Название: A Noite dos Corajosos
Автор: Морган Райс
Издательство: Lukeman Literary Management Ltd
Жанр: Героическая фантастика
Серия: Reis e Feiticeiros
isbn: 9781632916662
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E agora, com o Bastão da Verdade à mão, ela tinha uma guerra a travar.
CAPÍTULO SEIS
Ao partir, Lorna viu a ilha de Knossos, que ainda ardia, a desaparecer no horizonte. Ela estava destroçada. Ela estava na proa do navio, agarrando-se à amurada, com Merk ao seu lado e a frota das Ilhas Perdidas atrás dela. Ela conseguia sentir todos os olhos postos em si. Aquela amada ilha, que abrigava os Sentinelas, os bravos guerreiros de Knossos, já não existia. Em chamas. O seu glorioso forte destruído, com todos os seus queridos guerreiros, que tinham montado guarda durante milhares de anos, agora mortos, mortos pela onda de trolls. Exterminada pelo bando de dragões.
Lorna apercebeu-se de movimento e virou-se para ver, aproximando-se dela Alec, o rapaz que tinha matado os dragões e que finalmente fizera a Baía da Morte silenciar-se. Ele ficou ali, tão atordoado quanto ela, segurando a sua espada. Ela sentiu uma onda de gratidão para com ele e para com aquela arma que ele segurava nas suas mãos. Ela olhou para a Espada Inacabada, um objeto belo, conseguindo sentir a energia intensa que dela emanava. Lembrou-se da morte dos dragões. Ela sabia que nas suas mãos ele segurava o destino de Escalon.
Lorna estava grata por estar viva. Ela sabia que ela e Merk teriam encontrado um final fatal na Baía da Morte se aqueles homens das Ilhas Perdidas não tivessem chegado. No entanto, ela também sentia uma onda de culpa por aqueles que não tinham sobrevivido. O que lhe doía mais era que ela não tinha previsto isso. Em toda a sua vida, ela havia previsto tudo, todas as voltas e reviravoltas do destino na sua vida solitária de guarda na torre de Kos. Ela tinha previsto a chegada dos trolls, tinha previsto a chegada de Merk e tinha até previsto a destruição da Espada de Chamas. Ela tinha previsto a grande batalha na Ilha de Knossos – mas ela não tinha previsto o seu resultado. Ela não tinha previsto a ilha em chamas, não tinha previsto aqueles dragões. Ela estava a duvidar dos seus próprios poderes e isso incomodava-a mais do que qualquer coisa.
Como é que aquilo podia acontecer? Ela indagava-se. A única resposta poderia ser que o destino de Escalon estava a mudar a cada momento. O que tinha sido escrito há milhares de anos estava a ser apagado. Ela sentia que o destino de Escalon estava a ser ponderado e estava agora amorfo.
Lorna sentiu que todos no navio olhavam para ela, todos a querer saber para onde ir a seguir, todos a querer saber o que o destino lhes reservava enquanto se afastavam de barco da ilha em chamas. Com o mundo a arder em caos, todos procuravam nela a resposta.
Ali Lorna fechou os olhos e, lentamente, conseguiu sentir a resposta a surgir de dentro de si, dizendo-lhe onde eles faziam mais falta. Algo estava a obscurecer a sua visão, apesar de tudo. Com um sobressalto, ela lembrou-se. Thurn.
Lorna abriu os olhos e procurou nas águas abaixo, observando cada corpo flutuante que passava, com o mar de cadáveres a bater contra o casco. Os outros marinheiros, também, estavam à procura há horas, examinando os rostos com ela. No entanto, ainda não tinham sido bem-sucedidos.
"Minha senhora, o navio aguarda o seu comando", Merk incitou delicadamente.
"Andamos há horas à procura nas águas", acrescentou Sovos. "Thurn está morto. Devemos deixá-lo ir."
Lorna abanou a cabeça.
"Eu sinto que ele não está", ela respondeu.
"Eu, mais do que ninguém, desejava que assim fosse," respondeu Merk. "Devo-lhe minha vida. Ele salvou-nos do sopro dos dragões. No entanto, vimo-lo pegar fogo e cair para o mar."
"No entanto, não o vimos a morrer", ela respondeu.
