Escândalo na realeza. Caitlin Crews
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Название: Escândalo na realeza

Автор: Caitlin Crews

Издательство: Bookwire

Жанр: Языкознание

Серия: MINISERIE SABRINA

isbn: 9788413752532

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СКАЧАТЬ o pai?

      Isso fez com que se sentisse ainda mais envergonhada e com que quase sentisse náuseas.

      – O pai perguntou-me o mesmo – disse ela, em vez de responder à pergunta.

      A resposta era… sórdida e humilhante. Embora lhe tivesse parecido maravilhoso antes. Finalmente, tinha um segredo! Finalmente, era uma mulher moderna como todas as que conhecia! Entrara no seu próprio futuro, deixara de se preservar como uma donzela virgem numa montra só porque, por algum motivo, a família escandalosa se unira e quisera que não cometesse os mesmos erros que eles tinham cometido. Verificara como era divertido até chegarem as náuseas de manhã.

      Matteo franziu mais o sobrolho, algo que parecia impossível.

      – O pai sabia?

      – A mãe e o pai sabiam – corrigiu, num tom fraco.

      Na verdade, a vida que estava a gerar-se dentro dela era o que lhe parecia menos incrível. Não entendia como o mundo poderia girar sem os pais nele. A mãe fora como o céu infinito e propenso a tempestades repentinas, mesmo que fosse na quietude da sua sala. O pai fora como um vulcão. Enorme, imponente e sempre à beira da erupção.

      Como era possível que ambos tivessem desaparecido? Como podia viver com a certeza de que fora ela que os matara de uma forma ou de outra?

      Levou uma mão à barriga e começou a acariciá-la, mas ficou imóvel quando viu que o olhar sombrio de Matteo seguia esse movimento. Outra onda de vergonha apoderou-se dela.

      – O que…? – Matteo abanou a cabeça como se não conseguisse assimilar a informação. – O que disseram?

      – Mais ou menos, o que podia esperar-se. A mãe quis certificar-se de que sabia que era melhor ter um filho, porque as filhas acabavam por nos roubar a beleza.

      Pia preferiu não lhe contar o momento de tensão que tinham vivido quando a mãe e ela se tinham entreolhado e nenhuma das duas comentara o evidente, que ela não fizera algo parecido. Matteo pestanejou e ela continuou.

      – O pai disse e cito textualmente: «Devia ter sabido que acabarias por te tornar uma ordinária.»

      Matteo e ela entreolharam-se por um instante.

      Pia sentiu um nó no estômago e não por causa das náuseas daquela manhã, mas por deslealdade. Os pais sempre tinham sido atrozes. Os arrebatamentos de fúria eram uma das suas formas de se comunicar mais habituais. Sempre tinham sido capazes de dizer coisas terríveis e costumavam dizê-las e, depois, fazer alguma coisa para as compensar. Normalmente, não diziam nada diretamente, mas levavam-na de viagem a sítios remotos ou tinham ataques repentinos de carinho e doçura.

      Sabia que os dececionara, mas se estivessem vivos, a fúria teria dado lugar a algo mais delicado, independentemente do que pudessem ter-lhe dito no ardor das suas reações. Ela também devia tê-lo dito, devia ter deixado claro que sabia que ambos se teriam suavizado.

      Mas já era tarde. Para eles, certamente… e para ela, a filha que sempre os dececionara. Conseguia ouvir movimentos na casa, fora da biblioteca. Os empregados estavam a preparar a receção que haveria depois do enterro e do velório, quando os colaboradores e colegas da indústria, porque Eddie Combe não fizera amigos, se reuniriam para fingir que sentiam a falta dele. Além disso, os chefes de estado da Europa mandariam os seus emissários. Efetivamente, Eddie Combe saíra das fábricas escuras de Yorkshire, mas casara-se com uma San Giacomo e os San Giacomo tinham sido da realeza veneziana. Um dos seus antepassados fora príncipe e isso significava que a flor e a nata da Europa tinha de apresentar as suas condolências, mesmo que não tivessem feito caso a Eddie.

      Pia não queria participar nisso e não só por causa do medo de causar um choque quando aparecesse no seu… estado. Não queria porque continuava sem conseguir acreditar que os pais tinham falecido quando não tivera tempo de descobrir se se retificariam, quando já não chegaria a saber se, daquela vez, os dececionara demasiado ou se se suavizariam como costumavam fazer.

      Parecia-lhe prematuro chorá-los e parecia-lhe muito injusto que quisessem que o fizesse em público, como se participasse num espetáculo para que os outros o vissem e o julgassem.

      – Sabes quem é o responsável pelo teu… estado ou preferes não dizer o seu nome? – perguntou Matteo, com uma frieza gélida.

      Era possível que estivesse mais vulnerável do que achava, porque isso a afetou muito.

      – Acho que eu sou a responsável pelo meu estado. Não me… atacaram, se te referes a isso. Não me fizeram nada em que não tenha participado com entusiasmo. Não sou uma rapariga em apuros, Matteo.

      Uma parte dela poderia ter gostado de estar grávida se não surpreendesse todas as pessoas que conhecia. Sempre quisera ter uma família, não a que tinha, mas uma família real, a família que imaginava que todos os outros tinham.

      Matteo observava-a com atenção e ela quase conseguia ver a maquinaria a trabalhar na sua cabeça.

      – Foi naquela viagem que fizeste a Nova Iorque, não foi?

      – Se te referes à viagem que fiz para celebrar o facto de ter saído daquela escola, então, sim.

      Lutara muito por aquilo e fora Matteo que dera um passo à frente para dizer abertamente aos pais que ela também merecia, como todos, uma oportunidade de viver a sua vida de mulher adulta. As faces coraram ainda mais quando imaginou o que ele estaria a pensar dela nesse momento.

      – Passámos uma semana fantástica em Nova Iorque. E voltei com um pouco de… peso extra.

      – Não entendo. Tu…?

      Ouviam-se passos do outro lado da porta e as nuvens começavam a acumular-se nas colinas. Olhou fixamente para o irmão e as faces arderam-lhe tanto que lhe doeram.

      – Não entendes? A sério? Nas revistas, vi muitas fotografias tuas com mulheres diferentes, mas continuas solteiro. Como é possível?

      – Pia…

      – Se vais agir como se fôssemos vitorianos, Matteo, devia poder perguntar-te pela tua… honra. Não é?

      – Lamento muito, mas não tenho o costume de ter relações íntimas com mulheres que não conheço.

      – Muito bem. Então, suponho que seja uma rameira – replicou ela, endireitando-se.

      – Duvido muito – resmungou Matteo.

      No entanto, a palavra ficou a ecoar-lhe na cabeça porque as portas da biblioteca se abriram. Os empregados que Matteo conseguira afastar entraram e a secretária dele sussurrou-lhe alguma coisa ao ouvido. Chegara o momento de fazerem a sua tarefa triste.

      Sabia que o pai pensara exatamente isso dela, mesmo que fosse apenas por um instante. Olhara para ela por uma vez na sua vida, porque Eddie Combe costumava concentrar a sua atenção em si próprio, e apenas três dias antes de ter o ataque de coração dissera-lhe na cara que era uma ordinária.

      Não parava de se repetir que não havia causa e efeito, que o ataque de coração não tinha nada a ver com o seu estado e que, se tivesse tido mais tempo, a teria procurado ao fim de algum tempo e lhe teria oferecido algo parecido com um ramo de oliveira.

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