Название: Spaghetti Paraiso
Автор: Nicky Persico
Издательство: Tektime S.r.l.s.
Жанр: Зарубежные детективы
isbn: 9788835400363
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Para a verdade não fiquei surpreendido. Era a conduta, em alguns lugares. Frequentemente tinha-me interrogado sobre os motivos desta atitude de alguns empregados do balcão, que, em termos de leitura da linguagem do corpo, podia ser definido atitude forçada. Certamente, existiam mil hipóteses plausíveis na base de tais comportamentos, e também probabilidades estatísticas de justificação: quem entra num bar pode ser movido por intenções agressivas, ou ser um molestador demente, ou então um que te diz «olha que quero algo, de ti, mas não tenho nenhuma intenção de pagar». Ou mesmo um assaltante solitário.
Outra hipótese, suficientemente remota mas potencialmente existente, é que um determinado cliente, em alguns casos e por motivos subconscientes, recordas o empregado do bar de turno alguém que o espancou quando criança.
Sim, eram possibilidades, e todas justificavam uma desconfiança sã. Portanto pareciam arrojadamente remotas, e altamente improváveis.
Talvez era apenas Customer sfatigation, quem sabe.
Já próximo de um punhado de segundos cerca de um metro dele, permaneci perfeitamente imóvel e em silencio, evitando cuidadosamente movimentos bruscos e estudando atentamente as reacções. Mais que uma tentativa de consumação, o meu tinha assumido os caracteres dum verdadeiro e próprio duelo.
Faltava apenas o barbeiro exposto, os cowboys que se precipitavam fora do saloon, as mulheres que traziam as crianças amparadas, e o quadro teria sido perfeito. Deve ser para situações como esta que se decidiu definir quem entra num bar com o termo «freguês»: um que arrisca, que ousa, que desafia o destino. Gin indiano.
Mas, não obstante a pausa, nada acontece. Àquele ponto, tomada a coragem com as duas mãos, extraiu em primeiro lugar e disparou.
«Bom dia.»
O empregado do balcão cessou com o movimento das mãos, para mim invisíveis uma vez que enfiadas num lugar misterioso melhor detalhado anteriormente, e, erguendo os olhos, virou o olhar para aquilo que muitos, em gíria chamam freguês. Pensava que estivesse a tirar para fora um Winchester e me ordenasse de deixar o contado, «se queres rever a madrugada, forasteiro».
E pelo contrário continuou a mexer, e disse por sua vez:
«Bom dia.»
Pois bem, certo, em perspectiva do diálogo osmótico estava ainda longe do verdadeiro conceito e principalmente de comunicação, mas era precisamente um inicio. Eu, decidido para não deixar-me escapar a ocasião, fui no encalço dele.
«Por favor», melhor ser prudente, «prepararia um café?»
Oh: tinha estado realmente muito atento para não ser nem bastante agressivo, nem bastante submisso no tom usado para formular o pedido, procurando aplicar as dinâmicas que tinha ouvido ser vigentes nas alcateias de canídeos, uma vez que tinha visto QUARK, onde evitar de pôr na isca reacções instintivas no empregado do bar. Nem presa, nem agressor.
O empregado do balcão não respondeu, reparando-me com a mesma expressão que num livro de Stefano Benni tinha sido mais ou menos definida como aquela da «vaca quando passa o comboio», ou seja absolutamente inexpressiva e indiferente ao acontecimento, mesmo tendo sido o mesmo acontecimento causa suficiente para atrair a sua atenção.
Ainda assim, qualquer tipo de processo sócio dinâmico devia ser activado, na medida em que lentamente virou-se e começou a mexer com a máquina de café expresso, sacudindo ruidosamente a pipeta que contem o sedimento de café na pré-posta gaveta, depois de tê-la extraída, previa rotação quase de 30º, da sua sede.
Eu, animado abaixei os níveis defensivos de alerta 1, volvendo o olhar para o exterior, para controlar que a pessoa que devia vir me buscar não estivesse, no entanto, chegado.
Sem posteriores acontecimentos dignos de realce, a chávena de café fumegante tomou o seu lugar no pires preparado anteriormente.
Pedi, sempre com cortesia, um adoçante, indicando simultaneamente com o olhar a zona por baixo do balcão.
O empregado do bar, com uma expressão surpresa e improvisamente reflexiva, levou uma saqueta da zona morta, arrumando-a no pires, e muito provavelmente pensou numa fuga de notícias sobre a logística do seu bar.
O café estava quente, e não é o caso de fazer outras observações. Não fui nem sequer roçado pela tentação de fazer-lhe perceber que talvez não era precisamente excelente, na medida que sabia bem que a Custumer Sfatigation previa, para tais casos, procedimentos operativos que pairavam a partir do olhar turvo até à atitude que transmite o conceito de «que se lixe, e obrigado por haver escolhido».
Pago o café no absoluto silêncio, saí e reparei-me em volta.
«Advogado!»
À minha esquerda chegava, ofegante e a pé, Cerrati. Cerrati era amigo/hoje quase cliente do quase advogado… Alessandro», de longa data. As suas chatices eram geralmente uns emaranhamentos emporcalhados e inextricáveis, mas no fundo tratava-se de situações fúteis, que mesmo um estudante como eu conseguia, de qualquer forma, resolver de modo indulgente. Por ventura não era preciso um advogado verdadeiro, e Cerrati, em troca, oferecia-me hospitalidade disponibilizando-me durante alguns fins-de-semana a sua casa perto do mar, desconhecendo que isto teria atrasado os meus estudos, e desconhecendo, sobretudo, que tinha feito uma cópia das chaves.
A isso é preciso acrescentar a graça de Cerrati: «quebro-me mas não me desdobro».
Normalmente, para perceber algo dum novo caso ocorria em média uma boa hora de conversa, e pelo menos seis ou sete apelos à ordem.
A famosa frase «explica-me tudo como se eu tivesse cinco anos», pronunciada num cenário de Philadelphia por Denzel Washington (desempenhando as funções dum advogado), provocou um rápido incremento de eficácia explicativa sobre Tom Hanks (desempenhando o papel de cliente).
A mesma frase, pronunciada um tempo antes por mim, provocou em Cerrati uma reacção anómala: «advogado, não me permitiria nunca».
A vida não é um filme.
Alias a minha brevíssima vida profissional não tinha sido concretamente luminosa e repleta de sucessos.
Não é que eu fosse imbecil, concretamente. Mas não estava precisamente tão próximo ao primeiro modelo da classe. A definição mais apropriada à minha forma de ser era mais provavelmente um interessante: inteligente mas se distrai facilmente.
E assim durante o período necessário para licenciar-me (quase duas épocas), distraí-me, efectivamente, muito. Particularmente com o universo feminino, perante a qual ficava sinceramente encantado.
A descoberta de novos universos, sabe-se, desperta o instinto de exploração, e toda uma serie de outros instintos.
Às vezes, com o outro sexo, não disparava aquela necessária sintonia-psico-socio-relacional-sexual, não obstante aparentes premissas ideais, e eu não era exactamente um «predador», como individuo. Para entender-nos, fora sempre definido «um tipo estranho», a partir deste ponto de vista: tinha a necessidade de mais factores concomitantes, para terminar na cama com uma mulher. Em suma, ocorria algo qualquer que não saberia tão-pouco definir bem, caso contrário não ousava tão-pouco. Não é que fosse uma beleza, que esteja claro. Mas a meu modo gostava, e acontecia – como posso dizer – não СКАЧАТЬ