Название: Despedaçadas
Автор: Блейк Пирс
Издательство: Lukeman Literary Management Ltd
Жанр: Современные детективы
Серия: Um Mistério de Riley Paige
isbn: 9781640298408
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Com tão pouco em que trabalhar em relação ao caso, Riley deu por si a pensar nos acontecimentos daquele dia. Ainda sentia a emoção da perda de Liam – apesar de perceber…
“Perda” não era a palavra mais correta.
Não, ela e a família tinham feito o melhor por aquele rapaz. E agora as coisas tinham-se resolvido da melhor forma e Liam estava ao cuidado de pessoas que o amariam e tomariam bem conta dele.
Ainda assim, Riley interrogou-se…
Porque é que sinto isto como uma perda?
Riley também tinha sentimentos contraditórios acerca da compra da arma para April e de levá-la à carreira de tiro. A demonstração de maturidade de April deixara Riley orgulhosa, assim como a sua boa pontaria. Riley também ficou profundamente sensibilizada pelo facto da filha querer seguir as suas pisadas.
E no entanto… Riley não consegui evitar lembrar-se…
Estou a caminho de ver um corpo decapitado.
Toda a sua carreira era uma longa fiada de horrores. Era esta a vida que queria para April?
Não depende de mim, Lembrou Riley a si própria. Depende dela.
Riley também sentiu a estranheza daquela conversa telefónica com Jenn ainda há pouco. Tanto ficara por dizer e Riley não fazia ideia do que se passaria naquele preciso momento entre Jenn e a Tia Cora. E claro, agora não era o momento para falar sobre isso – não com Bill ali sentado com elas.
Riley não conseguia evitar pensar…
Teria Jenn razão? Deveria entregar o distintivo?
Estaria Riley a fazer um favor à jovem agente ao encorajá-la para permanecer no FBI?
E estaria Jenn no melhor momento para se envolver num novo caso?
Riley olhou para Jenn, sentada em frente ao computador.
Jenn parecia completamente focada naquele momento – mais do que Riley, pelo menos.
Os pensamentos de Riley foram interrompidos pela voz de Bill.
“Atadas a linhas ferroviárias. Quase parece…”
Riley viu que Bill estava a olhar para o seu computador.
Fez uma pausa, mas Jenn concluiu o seu pensamento.
“Parece um daqueles filmes mudos, não é? Sim, eu estava a pensar no mesmo.”
Bill abanou a cabeça.
“Não sei… não paro de pensar num vilão de bigode e chapéu alto a prender a jovem dama à linha do comboio até que um herói corajoso aparece e a salva. Não é sempre isso o que acontece nos filmes mudos?”
Jenn apontou para o ecrã do computador.
Disse, “Na verdade, não é bem assim. Estive a fazer alguma pesquisa sobre isso. Não haja dúvidas de que é um cliché. E toda a gente parece pensar que o viu, como se fosse uma espécie de lenda urbana. Mas parece que nunca apareceu realmente nos filmes mudos.”
Jenn virou o seu computador para que Bill e Riley pudessem ver.
Disse, “O primeiro exemplo de ficção de um vilão a amarrar alguém a uma linha de comboio parece ter aparecido muito antes dos filmes sequer existirem, numa peça de 1867 chamada Under the Gaslight. Só que – vejam isto! – o vilão amarrou um homem à linha e a protagonista teve que o salvar. O mesmo tipo de coisa aconteceu num conto e em algumas outras peças daquele tempo.”
Riley percebeu que Jenn estava realmente entusiasmada com que acabara de descobrir.
Jenn prosseguiu, “No que diz respeito a filmes antigos, há duas comédias mudas nas quais isto acontece – uma dama indefesa é amarrada à linha por um terrível vilão e é salva pelo atraente herói. Mas era para as pessoas se rirem, tal como os desenhos animados de sábado de manhã.”
Os olhos de Bill demonstravam interesse.
“Paródias de algo que não era real,” Disse ele.
“Exatamente,” Disse Jenn.
Bill abanou a cabeça.
Disse, “Mas as locomotivas a vapor faziam parte da vida quotidiana nessa altura – refiro-me às primeiras décadas do século XX. Não houve filmes mudos que retratassem alguém em perigo de ser atropelado por um comboio?”
“Claro,” Disse Jenn. “Às vezes uma personagem era empurrada ou caía nas linhas e talvez caísse inconsciente quando um comboio estava a vir. Mas não é o mesmo cenário, pois não? Para além disso, tal como naquela antiga peça, a personagem do filme em perigo era geralmente um homem que tinha que ser salvo por uma heroína!”
Agora o interesse de Riley estava no auge. Ela sabia que Jenn não estava a perder o seu tempo ao procurar aquele tipo de coisa. Eles precisavam de descobrir o que movia o assassino. Parte disso passava por compreender todos os precedentes culturais de quaisquer cenários com que poderiam lidar – mesmo aqueles que fossem ficcionais.
Ou neste caso, inexistentes, Pensou Riley.
Tudo o que pudesse ter influenciado o assassino tinha interesse.
Pensou por um momento, depois perguntou a Jenn, “Isto quer dizer que nunca ocorreram casos reais de pessoas assassinadas dessa forma?”
“Na verdade, já aconteceu na vida real,” Disse Jenn, apontando para a informação correspondente no seu computador. “Entre 1874 e 1910, pelo menos seis pessoas foram mortas dessa forma. Não consigo encontrar muitos exemplos desde essa época, exceto um muito recente. Em França, um homem amarrou a sua mulher a um carril no dia do seu aniversário. Depois colocou-se à frente do comboio que se aproximava a alta velocidade e morreu juntamente com ela – um homicídio-suicídio. De resto, parece ser uma forma rara de se matar alguém. E nenhuma desses homicídios foi em série.”
Jenn virou o computador novamente para ela e calou-se.
Riley ficou a pensar no que Jenn acabara de dizer…
“… uma forma rara de se matar alguém.”
Riley pensou…
Rara, mas não inédita.
Deu por si a pensar – será que os homicídios que ocorreram entre 1874 e 1910 tinham sido inspirados naquelas antigas peças nas quais as personagens eram atadas a carris? Riley tinha conhecimento de situações em a vida imitava a arte de forma horrível – nas quais os assassinos eram inspirados por telenovelas ou filmes ou jogos de vídeo.
Talvez as coisas não tivessem mudado muito.
Talvez as pessoas não tenham mudado muito.
E o assassino que tentavam apanhar?
Parecia ridículo imaginar que estivessem a perseguir um psicopata que estivesse СКАЧАТЬ