Hamlet. Уильям Шекспир
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Название: Hamlet

Автор: Уильям Шекспир

Издательство: Public Domain

Жанр: Драматургия

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СКАЧАТЬ style="font-size:15px;">      Seja rasoavel, principe, não vá.

HAMLET

      Ouço a voz do meu destino; brada alto, e cada um dos meus musculos adquiriu o vigor dos do leão de Nemea. (A sombra faz-lhe signal de a seguir.) Chama-me outra vez, deixem-me, senhores (escapa-se-lhes dos braços.) Por Deus, que não viverá, quem ousar oppôr-se-me. Afastem-se, já disse. (Á sombra.) Caminha, sigo-te. (A sombra e Hamlet afastam-se.)

HORACIO

      Apoderou-se d'elle o delirio.

MARCELLO

      Sigamol-o; desobedecer-lhe é forçoso n'estas circumstancias.

HORACIO

      Não o abandonemos. Qual será o resultado!

MARCELLO

      Algum vicio ha na constituição da Dinamarca.

HORACIO

      O céu proverá o que for melhor.

MARCELLO

      Sigamos o principe. (Sáem todos.)

      SCENA V

Uma parte mais afastada da explanada

      Chegam HAMLET e a SOMBRA

HAMLET

      Onde pretendes conduzir-me; mais adiante não irei.

A SOMBRA

      Encara-me, Hamlet.

HAMLET

      Que queres?

A SOMBRA

      Approxima-se a hora em que me devo recolher ás chammas sulphureas e ardentes.

HAMLET

      Pobre alma!

A SOMBRA

      Não me lastimes, mas presta attenção ao segredo que te vou revelar.

HAMLET

      Falla, é meu dever escutar-te.

A SOMBRA

      Dever tambem é vingar-me depois de me teres ouvido.

HAMLET

      Que ouço!

A SOMBRA

      Sou a alma de teu pae, condemnada a penar durante um tempo certo, a jejuar n'um carcere de chammas, até que as culpas que mancharam a minha vida estejam completamente expiadas e purificadas pelo fogo. Se não me fosse defezo revelar os segredos do meu carcere, far-te-ía uma narrativa de que cada palavra encheria de terror a tua alma, gelaria o teu sangue, os olhos quaes estrellas brilhantes saíriam das suas orbitas, os anneis do teu cabello desfazer-se-íam em completa desordem, e cada cabello ficaria hirto como as cerdas do javali; mas estes mysterios eternos não são para ouvidos profanos de carne e de sangue. Escuta, escuta, oh escuta-me! se alguma vez amaste teu carinhoso pae…

HAMLET

      Oh céus!

A SOMBRA

      Vinga a sua morte, causada por um assassinio, cobárde, infame e nefando.

HAMLET

      Um assassinio?

A SOMBRA

      Infame! todos os assassinios o são, mas nunca houve nenhum mais infame, inaudito e horrendo do que este.

HAMLET

      Apressa-te em desvelar-m'o, para que prompto, como a meditação, ou como o pensamento de amor, possa saciar a minha vingança.

A SOMBRA

      Grato sou ao teu empenho, Hamlet; era preciso que fosses mais apathico do que a planta grossa e crassa que immovel e inerte apodrece nas margens do Lethes, se não sentisses n'este momento commoção alguma. Agora, ouve-me. Espalhou-se que emquanto dormia no meu jardim, uma serpente me mordêra; é assim que uma fallaz narrativa enganou a Dinamarca sobre a causa da minha morte. Sabe tu pois a verdadeira, nobre mancebo: a serpente cujo dardo matou teu pae, cinge hoje a corôa d'este reino.

HAMLET

      Oh meus propheticos presentimentos, meu tio!

