Uma sirene distante chamou sua atenção para a janela a tempo de pegar os últimos raios de luz deixando o céu da cidade. Ela podia ouvir o som fraco do tocar de música das casas noturnas na área onde ela morava. Ela havia escolhido um apartamento no coração da cidade por um motivo.
Ela podia sentir a vibração através da sua cama... O Submundo era o nome da boate sobre a qual ela morava. O aluguel era barato porque não havia como alguém viver aqui e esperar ter qualquer descanso, a menos que fosse durante o dia. à aà que Kyoko acreditava na sorte.
Onde mais poderia ter encontrado um lugar que funcionava durante as mesmas horas que ela? Não havia pessoas rudes correndo para cima e para baixo nos corredores... a menos que você contasse Yohji, mas ele geralmente não fazia nada, a menos que fosse no inÃcio da manhã quando ela chegava em casa ou à noite, antes de ir para o trabalho.
Falando em aluguel... o dela estava atrasado. Ela teria que prestar contas logo se não quisesse lidar com Yohji, o irmão do locador, que morava do outro lado do corredor dela. Na última vez que ela atrasou com o aluguel, ele de fato ofereceu para que ela trabalhasse para ele para cobrir a dÃvida. Ele pareceu bem desapontado quando ela lhe entregou o aluguel em seu total, menos de uma hora depois.
Ela olhou para o celular, vendo o sÃmbolo de mensagem piscar, e sorriu. Ao clicar nos botões que poderiam conectá-la a algo familiar, ela ouviu a voz de sua mãe, sem sequer prestar atenção ao que estava dizendo. Ela já sabia, de qualquer maneira.
"Olá Kyoko, é sua mãe," Kyoko imitou as palavras na secretária eletrônica. "Eu realmente queria que você ligasse, nós sentimos muito sua falta. GostarÃamos de saber quando você volta para casa, para que eu possa fazer o seu jantar favorito. Tama esteve muito bem no outro fim de semana, mas já está começando a ter recaÃdas por não te ver. Você está comendo bem ou precisa de algum dinheiro? Por favor, ligue, eu amo você."
Kyoko balançou a cabeça e deixou o correio de voz continuar a tocar o resto das mensagens. Uma era de Yohji, lembrando-a que o aluguel era devido. "Sim, sim... imundo." Ela apagou sua mensagem. O outro era de seu irmão mais novo, Tama, falando-lhe sobre sua última namorada, avisando ela para não contar ao avô senão ele espalharia rumores realmente embaraçosos sobre ela e Tasuki. Era uma ameaça vazia e ambos sabiam disso.
"Você vai ter que fazer melhor do que isso, irmãozinho," disse Kyoko no telefone.
Ela tinha saÃdo de casa para mantê-los seguros. Não havia como contornar o fato. Desde que ela era pequena, ela tinha medo dos demônios no mundo... mas isso não significava que ela quisesse que seu irmãozinho soubesse que os monstros dos filmes eram reais e esperavam na escuridão. Era como se ela fosse a única que podia vê-los andando entre os inocentes... alimentando-se deles.
Os demônios costumavam parecer pessoas normais até que tivessem sua vÃtima encurralada. Os demônios dentro da cidade estavam se multiplicando a um ritmo perigosamente rápido e ela estava tendo problemas para acompanhar o ritmo e ajudar a manter as chances dos humanos. Na verdade, ela sentia que estava perdendo a guerra.
Aqueles seres humanos que ela estava tentando proteger deram ao mal um nome através de livros e filmes... vampiros. Era apenas um nome, porém... vampiro, demônio, para ela era o mesmo. Ela encolheu os ombros. Com ela era quase como um espelho de dois sentidos porque, embora pudesse detectar os vampiros... eles também sabiam quando ela entrava em uma sala lotada. Ela não pensava que eles pudessem detectar seu poder... não era o que parecia atraÃ-los para ela... era mais como um sino de jantar com ela como o prato principal.
