Название: Apenas os Dignos
Автор: Морган Райс
Издательство: Lukeman Literary Management Ltd
Жанр: Героическая фантастика
Серия: O Caminho da Robustez
isbn: 9781632917812
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Fioth virou-se para ela, com os olhos arregalados em pânico.
"VAI!", ele gritou.
Rea olhou para ele, atingida pelo terror, perguntando-se, se na sua condição, conseguiria simplesmente ficar de pé.
Ele agarrou-a, porém, ajudando-a a levantar-se. Ela gritou de dor, o movimento era uma pura agonia.
"Por favor!", ela chorava. "Dói-me muito! Deixa-me morrer!"
"Olha para os teus braços!", gritava-lhe ele. "Queres que ele morra?"
Rea olhava para o rapaz a gritar nos seus braços e, ao ouvir mais um embate contra a porta, percebeu que ele estava certo. Ela não podia deixá-lo morrer ali.
"E tu?", afligiu-se ela, apercebendo-se. "Eles também te vão matar."
Ele assentiu com resignação.
"Eu já vivi muitos ciclos de sol", respondeu ele. "Se conseguir atrasá-los para não te encontrarem, se conseguir dar-te uma hipótese de ficares em segurança, desistirei com agrado do que resta da minha vida. Agora vai! Vai para o rio! Encontra um barco e foge daqui! Rapidamente!"
Ele puxou-a antes de ela ter sequer oportunidade de pensar e, antes de ela dar por isso, ele levou-a para a entrada traseira do seu forte. Ele afastou uma tapeçaria, revelando uma porta escondida esculpida na pedra. Inclinou-se contra ela com toda a sua força e ela abriu-se, arranhando, libertando o ar antigo. Uma rajada de ar frio entrou para o forte.
Mal a porta se abriu, ele empurrou-a, a ela mais ao seu bebé, para fora.
Rea deu por si imersa na tempestade de neve, cambaleando pela margem íngreme e cheia de neve do rio, segurando o seu bebé. Ela escorregava e deslizava, sentindo que o mundo estava a desmoronar-se debaixo dela, mal capaz de se mover. Ao correr, um raio atingiu uma árvore imensa perto dela, iluminando a noite e fazendo-a cair muito perto dela. O bebé chorou. Ela estava horrorizada: ela nunca acreditaria que um raio poderia atacar numa tempestade de neve. Aquela era realmente uma noite de presságios.
O terreno ficou mais íngreme e Rea escorregou novamente. Daquela vez, ela caiu sobre o seu traseiro. A gritar, ela escorregou pelo declive abaixo até à margem do rio.
Ela respirou aliviada ao alcançá-la e percebeu que se não tivesse escorregado por ali abaixo, provavelmente não teria conseguido fugir. Olhou para trás, para cima, chocada com o quão longe tinha chegado e viu apavorada que os cavaleiros tinham invadido e incendiado o forte de Fioth. O fogo ardia violentamente, mesmo na neve. Ela sentiu uma enorme onda de culpa, sabendo que o velho tinha morrido por causa dela.
Um momento depois, os cavaleiros rebentaram a porta de trás. Mais cavalos começaram a galopar na sua direção. Ela conseguiu ver que eles a tinham visto e, sem pararem, correram para ela.
Rea virou-se e tentou correr, mas não havia nenhum lugar para onde ir. E ela também não estava em condições de correr. Tudo o que conseguiu fazer foi cair de joelhos diante da margem do rio. Ela sabia que iria morrer ali. Ela tinha chegado ao fim.
Porém, a esperança permanecia pelo seu bebé. Olhou à volta e viu um emaranhado de paus, talvez um ninho de castor, tão espesso que se assemelhava a uma cesta. Impulsionada pelo amor de uma mãe, pensou rapidamente. Estendeu a mão, agarrou-a e rapidamente colocou lá dentro o seu bebé. Testou-a e, para seu alívio, ela flutuava.
