não faça isso. O seu filho é um menino encantador, e vou gostar de vê-lo a correr e a brincar na propriedade. Tomaremos chá e deixaremos a criança gastar energia junto à natureza.
– É… muito generoso da sua parte. Obrigada.
– Agora fica com a tua mãe, Marco. E não voltes a andar de bicicleta na rua. Não é seguro.
Obediente, ele aproximou-se de Gina e segurou a mão dela.
– Quantos anos ele tem?
– Dois e meio.
– Ele é ágil para a idade. E também fala muito bem. – O comentário revelava surpresa e admiração. – Deixei o triciclo ao lado da porta.
– Obrigada.
– Estarei à vossa espera no domingo. Às três.
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