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СКАЧАТЬ excesso de mobília e abriu a porta de um salão decorado com inúmeros vasos de flores.

      De pé, junto da janela, estava Sylvie. Naquele vestido cor-de-rosa ela própria era a figura de uma linda rosa em botão.

      —Senhor Charles Lyndon, Srta. Sylvie— o mordomo anunciou.

      Sylvie desviou a atenção dos pombos brancos que se achavam no jardim repleto de flores, virou-se, estendeu as mãos para Charles que caminhava na sua direção e falou recatadamente:

      —Pensei que você talvez se tivesse esquecido da promessa de vir nos visitar.

      —Sabe que eu jamais deixaria de cumprir uma promessa— Charles replicou.

      — Está encantadora, Sylvie.

      Ela sorriu para Charles como se nunca tivesse recebido elogio semelhante.

      —Você deve imaginar qual é o motivo desta minha visita— ele acrescentou.

      —Bem, você disse que desejava me ver a sós, mas nada revelou sobre a razão de sua visita.

      —Que outra razão poderia ser? Quero que você seja minha esposa e vim pedir sua mão a seu pai!— Charles disse em tom solene.

      Sylvie simulou grande surpresa e indagou, vacilante:

      —Sua esposa?! Como eu poderia... imaginar que você... queria propor-me… casamento?

      Os olhos de Charles brilharam com mais intensidade.

      —Desde que a conheci, três semanas atrás, decidi que você era a mulher perfeita para ser minha esposa. Eu amo você, Sylvie— Charles declarou.

      —Imaginei que você… talvez me amasse… e quando me beijou… duas noites atrás… também senti que o amava...

      —Sim, claro— Charles interrompeu-a—, percebi que você vibrou com meu beijo. Sei que você me ama, Sylvie, e trouxe-lhe isto!

      Charles tirou do bolso um pequeno estojo de veludo e abriu-o. Sylvie não escondeu sua admiração ao ver o belíssimo anel com um diamante enorme, branco-azulado, cercado de diamantes menores. Deixou escapar da garganta um pequeno grito revelador da sua surpresa e seu encanto.

      A jóia refulgiu ao sol da tarde. Era inegavelmente um anel de grande beleza e valor incalculável.

      Feliz com a reação da namorada, Charles colocou o estojo na mão dela e a enlaçou nos braços para beijá-la.

      —Espere!

      A voz de Sylvie, um tanto alta e aguda, surpreendeu Charles. Quando ela se desvencilhou dos seus braços, ele ficou pasmado.

      —O que foi?— indagou, confuso—, imaginei que você tivesse gostado do anel e concordado em ser minha esposa.

      —Sinto muito… mas… não posso aceitar seu pedido de casamento— ela respondeu.

      Por um instante reinou pesado silêncio no salão. Por fim Charles encontrou a voz para perguntar:

      —O que quer dizer com isso?

      —Não vou me casar com você… portanto… não posso aceitar este lindíssimo anel de noivado.

      Relutante, Sylvie fechou o estojo e devolveu-o a Charles que o pegou num gesto automático, ainda atônito, duvidando de sua capacidade auditiva.

      —Não compreendo— ele murmurou—, quando a beijei, na Devonshire House, você não só demonstrou sentir afeição por mim, como murmurou que me amava. Comprei este anel de noivado hoje cedo, certo de que você concordaria em ser minha esposa.

      —Sim... confesso que… naquela noite… no jardim… o seu beijo me fez vibrar de emoção— Sylvie admitiu—, mas… agora… penso que tudo mudou.

      —O que aconteceu? De que você está falando?

      Charles continuava perplexo, sem poder acreditar no que estava ouvindo. Nunca lhe passara pela mente que Sylvie Bancroft ou qualquer outra mulher fosse capaz de rejeitar seu pedido de casamento.

      Vendo-a dar uns passos para trás, afastando-se dele. Charles seguiu-a com um olhar indagativo.

      —Imagino que você esteja chocado ao ouvir a… minha recusa… mas… prometi casar-me com... Wilfred Shaw— Sylvie respondeu.

      Se antes Charles não entendia o motivo de Sylvie recusá-lo, a presente resposta deixou-o ainda mais abismado.

      O Marquês de Shaw, apesar de rico e de vestir-se com apuro, era um homem extremamente feio, falava muito alto e apenas sobre cavalos ou os desentendimentos com a família.

      Era tão insuportável que todos os sócios do White’s Club fugiam dele.

      Como era possível que Sylvie Bancroft, uma beldade que tinha aos seus pés tantos pretendentes, pudera concordar em ser esposa de um homem tão sem graça e desagradável?

      De repente, quase como se estivesse com o jornal aberto na sua frente, Charles lembrou-se exatamente do que havia lido no Morning Post ainda nessa manhã, à mesa do breakfast.

       “O Duque de Oakenshaw encontra-se seriamente enfermo e todos os parentes foram chamados às pressas para se reunir na casa ancestral, em Oxfordshire.

       Ao Marquês de Shaw, sobrinho e herdeiro do Duque, foi confiada a administração dos bens e das propriedades de Sua Alteza.”

      A pequena notícia não despertara grande interesse de Charles. Ele apenas dissera a si mesmo que Wilfred, quando se tomasse um duque, certamente ficaria mais insuportável do que já era.

      —Lamento… se o desapontei— a voz de Sylvie interrompeu as reflexões de Charles.

      —Desapontou-me?! O que você esperava? Nunca imaginei que você se rebaixasse ao ponto de se casar com Wilfred Shaw por causa do seu título!

      Sylvie virou-se para o jardim por não ter coragem de encarar Charles. Disse em tom queixoso:

      —Eu sabia que você nunca iria entender os meus motivos. Quero ser uma duquesa. Quero ter uma posição privilegiada na corte. Quanto a você... pode demorar muitos anos… para… herdar o título.

      Era demais! Charles respirou fundo para controlar-se. Sabia que Sylvie pensava nele como o "Nunca-nunca-nobre". Não precisou ouvir mais nada.

      Guardou o estojo de veludo no bolso e com voz sarcástica e amarga, disse:

      —Dou-lhe os parabéns e lhe desejo felicidade no casamento.

      Curvou-se, respeitoso, e caminhou para a porta, e já ia sair quando Sylvie chamou-o:

      —Espere, Charles! Ouça-me!

      —Nada mais há a dizer— ele replicou, a voz glacial.

      Fechou a porta bem devagar, silenciosamente, e caminhou pelo corredor sem pressa. Atravessou o hall, mudo, e foi diretamente para a porta sob o olhar СКАЧАТЬ