Hamlet. Уильям Шекспир
Чтение книги онлайн.

Читать онлайн книгу Hamlet - Уильям Шекспир страница 5

Название: Hamlet

Автор: Уильям Шекспир

Издательство: Public Domain

Жанр: Драматургия

Серия:

isbn:

isbn:

СКАЧАТЬ de palavras; escuta o conselho que te derem, forma depois o teu juizo. No teu trajar sê tão sumptuoso, quanto t'o permittam os teus meios, mas nunca affectado; rico, mas não offuscante; o porte dá a conhecer o homem, e n'esse ponto, as pessoas de qualidade em França revelam um gosto primoroso, e o mais fino tacto. Não emprestes, nem peças emprestado: quem empresta perde o dinheiro e o amigo, e o pedir emprestado é o primeiro passo para a ruina. Mas sobre tudo sê verdadeiro para a tua consciencia, e assim como a noite se segue ao dia, seguir-se-ha tambem, que o teu coração jamais abrigará falsidade. Adeus, que a minha benção selle em teu coração os meus conselhos.

LAERTE

      Despedindo-me, humildemente vos beijo a mão, meu pae.

POLONIO

      Não tens tempo que perder, teus creados esperam-te.

LAERTE

      Adeus, Ophelia, recorda-te das minhas palavras.

OPHELIA

      Fechei-as no meu coração; dou-te a chave, guarda-a.

LAERTE

      Adeus. (Sáe.)

POLONIO

      Que te disse elle, Ophelia?

OPHELIA

      Com licença de meu pae, fallou-me a respeito de Hamlet.

POLONIO

      Folgo que o fizesse. Disseram-me que ultimamente Hamlet tem tido comtigo frequentes entrevistas, e que tu não te esquivas ás suas frequentes visitas. Se assim é, e creio na informação que me deram, devo dizer-te que não encaras a tua posição com a lucidez que convem a minha filha, e que a tua honra exige. Dize-me a verdade, o que ha?

OPHELIA

      Protestos de amor.

POLONIO

      De amor! como inexperiente fallas, conservas as illusões todas. Dás tu porventura credito aos seus protestos, como tu lhe chamas?

OPHELIA

      Nem sei, senhor, o que devo pensar.

POLONIO

      Pois bem, eu t'o digo. É necessario que sejas bem creança para crer uma realidade os seus protestos, de cuja sinceridade devéras duvido. Não te deprecies assim; seria uma loucura.

OPHELIA

      O seu respeito foi inseparavel das suas phrases de amor.

POLONIO

      E tu acreditas, pobre louca.

OPHELIA

      Firmou as suas palavras com os juramentos mais sagrados.

POLONIO

      Assim arma o caçador os laços á avesinha innocente e incauta. Sei que, quando o sangue ferve, a nossa bôca nunca se nega a protestos e juramentos. Minha filha, estes lampejos que dão mais luz que calor, e cujo brilho é ephemero, nunca os tomes por verdadeira chamma de amor. A datar de hoje, não malbarates tanto a tua presença virginal; difficulta mais as entrevistas, que não baste pedir para as obter. Quanto ao sr. Hamlet e á confiança que n'elle podes ter, considera que é joven, e que póde tomar liberdades de que depois tenhas que te arrepender. N'uma palavra, Ophelia, descrê dos seus juramentos, porque não são verdadeiros; interpretes de desejos profanos, revestem-se da linguagem da mais santa sinceridade. Uma vez por todas, e franqueza, filha, prohibo-te toda e qualquer conversa com o sr. Hamlet. Pensa bem. Ordeno-t'o.

OPHELIA

      Obedecerei, meu pae. (Sáem.)

      SCENA IV

A explanada do castello de ElsenorChegam HAMLET, HORACIO e MARCELLOHAMLET

      Que frio horrivel, gélo.

HORACIO

      O ar está devéras glacial.

HAMLET

      Que horas são?

HORACIO

      Não deve tardar a meia noite.

