Название: A Carícia da Morte
Автор: Блейк Пирс
Издательство: Lukeman Literary Management Ltd
Жанр: Современные детективы
Серия: Um Mistério de Riley Paige
isbn: 9781640294370
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De repente, Jilly falou.
“Onde é que vou dormir?”
Riley ficou aliviada por ouvir a voz de Jilly.
“Vais ter um quarto só para ti,” Disse. “É pequeno mas acho que é perfeito para ti.”
Jilly calou-se novamente.
Então, passados alguns momentos disse, “Mais alguém ficou nesse quarto?”
Agora Jilly parecia preocupada.
“Não desde que lá vivemos,” Disse Riley. “Tentei adaptá-lo a escritório, mas era demasiado grande por isso instalei o escritório no meu quarto. A April e eu comprámos uma cama e uma cómoda mas quando tivermos tempo, podes escolher alguns posters e uma colcha de que gostes.”
“O meu próprio quarto,” Disse Jilly.
Pareceu a Riley que ela soava mais apreensiva do que feliz.
“Onde dorme a April?” Perguntou Jilly.
Riley preferia que Jilly esperasse até chegarem a casa e então veria tudo por si própria. Mas a rapariga parecia precisar de uma garantia naquele preciso momento.
“A April tem o seu próprio quarto,” Disse Riley. “Mas tu e a April vão partilhar a mesma casa de banho. Eu tenho uma só para mim.”
“Quem limpa a casa? Quem cozinha?” Perguntou Jilly. Depois acrescentou ansiosamente, “Não cozinho lá muito bem.”
“A nossa empregada, Gabriela, trata disso tudo. Ela é da Guatemala. Vive connosco, num apartamento na cave. Vais conhecê-la não tarda nada. Ela vai tomar conta de ti quando eu tiver que me ausentar.”
Outro silêncio.
Então Jilly perguntou, “A Gabriela vai-me bater?”
Riley ficou abismada com aquela pergunta.
“Não. É claro que não. Porque é que ela faria uma coisa dessas?”
Jilly não respondeu. Riley tentou compreender o significado daquela questão.
Tentou convencer-se de que não deveria ficar surpreendida. Riley ainda se lembrava do que Jilly lhe tinha dito quando a encontrou na cabina do camião e lhe disse que tinha que ir para casa.
“Eu não vou para casa. O meu pai bate-me se volto.”
Os serviços sociais de Phoenix já tinham retirado a custódia de Jilly ao pai. Riley sabia que a mãe de Jilly estava em parte incerta há muito tempo. Jilly tinha um irmão algures, mas ninguém sabia notícias dele há algum tempo.
Partiu-se-lhe o coração perceber que Jilly receava receber um tratamento semelhante na sua nova casa. Parecia que a pobre rapariga nem conseguia imaginar algo melhor na vida.
“Ninguém te vai bater, Jilly,” Disse Riley, com a voz a tremer um pouco de emoção. “Nunca mais. Vamos tomar bem conta de ti. Percebes?”
Mais uma vez, Jilly não respondeu. Riley desejava que ela ao menos dissesse que percebia e que acreditava no que Riley lhe transmitia. Mas em vez disso, Jilly mudou de assunto.
“Gosto do teu carro,” Disse. “Posso aprender a conduzir?”
“Claro, quando fores mais velha,” Disse Riley. “Agora vamos é instalar-te na tua nova vida.”
*
Ainda caía alguma neve quando Riley estacionou o carro em frente à sua casa e ela e Jilly saíram da viatura. O rosto de Jilly contraía-se um pouco quando os flocos de neve lhe tocavam na pele. Parecia não gostar daquela nova sensação. E tremia freneticamente de frio.
Temos que lhe arranjar umas roupas mais quentes imediatamente, Pensou Riley.
A meio caminho entre o carro e a porta de entrada, Jilly estacou. Olhou para a casa.
“Não posso fazer isto,” Disse Jilly.
“Por que não?”
Jilly calou-se durante alguns instantes. Parecia um animal acossado. Riley suspeitava que o mero pensamento de viver num lugar tão aprazível a oprimia.
“Vou atrapalhar a April, não vou?” Perguntou Jilly. “Quero dizer, a casa de banho é dela.”
Parecia procurar desculpas, agarrar-se a razões para que tudo parecesse um projeto votado ao fracasso.
“Não vais atrapalhar a April,” Disse Riley. “Agora entra.”
Riley abriu a porta. No interior, à espera, estavam April e Ryan, o ex-marido de Riley. Os rostos eram sorridentes e acolhedores.
April foi logo ter com Jilly e deu-lhe um grande abraço.
“Chamo-me April,” Disse. “Estou tão feliz por teres vindo. Vais gostar muito de cá estar.”
Riley ficou alarmada com a diferença entre as duas raparigas. Ela sempre considerara April magra e desengonçada, mas ao lado de Jilly parecia robusta. Riley atribuiu a extrema magreza de Jilly ao facto de, ao longo da sua vida, ter passado fome em alguns momentos.
Tantas coisas que ainda não sei, Pensou Riley.
De repente, Gabriela surgiu da cave, apresentando-se com um amplo sorriso.
“Bem-vinda à família!” Exclamou Gabriela, dando um abraço a Jilly.
Riley reparou que a pele da robusta mulher Guatemalteca era apenas ligeiramente mais escura do que a de Jilly.
“Vente!” Disse Gabriela, pegando na mão de Jilly. “Vamos até lá acima. Vou mostrar-te o teu quarto!”
Mas Jilly afastou a mão e ficou parada a tremer. Começaram a correr-lhe lágrimas pelo rosto. Sentou-se nas escadas e chorou. April sentou-se a seu lado e colocou-lhe um braço à volta dos ombros.
“Jilly, o que é que se passa?” Perguntou April.
Jilly abanou a cabeça lastimosamente.
“Não sei,” Soluçou. “É só que… Não sei. É tudo demasiado.”
April sorriu amorosamente e deu-lhe uma palmadinha carinhosa nas costas.
“Eu sei, eu sei,” Disse. “Vem até lá acima. Vais-te sentir em casa num instante.”
Jilly levantou-se obedientemente e seguiu April. Riley ficou agradada por constatar a forma graciosa como a filha estava a lidar com a situação. É claro que April sempre dissera que queria ter uma irmã mais nova. Mas April tinha passado por momentos difíceis que a tinham traumatizado gravemente.
Talvez, Pensou Riley esperançosa, a April seja capaz de compreender a Jilly melhor do que eu.
Gabriela СКАЧАТЬ