A SOMBRA

      Sim, esse monstro, incestuoso, adultero pela magia das palavras, pelos dotes insidiosos. Oh loquela perversa, oh dotes nefarios, poisque tem tal poder de seducção, e conseguiu inspirar essa vergonhosa paixão a minha mulher, apparentemente tão virtuosa. Oh! Hamlet, que degradação! Descer de mim, cujo amor nobre e digno não tinha desmentido um instante o juramento prestado junto ao altar, a um miseravel, entre cujas qualidades naturaes e as minhas havia um abysmo! Mas assim como a virtude resiste inabalavel ás tentações do vicio, aindaque debaixo da fórma da Divindade lhe apparecesse, assim tambem a impudicicia, embora associada a um anjo celeste de luz, cansa-se da santidade do leito conjugal, para ir habitar o mais desprezivel prostibulo. Mas já sinto a frescura da aurora, forçoso é que eu termine. Emquanto dormia no meu jardim, era esse o meu costume todas as tardes; teu tio, aproveitando a minha inconsciencia, approximou-se de mim, munido de um frasco de meimendro, e lançou-me n'um ouvido o conteúdo. É um veneno tão activo para o sangue humano, que com a subtileza do mercurio corre e se infiltra em todos os canaes, em todas as veias, coalhando e alterando o sangue pela sua acção energica: o mais puro e limpido não lhe resiste, é como uma gotta de qualquer acido n'uma taça de leite. Tal foi o seu effeito, que uma lepra instantanea cobriu meu corpo de uma crosta impura e infecta. Eis como durante o meu somno, tudo me foi arrebatado de uma vez, e pela mão de um irmão, vida, corôa e consorte. A morte surprehendeu-me em estado flagrante de peccado; sem sacramentos, sem me reconciliar, nem com Deus, nem com a minha consciencia; tinha que comparecer perante o Juiz Supremo vergando sob o peso das minhas iniquidades. Horror, horror, cumulo de horror! Se em teu coração vibra a fibra da sensibilidade, não o toleres. Não consintas que o leito do rei de Dinamarca se transforme em mansão da luxuria e do incesto. Mas seja qual for a tua vingança, conserva-te moral e puro, e poupa tua mãe. Entrega o seu castigo ao céu, e aos espinhos do remorso que lhe dilaceram o coração. Adeus, cumpre-me deixar-te; a luz do perilampo, cujo fogo sem calor começa a esmorecer, annuncia a approximação da aurora. Adeus, adeus, adeus. Recorda-te sempre de mim. (A sombra retira-se.)

HAMLET

      Oh! santas legiões do céu, oh! terra, que mais? Invocarei o inferno? Oh! opprobrio; contém-te, ah! contém-te, meu coração, e vós, meus musculos, não percaes o vigor, e redobrae de força e energia para me suster. Recordar-me de ti? Sim, sombra infeliz, emquanto a memoria não abandonar este meu cerebro desordenado. Recorda-te de mim; sempre! quero varrer da minha memoria todas as recordações frivolas, todas as maximas colhidas nos livros, todos os vestigios, todas as impressões do passado, tudo quanto a juventude e a observação coordenaram, e em sua vez dar só lugar, sem rivaes, juro-o pelo céu, aos teus preceitos. Oh! mulher perversa, oh infame e damnado monstro! oh memoria, grava bem o seguinte, que nos sorrisos do homem se póde occultar um crime; assim é na Dinamarca (escreve n'uma carteira). Meu tio, espere-me. A minha senha será de hoje em diante. Adeus, adeus, adeus. Recorda-te de mim. Jurei-o.

HORACIO ao longe

      Senhor, senhor?

MARCELLO ao longe

      Senhor Hamlet?

HORACIO

      Que o céu o proteja.

HAMLET

      Assim seja.

MARCELLO ao longe

      Olá, olá, senhor!

HAMLET

      Pousa meu falcão, pousa. (Imita o canto do falcão e o chamamento do falcoeiro.)

Chegam HORACIO e MARCELLOMARCELLO

      O que se passou, senhor?

HORACIO

      Que novas, senhor?

HAMLET

      As mais extraordinarias.

HORACIO

      Conte-nol-as, СКАЧАТЬ