MARCELLO

      Está dando meia noite.

HORACIO

      Já! não ouvi, em todo o caso approximâmo-nos da hora a que costuma apparecer o phantasma. (Ouvem-se ao longe tangeres de instrumentos, e o troar de artilheria.) Que rumor é este?

HAMLET

      O rei consagra esta noite ao prazer, está bebendo, e a cada copo de vinho do Rheno, os timbales e clarins proclamam o brinde que levantou.

HORACIO

      Isso é costume?

HAMLET

      Sim é, mas apesar de eu ter nascido n'este paiz, e estar acostumado a estes usos, ha emquanto a mim mais gloria em infringil-os, do que em observal-os. Estas orgias abjectas trazem-nos, do oriente ao occidente, o desprezo das outras nações, que nos qualificam de ebrios, e juntam aos nossos nomes os epithetos mais grosseiros. Este defeito embaça as nossas mais brilhantes qualidades, e tira-lhes todo o valor. O mesmo acontece aos individuos. Se ao nascerem, receberam da natureza alguma macula original, de que não são culpados, poisque o nascimento é independente da nossa vontade; se os afflige algum vicio de temperamento contra o qual todos os esforços da rasão são impotentes, algum costume que desagrade nos seus modos destruindo-lhes o encanto; acontece a esses homens, tendo o estigma de um defeito unico, libré da natureza, sêllo da sua estrella, acontece, digo, que todas as suas virtudes, fossem ellas puras como a graça celeste, infinitas quanto comporta á humanidade, ficariam manchadas na opinião, publica por esse defeito unico. Basta uma mollecula de liga para depreciar esse metal.

Apparece a sombraHORACIO

      Senhor, eil-o.

HAMLET

      Anjos do céu, poderes misericordiosos, protegei-nos. Genio bemfazejo, ou demonio infernal, que exhalas os perfumes celestes, ou as emanações do averno; que sejam sinistras ou caridosas as tuas intenções, appareces-me debaixo de uma fórma tão grata que te quero fallar. Interrogo-te, Hamlet, senhor, meu pae, rei de Dinamarca, oh! responde-me, não me deixes, na ignorancia, morrer de emoção; mas dize-me, porque teus bentos ossos encerrados no ataude romperam os sellos; porque te levantaste do tumulo em que te haviamos depositado; porque se ergueu a lapide sepulchral para te lançar a este mundo? Como, cadaver inanimado, vestindo a tua armadura de aço, vagueias tu á duvidosa claridade da lua, imprimindo á noite um caracter de horror, lançando-nos, fracos ludibrios da natureza, nas ancias do terror; e fazendo surgir em nossas almas pensamentos que excedem o nosso alcance? Responde. Porque? Com que fim? Que exiges?

HORACIO

      Faz-vos signal de o seguir, como se quizesse fallar-vos a sós.

MARCELLO

      Veja, principe, o gesto cheio de cortezia e dignidade, com que o convida a seguil-o a logar mais remoto; mas não vá.

HORACIO

      Senhor, pelo amor de Deus.

HAMLET

      Quer-me fallar, pois bem, seguil-o-hei.

HORACIO

      Não faça tal, senhor.

HAMLET

      Porque? que tenho eu a receiar, importa-me tanto a vida, como se fosse um alfinete; quanto á minha alma, nada póde contra ella, porque é immortal, como elle é. Repete o signal, vou seguil-o.

HORACIO

      E se elle vos attrahisse ao Oceano ou ao pincaro escarpado de algum rochedo saliente e sobranceiro ao mar; e se tomasse alguma fórma horrivel, cuja vista vos varresse a rasão tornando-vos demente? Pensae bem, senhor, não receiaes alguma vertigem ao contemplar de alto a immensidade debaixo de vossos pés?

HAMLET

      Continua a fazer-me signal. Caminha, sigo-te.

MARCELLO

      Não ha de ir, senhor.

HAMLET

СКАЧАТЬ