Название: Chantagem com a noiva
Автор: Kim Lawrence
Издательство: Bookwire
Жанр: Языкознание
Серия: Sabrina
isbn: 9788413485492
isbn:
– Fui mesmo estúpida. Já andava a arquitectar um plano para me livrar dele, diplomaticamente. Pensava que estava louco por mim. Meu Deus, Kate! E agora, o que é que eu faço?
– Não te preocupes Susie, vai correr tudo bem. Espero eu! – acrescentou, e abraçou a irmã.
– Emprestas-me o dinheiro para lhe pagar? – Susie levantou a cabeça e encarou-a com ansiedade.
– Não lhe vamos dar nem um tostão. Eu vou conseguir as fotografias e os negativos.
– Como?
– Bem, ainda não sei.
– Ouve, Kate. Não acho que seja uma boa ideia. Não creio que ele as entregue. Além disso, vi-o a conversar várias vezes com uns tipos de aspecto bastante duvidoso. Não sei porquê, mas tenho a impressão de que ele pode ser um homem muito vingativo. E confesso-te que, em parte, foi isso que me atraiu nele… aquela faceta perigosa – admitiu, constrangida. – Sabes a que me refiro – declarou, enquanto a irmã compunha os óculos. – Não, julgo que não entendes. Sei que me consideras uma pessoa extremamente egoísta, mas acredita que não conseguiria dormir se te acontecesse alguma coisa.
– Não te preocupes. Não tenho intenções de deixar que me façam mal – tranquilizou-a Kate, ao mesmo tempo que limpava o nariz.
Durante uma hora, no meio daquela escuridão, Kate vigiou a casa do pessoal até ter a certeza de que não estava lá ninguém.
Quando tentou abrir a porta, sentiu-se gelar com os nervos; os seus batimentos cardíacos abafavam qualquer outro som.
Não se lembrava de algum dia se ter sentido tão assustada, nem sequer na primeira vez que teve de comparecer diante de um juiz, como advogada.
Depois de ter aberto a porta com relativa facilidade, guardou o cartão de crédito, que utilizara como chave, e pôs o capuz preto da camisola para esconder a cabeleira loura.
Com a lanterna, foi iluminando o chão e abrindo caminho por entre a roupa espalhada pelo tapete. Nunca se sentira tão mal em toda a sua vida. Quando tudo aquilo tivesse terminado, iria beber um copo e tomar um banho relaxante.
Colocou a lanterna em cima da cómoda, abriu a primeira gaveta com as mãos trémulas. Ao sentir que tocava num envelope grosso, pensou que aquele era o seu dia de sorte.
No entanto, essa segurança transformou-se em pânico quando, de repente, um feixe de luz proveniente de uma lanterna potente iluminou o quarto. Antes de se poder virar, dois musculosos braços aprisionaram-na com tamanha força, que a levantaram do chão.
Com o seu fraco espanhol, não conseguiu compreender o significado das palavras furiosas que ressoavam nos seus ouvidos como balas. O aviso que Susie lhe fizera a respeito do chantagista e dos seus amigos sinistros, deu-lhe forças para lutar desesperadamente. Com o braço que tinha livre, procurou atingir brutalmente o agressor. Uma cadeira, diversos objectos e os seus óculos rolaram pelo chão, enquanto se debatia ferozmente por se libertar.
Apesar de não ser uma mulher baixa nem delicada, os seus cinquenta e poucos quilos obrigaram-na a render-se e a aceitar o facto de que não podia competir com aquele homem.
– Por favor… solte-me! – suplicou, sem parar de lutar.
– Inglês? És inglesa?! – sussurrou educadamente o desconhecido.
«Deve ser um dos amigos do empregado», pensou.
– Claro que sou inglesa! – exclamou.
– Uma mulher?! – aquela voz provinha do extremo oposto do quarto.
– Já tinha reparado nesse pormenor – respondeu o homem que a segurava, antes de começar a falar com o outro em castelhano.
«Com certeza estão a decidir o que vão fazer com o meu corpo», disse para consigo, esforçando-se por compreender o que estavam a dizer. Porém, era inútil; não entendia uma palavra. «Será que alguém vai dar pela minha falta?». Amargurada, chegou à conclusão de que tal só aconteceria na manhã seguinte.
Não tinha jantado com os pais, desculpando-se com uma forte dor de cabeça, e quando saiu de casa, Susie ainda não tinha parado de beber. O que significava que, naquele momento, devia estar mal disposta ou a dançar até amanhecer, no clube mais próximo.
– Vou soltar-te, mas não tentes fugir.
Depois de ter assentido com a cabeça, Kate decidiu fazer o contrário assim que surgisse a primeira oportunidade.
Livre e com os pés em chão firme, levantou ligeiramente a cabeça e virou-se para os seus agressores, cega pela luz que provinha da lanterna.
– Querem desviar isso dos meus olhos, por favor? – pediu, protegendo-os com as mãos.
Sem os óculos, via apenas os contornos do homem que se encontrava mais distante dela. Em contrapartida, o seu agressor estava suficientemente perto para o poder ver com clareza. Tal como ela, estava vestido de preto dos pés à cabeça. Aliás, essa era a única semelhança entre eles.
Atordoada, pestanejou várias vezes enquanto assimilava os atributos do assaltante, que ironicamente era o espécimen mais perfeito do sexo oposto que algum dia vira. De entre os seus infindáveis atributos, destacavam-se os ombros largos, as ancas estreitas, as pernas robustas e o rosto.
E que rosto! Uma testa alta, típica de uma pessoa inteligente; um nariz ligeiramente fino, como uma marca da herança árabe que tão bem caracterizava a população espanhola; as maçãs do rosto bem esculpidas e uma pele bronzeada, quase dourada. A boca era uma combinação intrigante de controlo e de paixão. Os ossos do rosto salientes e perfeitamente delineados harmonizavam-se e conferiam ao seu dono um semblante que nunca passaria despercebido numa multidão. Aquela beleza aliada aos resplandecentes olhos azuis, contornados por espessas e longas pestanas escuras, era simplesmente irresistível.
De repente, os assombrosos olhos azuis estreitaram-se, enquanto a submetiam a um exame tão exaustivo como o dela. Contudo, o que viu não pareceu impressioná-lo.
– Diga-me, menina, onde está o González? – perguntou o homem, impaciente.
Capítulo 2
Kate negou com a cabeça, sem proferir uma única palavra.
O homem olhou de novo para ela, antes de se dirigir ao companheiro e de lhe dar uma ordem, em castelhano. Imediatamente, este apagou a luz.
Durante uns momentos, a escuridão foi total, e Kate achou que, se agisse de imediato, teria tempo de fugir dali, antes que alguém tivesse oportunidade de a impedir de o fazer. Afinal, o que é que tinha a perder? «Muito; além disso, nem sequer conseguiste as fotografias e os negativos», pensou.
– Nem te atrevas a fazê-lo!
Ela deu um salto ao ouvir a ordem mordaz que surgiu do escuro e que destruiu por completo as suas intenções de fuga. O outro homem afastou a cortina, e o luar inundou o quarto revelando o perfil vincado do seu agressor, que tinha todo o aspecto de ser o chefe.
– Esperavas que aparecesse, esta noite? – indagou, retomando СКАЧАТЬ