Ela já havia até mesmo ido ao médico uma vez para ver se ela tinha um tipo estranho de sangue... pensando que ele estava os atraindo para ela. Mas o doutor tinha dado a ela um laudo perfeito. O que dava a ela arrepios frios foi que, quando ela estava saindo do escritório, o médico a impediu e pediu que ela doasse sangue. Estranho... foi bem estranho.
Por algum motivo, os vampiros sempre foram atraÃdos para ela e ela tinha que lutar contra eles. Talvez o médico simplesmente não estivesse procurando a coisa certa. Uma expressão triste deslizou por seu rosto, pois sabia que era por isso que ela tinha que permanecer sozinha. Ela tinha colocado sua famÃlia e amigos em perigo muitas vezes para viver perto deles. Da última vez, ela foi seguida até sua casa. Era difÃcil o bastante manter seu segredo sem ter um demônio no quintal de casa.
Seu avô era quem a trouxera para essa vida, então foi a ele que ela fez a pergunta que a atormentava. Como os vampiros sentiam quando estava perto e por que eles sempre a buscavam em um lugar cheio de centenas? Ela lembrou-se de ele ter tocado o queixo enquanto pensava profundamente, mas a maneira como ele olhou para ela fez com que ela sentisse que ele estava guardando algo dela.
"Eu vou pesquisar e informá-la se eu tiver uma pista." Era tudo que seu avô tinha dito.
Ela parou de questionar por que ela tinha o poder de atingi-los e realmente machucá-los... não era como se eles não conseguissem se virar de vez enquanto, no entanto. Ela havia mancado muitas vezes para casa para pensar que ela era indestrutÃvel. Mas ela se curava mais rápido do que qualquer um que ela conhecia e ela poderia levar um socão melhor que... certo, ela não conhecia ninguém que pudesse aguentar o que ela podia... qualquer humano que fosse.
Agora que ela estava a uma distância segura de tudo o que ela amava... Kyoko tinha uma razão para se irritar e um motivo para lutar. Ela os culpava por isso... os demônios que a perseguiam. Eles a forçaram a sair de casa e abandonar tudo que lembrava uma vida normal. Agora, sua famÃlia havia se mudado para a casa do santuário. Convenhamos, isso os deixava mais perto de Tasuki e isso fazia ela se sentir melhor.
"Não é tão ruim," Ela disse em voz alta dentro da solidão de seu apartamento. Saindo da cama, ela se dirigiu para a pequena cozinha e abriu a geladeira. "Certo... talvez seja sim tão ruim," Kyoko sorriu, vendo que ainda estava vazia.
Ela teria só que ir caçar vampiros hoje à noite e, se eles tivessem um punhado de dinheiro no bolso quando ela os matasse, então que seja... não era como se pudessem levá-lo para o inferno com eles. Ao fechar a porta, ela se virou para a única coisa que ela sabia que tinha o bastante. "Agradeço a Deus pelo café."
Ela levantou a taça aos lábios, sabendo que seria uma longa noite.
*****
Hyakuhei deitou-se na cama ouvindo a voz de seu irmão mais uma vez antes que ela desaparecesse. Isso tinha se tornado um hábito... embora, na opinião dele, era melhor que estar cara a cara. Eles ouviam os pensamentos uns dos outros na maioria das noites, durante os poucos momentos que levavam para que o sol se pusesse... então a ligação desaparecia. Ultimamente, as conversas silenciosas estavam se tornando cada vez mais perturbadoras.
Ele olhou para o dossel que cobria sua cama... vendo o presente de seu irmão. O Espelho das Almas aparecera em seu quarto há mais de um mês... ele já o havia visto antes. Era o único espelho que poderia lançar o reflexo de um vampiro. Já tinha sido preciosa propriedade de seu irmão.
Quando ele chamou silenciosamente Tadamichi, perguntando por que ele havia lhe dado, seu irmão respondeu: "Eu só quero lembrá-lo do que você é."
Ele СКАЧАТЬ