Название: A Vingança Do Conde
Автор: Barbara Cartland
Издательство: Bookwire
Жанр: Языкознание
Серия: A Eterna Colecao de Barbara Cartland
isbn: 9781782138556
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—Tomara que sim— tomou Charles.
—O senhor deve orgulhar-se de possuir cavalos tão extraordinários— prosseguiu a mocinha.
—Comprei-os recentemente e hoje, pela primeira vez, vim para o campo com eles. Fiquei muito contente porque a viagem foi feita em tempo recorde. Reconheço que devo ter mais cuidado na volta para Londres. Há trechos da estrada que não estão em boas condições.
—Todo cuidado é pouco— a mocinha concordou—, principalmente tratando-se de uma carruagem como a sua. Nunca vi um faetonte tão alto. Imagino que seja difícil e, ao mesmo tempo, emocionante conduzi-lo.
—Sim, é emocionante e exige muita perícia. Faetontes como o meu, do tipo highflyer, são uma verdadeira mania em Londres.
—Sem dúvida é uma carruagem diferente e muito elegante.
Eles chegaram às cocheiras e um velho cavalariço apareceu para atendê-los.
—Um dos cavalos deste cavalheiro perdeu uma das ferraduras, Ben— disse a mocinha—, quem sabe encontraremos uma que se ajuste ao tamanho da pata do animal.
—Vou dar uma olhada, Srta. Rania. Pode ser que a sorte esteja do lado do cavalheiro. Estamos com falta de ferraduras como de tudo mais— Ben resmungou.
Á expressão ansiosa da mocinha disse a Charles que a situação em sua casa estava, evidentemente, muito difícil.
Ben e Hobson examinaram a pata de Raindrop.
—Posso afirmar que temos uma ferradura perfeita para este belo animal— concluiu Ben depois do exame.
Rania voltou-se para Charles e convidou-o:
—O senhor aceitaria uma xícara de chá? Terá ainda um longo caminho pela frente para chegar a Londres.
—Aceito com prazer, se não lhe der muito trabalho— Charles respondeu, sorridente.
—Então vamos até a casa. Pode confiar seu cavalo a Ben que é muito experiente.
—Meu nome é Charles, senhorita— Charles apresentou-se—, ouvi seu cavalariço chamá-la de Rania. Um nome raro.
—É o que todos dizem. Rania significa "da realeza". Mas como pode ver, nada nesta propriedade sugere realeza.
Rania sorriu e fez um gesto com as mãos. Charles olhou ao redor e viu que o jardim estava descuidado e cheio de ervas daninhas.
Ambos entraram na casa cujo estado era deplorável. Notava-se a solidez da construção e a beleza das linhas arquitetônicas, porém o papel estava soltando das paredes e os tapetes gastos haviam perdido a cor original.
Era de admirar que nas paredes do corredor houvesse telas antigas, com certeza de grande valor.
Rania abriu a porta de uma sala de estar ampla e mobiliada com peças que seriam lindas, não fosse o péssimo estado em que se encontrava o revestimento. Havia rachaduras na parede e no teto.
—Fique à vontade e aguarde um instante— pediu Rania—, vou buscar o chá.
Ela saiu da sala e Charles ouviu-a correndo pelo corredor. Imaginou que se houvesse criados na casa seriam bem poucos.
Enquanto aguardava ele olhou ao redor, pensativo. Muitas lembranças povoavam-lhe a mente. Ele conhecera uma garota de nome Rania, cujo apelido era Nia.
Conhecia também aquela casa! No passado era uma mansão suntuosa. Mesmo agora se notava que tudo ali era de bom gosto e boa qualidade. Talvez tivesse sido a guerra a responsável pela pobreza de seus donos.
Minutos depois Rania estava de volta trazendo uma bandeja com o serviço de chá, de prata, bem polido, duas xícaras de porcelana e uma travessa com sanduíches.
—Lamento dar-lhe todo esse trabalho— disse Charles em tom de desculpa enquanto Rania colocava a bandeja sobre uma mesa.
—Não é trabalho. Nossa cozinheira preparou tudo isto. Ela é idosa e não sai da cozinha. Seu marido é nosso mordomo e foi até o bosque para ver se há coelhos nas armadilhas que deixou montadas. Se não houver, nosso jantar será bem pobre esta noite! Felizmente podemos contar com legumes e verduras da horta e frutas do pomar— Rania falou com simplicidade.
—A situação é tão aflitiva assim?— Charles perguntou, penalizado.
—Pior do que você possa imaginar.
—Você não mora aqui sozinha, naturalmente.
—Não— Rania sacudiu a cabeça—, meu irmão esteve na guerra mas voltou para casa faz um ano.
—Ele está no campo?
—Sim. Saiu para cavalgar. É a última vez que… monta Dragonfly.
Os grandes olhos azuis de Rania encheram-se de lágrimas e ela enxugou-as com um lenço.
— Desculpe-me… sou uma tola. Eu não devia comportar-me… assim.
Ela pareceu a Charles tão frágil e patética. Deixando a sua cadeira ele sentou-se no sofá do lado de Rania.
—Diga-me o que está acontecendo— pediu—, corta-me o coração ver uma linda garota chorando.
—Eu... não devia chorar… diante de… um visitante.
—Você não pôde evitar as lágrimas— disse Charles com imensa bondade— vamos, conte-me por que seu irmão está montando Dragonfly pela última vez.
—Porque… nosso cavalo será vendido… amanhã. Você deve ter notado que estamos… com grandes dificuldades… financeiras. Dragonfly é um cavalo de raça e com sua venda teremos o suficiente para sobreviver algum tempo e para... pagar o salário dos empregados… que está atrasado… três meses.
A voz de Rania ficou embargada e ela irrompeu em lágrimas.
Parecendo irritada com aquela demonstração de fraqueza ela enxugou o rosto com força e respirou fundo para se controlar.
—Vocês devem estar com dificuldades financeiras por causa da guerra, imagino. Seu irmão foi soldado, não?
—Foi oficial e lutou com bravura. Mas… para quê? Agora voltou para... isto!
Novamente Rania respirou fundo.
—Meu irmão é sir Harold Temple.
—Harold Temple! Harry! Claro… eu conheço seu irmão! Estudamos juntos em Eton e morávamos no mesmo edifício. Desde que cheguei a esta casa achei que já havia estado aqui. Isso foi há muito tempo. Lembro-me de que Harry chamava a irmã de Nia!
—Nia é meu apelido. Bem, se você foi colega de Harry e já esteve aqui, nos conhecemos quando eu era garotinha e você um rapazinho!— Rania exclamou, surpresa.
—Harry e eu fomos colegas e grandes amigos. Pertencíamos às mesmas СКАЧАТЬ