Rea preparou-se para empurrar a cesta pelas águas do calmo rio. Se a corrente a apanhasse, flutuaria para longe dali. Algures pelo rio abaixo. Quão longe e por quanto tempo, ela não sabia. Mas algumas hipóteses de vida eram melhores do que nenhumas.
Rea, a chorar, baixou-se e beijou a testa do seu bebé. Ergue-se para trás e gritou de dor. Com as mãos a tremer, ela retirou o colar do pescoço e colocou-o à volta do pescoço do seu bebé.
Ela pôs as mãos em cima das mãos dele.
"Amo-te", ela disse, entre soluços. "Nunca me esqueças."
O bebé chorava a gritar como se entendesse, um choro lancinante, que se ouvia ainda mais do que o estrondo dos novos trovões e relâmpagos, mais ainda do que o som dos cavalos que se aproximavam.
Rea sabia que não podia esperar mais. Ela deu um impulso à cesta e, em pouco tempo, a corrente apanhou-a. Ela observava-a, soluçando, enquanto ela desaparecia na escuridão.
Assim que ela a perdeu de vista, o barulho das armaduras aproximou-se por detrás dela – e ela virou-se e viu vários cavaleiros a descerem dos seus cavalos a poucos pés de distância.
"Onde está a criança?", um exigiu saber, com a viseira para baixo e a sua voz cortando a tempestade. Não era nada como a viseira do homem que a tinha possuído. Aquele homem usava uma armadura vermelha com um formato diferente e não havia bondade na sua voz.
"Eu …", ela começou.
Então ela sentiu uma fúria dentro de si – a fúria de uma mulher que sabia que estava prestes a morrer. Que não tinha nada a perder.
"Ele foi-se embora", ela cuspiu, desafiante. Ela sorriu. "E tu nunca o vais ter. Nunca."
O homem grunhiu de raiva e aproximou-se, puxando de uma espada e esfaqueando-a.
Rea sentiu a terrível agonia do aço no seu peito e arfou, sem fôlego. Ela sentiu o seu mundo a ficar mais claro, sentiu-se imersa numa luz branca. Ela sabia que aquilo era a morte.
No entanto, ela não sentiu medo. Na verdade, ela sentiu satisfação. O seu bebé estava seguro.
E, ao cair de cara no rio, com as águas a ficarem vermelhas, ela sabia que era o fim. A sua dura e curta vida tinha terminado.
Mas o seu filho viveria para sempre.
Mithka, uma mulher camponesa, estava ajoelhada na margem do rio, com o seu marido ao lado, os dois freneticamente recitando as suas orações, sentindo não ter nenhum outro recurso durante aquela estranha tempestade. Era como se o fim do mundo estivesse sobre eles. A lua cor de vermelho-sangue era um presságio terrível em si – mas aparecendo juntamente com uma tempestade como aquela, bem, era mais do que estranho. Era inédito. Algo importante, ela sabia, estava a acontecer.
Eles estavam ali juntos, ajoelhados, com a tempestade de vento e neve a bater-lhe nos rostos. Ela rezou pedindo proteção para a sua família. Misericórdia. Perdão por qualquer coisa que pudesse ter feito mal.
Uma mulher piedosa, Mithka tinha vivido muitos ciclos do sol, tinha vários filhos e tinha uma boa vida. Uma vida pobre, mas boa. Ela era uma mulher decente. Não se metia na vida dos outros, tinha cuidado dos outros e nunca tinha feito mal a ninguém. Ela rezava para que Deus protegesse os seus filhos, a sua casa e os seus, apesar dos seus parcos pertences. Ela inclinou-se e colocou as palmas das mãos na neve, fechou os olhos curvando-se, tocando, seguidamente, com a cabeça no chão. Ela rezou a Deus para lhe mostrar-lhe um sinal.
Lentamente, levantou a cabeça. Ao fazê-lo, os seus olhos arregalaram-se e o seu coração bateu com o que viu diante de si.
"Murka!", sibilou.
O marido virou-se e olhou, também. Ambos ficaram ali ajoelhados, imobilizados, olhando com perplexidade.
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