Escândalo na realeza. Caitlin Crews
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Название: Escândalo na realeza

Автор: Caitlin Crews

Издательство: Bookwire

Жанр: Языкознание

Серия: MINISERIE SABRINA

isbn: 9788413752532

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СКАЧАТЬ podia mudar aquilo.

      A mãe apercebera-se, uma semana antes da sua morte, de que Pia estava a ficar… gordinha e Pia sabia há muitíssimo tempo o que tinha de fazer para evitar a língua afiada da mãe. A mãe vira imediatamente que aumentara de peso, como via quando a filha era uma jovem tímida e com a cara redonda.

      – Só as pobres sem perspetivas são gordas.

      A lendária Alexandrina San Giacomo dissera aquilo à filha abatida de doze anos sem alterar a expressão, o que piorara tudo.

      – És uma San Giacomo e os San Giacomo não têm bochechas. Aconselho-te a largar os doces.

      Depois, Pia tentara por todos os meios evitar os desprezos da mãe, já que nunca poderia estar à altura dos seus critérios de beleza e elegância naturais.

      Estivera de dieta durante toda a adolescência, mas as bochechas tinham-se mantido obstinadamente no seu lugar. Até, uma manhã, com vinte e dois anos, acordar e terem desaparecido.

      Pouco depois, e infelizmente, fizera a viagem fatídica a Nova Iorque e Pia não sabia porque a mãe fizera aquilo.

      Não podia afirmar categoricamente que fora porque descobrira que a filha solteira estava grávida e prestes a protagonizar um escândalo dos que a mãe achava que eram exclusivos dela. Não passara a infância a pôr-lhe na cabeça que tinha de andar direita, que tinha de ser incomparável e permanecer sem máculas? Tinha de ser, acima de tudo, a Branca de Neve, tinha de ser pura como a neve virgem ou ela, Alexandrina, saberia o motivo.

      A verdade era que Alexandrina não gostara do motivo.

      Não podia garantir que a mãe a mimara mais do que o habitual, como fizera e com esse resultado trágico, por causa da notícia de já não ser virgem e, além disso, de estar grávida de um desconhecido que não sabia como se chamava. No entanto, também não podia garantir que não fora o motivo.

      Seis semanas depois, Alexandrina morrera e deixara a pequena família desolada, assim como a sua legião imensa de admiradores. Então, há três dias, o pai, o insolente e incombustível Eddie Combe, que ela considerava imortal, sofrera um ataque de coração e morrera nessa mesma noite… e ela já tinha a certeza. Fora tudo por causa dela.

      – Falas a sério – comentou Matteo, num tom sombrio.

      Tentou manter o rosto inexpressivo como a mãe fazia sempre, sobretudo, quando a situação era mais grave.

      – Receio que sim.

      – Saberás que o enterro do nosso pai é dentro de uns minutos?

      Pia decidiu que não era uma pergunta real e esperou com as mãos cruzadas à frente dela, como se pudesse ficar assim todo o dia. Olhou para trás do irmão para observar as colinas verdes de Yorkshire por baixo do céu plúmbeo. Matteo observou-a com uns olhos cinzentos e mais escuros do que esse céu.

      – Pareces grávida, Pia – continuou Matteo, como se ela não se tivesse apercebido.

      – Estou.

      – Haverá imprensa e fotógrafos por todos os lados. Não conseguimos evitá-los há seis semanas e, hoje, será ainda pior. Consegues imaginar o choque que uma gravidez evidente causará.

      Tinha de reconhecer, em sua honra, que estava a tentar falar sem cerrar muito os dentes.

      – O que propões que faça?

      Pia perguntou-o sem se alterar, como se não estivesse acordada desde a noite em que o pai morrera. Seria pior se não fosse ao enterro?

      – Pode saber-se como aconteceu? – resmungou Matteo.

      Pia sempre se considerara unida ao irmão. Ao fim e ao cabo, tinham estado os dois sozinhos, com uma diferença de dez anos, no meio da história de amor tempestuosa e exagerada dos pais.

      Eddie Combe fora famoso por ser implacável com os seus adversários e pela sua própria empresa, a Indústrias Combe, que era o fruto desses Combe aguerridos que tinham saído das fábricas têxteis.

      Alexandrina San Giacomo, pelo contrário, fora a mulher mais bonita do mundo. Fora o que tinham dito dela desde que fizera dezoito anos. Estrelas da pop tinham cantado louvores no seu enterro e todos tinham visto a transmissão na televisão. Era raro haver um dia em que Pia não encontrasse alguma biografia onde lhe chamavam «a bela» ou «o anjo do nosso tempo» e isso quando eram moderados.

      A história de amor dos pais fascinara uma geração e ela também se vira transportada, sobretudo, quando o que conhecera do seu amor fora os gritos, a louça partida, esses… barulhos atrás das portas fechadas à chave e a fixação absoluta um com outro, independentemente de quem estivesse no quarto.

      Matteo, com uma beleza sombria e intensa, dedicava-se ao seu papel como herdeiro dos San Giacomo e como sucessor da empresa familiar do pai e era o tipo de filho que podia esperar-se de uma união assim.

      Pia, pelo contrário, fora protegida durante quase toda a sua vida e atribuíra-o sempre às suas bochechas. Tinham-na mandado para um convento e para uma escola para refinar as meninas e toda a família chegara a limites inconcebíveis para que não fosse vista em público.

      Todos diziam que era para a proteger e para o seu próprio bem, mas ela sabia que era porque era pouco elegante e gordinha. A mulher mais bonita do mundo não podia ter uma filha assim, pois não?

      Alexandrina fora um verdadeiro cisne e ela, em comparação, continuava a ser o patinho feio e já se resignara… ou tentara com todas as suas forças.

      – Perguntaste-me como aconteceu?

      Olhou fixamente para Matteo e teve vontade de se rir, mas conteve-se devido à mais do que provável reação do irmão.

      – Não quero dizer que o grites aos quatro ventos, mas tinha quase a certeza de que já… sabias como.

      – Obrigado por brincares com o assunto, Pia – replicou Matteo, num tom cortante. – Alegro-me por tudo isto ser uma piada para ti. O enterro do nosso pai começa dentro de uma hora. Não achas que podias ter-me avisado – o irmão olhou para ela de cima a baixo e ela sentiu que as faces coravam –, disto?

      – Pareceu-me que tinha de o fazer cara a cara e estiveste em Londres desde… – Não queria falar da morte da mãe. – Sabia que virias ao enterro e pensei que podia esperar até te ver.

      Já tinha quase vinte e três anos e, efetivamente, tinham-na protegido desmesuradamente durante toda a vida, mas era uma mulher adulta e não entendia porque se sentia como uma criança quando o seu irmão mais velho a observava com o sobrolho franzido.

      – Isto é um desastre – resmungou Matteo, como se ela não soubesse. – Não é uma brincadeira.

      – Matteo, não és tu que não podes usar quase nada do que tens no armário – replicou Pia, com desenvoltura, porque não podia fazer outra coisa. – Acho que não é preciso dizeres como tudo isto é real.

      Olhou fixamente para ela e abanou a cabeça. Ela tentou fazer boa cara, mas estava envergonhada e sentia que lhe ardiam as faces, como o resto do corpo. Doía-lhe que Matteo olhasse para ela como se estivesse dececionado e receava continuar СКАЧАТЬ