Название: Chantagem com a noiva
Автор: Kim Lawrence
Издательство: Bookwire
Жанр: Языкознание
Серия: Sabrina
isbn: 9788413485492
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A sua sinceridade não foi suficiente para suavizar a expressão austera do homem que a interrogava.
– Então, estás aqui por acaso? – perguntou e observou atentamente a roupa que ela usava. – Vestida dessa maneira?! – os seus lábios cruéis e fascinantes deixaram escapar um suspiro impaciente.
– Olha quem fala! – exclamou, olhando alternadamente para os dois homens, também eles vestidos de preto. Kate sorriu ao pensar que aquilo mais parecia uma convenção de ladrões mascarados de preto.
– Estás a divertir-te imenso com tudo isto, não? – indagou o homem num tom rude e agressivo.
O outro homem permaneceu na penumbra do quarto. Devia estar satisfeito por ser o companheiro a conduzir o interrogatório. Tendo em conta o seu porte atlético, provavelmente era ele quem se encarregava da parte física dos negócios. Se bem que o outro não necessitasse da sua ajuda para esse efeito, concluiu Kate, observando o seu entroncado corpo. «Pára com isso!», aconselhou-a uma vozinha no seu interior.
Depois de respirar fundo, na tentativa de afastar o medo e as especulações libidinosas, procurou analisar a situação com objectividade. Finalmente, chegou à conclusão de que se quisesse sair dali, teria de falar com aquele homem. Ainda que a sua expressão não fosse nada animadora. Já tinha visto estátuas de pedra com feições mais suaves.
– Claro. É divertidíssimo ser atacada no escuro por um bandido estúpido e enorme – comentou com amargura, ao mesmo tempo que esfregava as costas doridas. – De certeza que amanhã vou estar cheia de nódoas negras – gemeu.
– Se me tomas por um bandido pouco inteligente, não achas que me devias tratar com mais respeito?
– Isso é uma ameaça? – perguntou, atenta ao olhar vigilante do homem que revelava uma astúcia sagaz.
– Se fosse uma ameaça, ter-te-ias apercebido de imediato.
– Então, não passou de uma manobra para me intimidar – apreensiva, reparou no brilho que brotava daquele olhar arrepiante. Contudo, Kate não queria ser alvo daquele tipo de interesse que parecia despertar nele. A sua liberdade só seria viável se ele a considerasse inofensiva e atoleimada. – Tenho o hábito de conceder o benefício da dúvida seja a quem for, no entanto, creio que esse princípio não se aplica a este caso – declarou, indo contra a sua decisão inicial. – És um bandido da pior espécie. Provavelmente, devia estar calada, mas sempre que me enervo não consigo parar de falar… fui sempre assim…
– Acho que não estás nervosa – interrompeu-a, calmamente. – Julgo que por detrás desses olhos grandes e inocentes és tão dura como uma pedra. Estavas aqui à espera do González? Ou ele pediu-te para vires aqui buscar alguma coisa? Por acaso, ele sabe que nós andamos à procura dele? Então?
– Não lucras nada com essas intimidações – advertiu-o Kate, consciente de que o deixara confuso, e questionou-se sobre se estaria a ser atrevida ou simplesmente estúpida ao enfrentá-lo. Na realidade, não conseguia evitá-lo; havia algo nele que a incitava a desafiá-lo.
– Não sou um malfeitor – retorquiu, irritado.
Ela sorriu com amável incredulidade, e pareceu-lhe ouvir o rilhar daqueles dentes brancos e perfeitos.
– Não conseguirás esclarecer nada porque eu não faço a menor ideia do que estás a falar – abanou a cabeça com um movimento tão enérgico que o capuz caiu-lhe.
O homem franziu o sobrolho ao ver os seus maravilhosos cabelos louros. Kate sentiu um nó no estômago quando aqueles olhos azuis percorreram o seu corpo de uma forma insolente e se detiveram nas partes mais relevantes.
Instintivamente, quis proteger-se com as mãos. Contudo, depressa se apercebeu do quanto estava a ser ridícula e deixou cair os braços ao longo do corpo. Reparou, então, que segurava na mão uma quantidade considerável de cabelos escuros. Abriu-a e desenvencilhou-se deles, recordando-se da forma como lutara para se libertar dos seus braços e do puxão de cabelo que lhe dera.
– Devias saber que ele não estava aqui. Vieste por iniciativa própria? Querias aproveitar-te da ausência dele? – perguntou sem desviar o olhar dela. – Vê se descobres o que ela procurava nessa gaveta, ouviste, Serge?
Kate sentiu um calafrio. Dava a impressão de que nas veias daquele homem corria água gelada em vez de sangue.
– É evidente que não estou aqui por acaso – admitiu, enervada, enquanto o tal Serge, com uma rapidez surpreendente para a sua estatura, se dirigiu para a cómoda.
Os batimentos cardíacos de Kate aumentaram assustadoramente, o que era natural numa situação como aquela. Porém, o que a preocupava não era isso; era ter consciência de que o seu nervosismo se devia ao magnetismo daquele homem. Disfarçadamente, olhou para ele e sentiu um aperto no coração.
O homem emanava uma sensualidade imponente. Nunca vira nada assim. No entanto, aquele não era o momento ideal para analisar a estranha atracção que sentia por aquele sujeito de olhar frio. Tinha de esquecer tudo o resto e concentrar-se.
Pelos vistos, a irmã não era a única Anderson a sentir-se atraída pelo perigo.
– Estou aqui para recuperar algo que não pertence a esse tal senhor González. E que é… meu – afirmou calmamente, incapaz de desviar o olhar daquela figura corpulenta que revolvia o conteúdo da gaveta, espalhando-o pelo chão. Consciente de que o outro a observava atentamente, humedeceu os lábios com nervosismo.
Conviveu com muitas pessoas culpadas, por isso, facilmente reconheceu que ela própria evidenciava todos os sinais de culpabilidade.
– Acho que a surpreendemos com isto, Javier.
Kate não pode evitar lançar-se sobre as fotografias quando Serge as entregou ao tal Javier.
– São minhas! – gritou.
Durante alguns segundos, Kate ofereceu resistência aos dedos que apertavam os seus pulsos como algemas, e não tardou a olhar com ressentimento para o seu agressor, ao mesmo tempo que sentia os olhos encherem-se de lágrimas de dor e frustração.
– Não tens o direito… – calou-se quando o homem, conhecido por Javier, começou a abrir o envelope.
Aterrorizada, viu-o tirar uma fotografia e analisá-la.
Kate deu conta de que corava intensamente quando o homem desviou o olhar da fotografia e a encarou, antes de olhar de novo para a fotografia e de guardar no envelope. De seguida, tirou os negativos e esteve a vê-los contra a luz. O leve tremor dos seus lábios revelava a repugnância e a reprovação que sentia perante o que via.
Serge perguntou-lhe algo em castelhano e o outro respondeu-lhe no mesmo idioma. Kate cerrou os dentes e apertou as mãos com força. A sua raiva aumentava perante as gargalhadas dissimuladas que os dois davam às custas de Susie.
– Fazes isto para ganhar a vida ou é apenas um passatempo?
«Julga que as fotografias são minhas», constatou, boquiaberta. Noutras circunstâncias, até lhe agradaria que confundissem o seu corpo com o de Susie, que era irresistível. Porém, naquele momento, sentiu-se СКАЧАТЬ