Sovos suspirou.
"Mesmo que, de alguma forma, ele tivesse sobrevivido à queda, minha senhora, ele não poderia ter sobrevivido nestas águas", Sovos acrescentou. "Devemos deixá-lo ir. A nossa frota precisa de orientação."
"Não", disse ela, perentoriamente, numa voz autoritária. Ela conseguia sentir uma premonição a crescer dentro dela, um formigamento entre os olhos. Estava-lhe a dizer que Thurn estava vivo lá em baixo, algures no meio dos destroços, entre os milhares de corpos flutuantes.
Lorna observava as águas, esperando, desejando, ouvindo. Devia-lhe muito e ela nunca virava costas a um amigo. A Baía da Morte estava estranhamente calma, com todos os trolls mortos e os dragões idos; e, no entanto, ainda carregava um som próprio, o uivo contínuo do vento, os salpicos de mil carneirinhos, o gemido do navio deles ao ser atingido continuamente. Enquanto ela escutava, as rajadas de vento ficavam mais ferozes.
"Uma tempestade forma-se, minha senhora", disse finalmente Sovos. "Temos de velejar. Precisamos de orientação."
Ela sabia que eles estavam certos. E, no entanto, ela não podia desistir.
De súbito, no momento em que Sovos abriu a boca para falar, Lorna sentiu uma onda de excitação. Ela inclinou-se e viu algo ao longe, balançando nas águas, a ser levado pelas correntes em direção ao navio. Ela sentiu um formigamento no estômago. Ela sabia que era ele.
"ALI!", gritou ela.
Os homens correram para a amurada e espreitaram pela borda e todos viram, também: lá estava Thurn, flutuando na água. Lorna não perdeu tempo. Ela deu dois grandes passos, saltou para fora da amurada e mergulhou de cabeça, caindo vinte pés pelo ar nas águas geladas da baía.
"Lorna!", gritou Merk atrás dela, com uma voz de preocupação.
Lorna viu os tubarões vermelhos que abundavam lá em baixo e compreendeu a preocupação dele. Eles circundavam Thurn, mas ela viu que apesar de eles o espicaçarem, ainda não tinham sido capazes de furar a sua armadura. Ela apercebeu-se que Thurn tinha tido sorte por ainda estar na sua armadura, a única coisa que lhe estava a salvar a vida – e mais sorte ainda por estar a segurar-se a uma prancha de madeira, que o mantinha à tona. No entanto, os tubarões espicaçavam agora com mais força, tornando-se mais ousados. Ela sabia que tempo dele era limitado.
Ela também sabia que os tubarões viriam atrás de si e, ainda assim, ela não hesitaria, não quando a vida dele estivesse em perigo. Ela devia-lhe muito.
Lorna caiu na água, ficando em choque com o frio gélido e, sem parar, bateu os pés e nadou por baixo da superfície até o alcançar, usando o seu poder para nadar mais rapidamente do que os tubarões. Ela colocou os braços à volta dele, agarrando-o, sentindo-o vivo, embora inconsciente. Os tubarões começaram a nadar na sua direção. Ela preparou-se para fazer o que fosse preciso para mantê-los vivos.
De repente, Lorna viu cordas a caírem à sua volta. Agarrou-se com firmeza e sentiu-se a ser puxada para trás rapidamente, voando pelo ar. Foi mesmo a tempo: um tubarão vermelho saltou da água e atirou-se às suas pernas, falhando por pouco.
Lorna, segurando Thurn, foi puxada pelos ares, levantando-se no vento gélido, balançando descontroladamente, até baterem contra o casco do navio. De seguida, eles foram puxados para cima pela tripulação e, antes de ela voltar a bordo, ela olhou pela última vez para os tubarões agitados lá em baixo, furiosos por terem perdido a sua refeição.
Lorna aterrou no convés com um estrondo, com Thurn nos braços. Imediatamente, virou-o e examinou-o. Metade do rosto dele estava desfigurado, queimado pelas chamas, mas ele tinha, pelo menos, sobrevivido. Os seus olhos estavam fechados. Pelo menos eles não estavam abertos para o céu, o que era um bom sinal. Ela colocou СКАЧАТЬ