O Cerco de Corintho, poema de Lord Byron, traduzido em verso portuguez. George Gordon Byron
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СКАЧАТЬ vista dos Bachás amplo-barbados;

      E os olhos podem ver ao longo e ao largo

      As cohortes cingidas do turbante,

      Que o promontorio alastrão, enxameão:

      Lá se ajoelhão do Arabe os camelos,

      Do Tartaro os ginetes la volteão;

      Dando de mão á grei, o Turcomano

      Prestes unio ao lado a cimitarra.

      Dos bellicos trovões crebro rebombo

      Té faz emmudecer, de susto, os mares,

      Profunda-se a trincheira, e muito longe

      Silvando vôa no pelouro a morte;

      Sob o peso da bomba assoladora,

      Soltão-se em pulverento remoinho

      Os da muralha esboroados lanços;

      E, do recinto d'ella, eis o inimigo

      Ás do Infiel intimações responde

      Com manejo expedito, e fogos destros.

      Que vão cruzando os empoeirados plainos,

      E os ares que anuvia o fumo em rôlos.

III

      Das muralhas porém o mais visinho

      Entre os que punhão peito e mãos á empresa

      De as converter em ruina, o mais profundo

      Que nenhum dos da prole Musulmana

      Nas da guerra artes tétricas, e altivo

      Qual nunca o foi assignalado chefe

      Colhendo louros em sangrentas lides;

      O que voando audaz de posto a posto,

      D'um feito a maior feito, se avantaja

      Em destro esporear corsel fumante,

      Em surdir mais veloz onde arde o p'rigo,

      Cada vez que ha sortidas ou assaltos;

      E quando a bateria, em mãos valentes,

      Resiste inexpugnavel, então mesmo

      Com exultante aspecto desmontando

      A dar alento, na refrega, aos tibios;

      O mais abalisado e o mais recente

      Da hoste que lucrou n'estas paragens

      Ao sultão de Stamboul renome egregio;

      O guia incomparavel em campanhas,

      Ou solerte assestando o ferreo tubo,

      Ou manejando a temerosa lança,

      Ou tufão que rebenta onde ha conflictos, —

      É Alp, o Veneziano renegado!

IV

      O renegado de Veneza! – ah! elle

      De vetusta linhagem primorosa

      Teve o seu nascimento: todavia,

      Desterrado a final do patrio ninho,

      Contra os concidadãos tomou as armas,

      Em que por elles adestrado fôra;

      E orna-lhe a fronte rasa hoje o turbante.

      Depois d'eventuaes destinos varios,

      Sob a lei que Veneza lhe dictára

      Se acolheo, como a Grecia, então Corintho;

      E ei-lo que ante seus muros se apresenta,

      Inimigo entre os feros inimigos

      Da Grecia e de Veneza, e trasbordando

      De resentido ardor, qual excandesce

      Ao joven convertido a alma orgulhosa,

      Onde duestos mil accumulados

      Estão sempre em tumulto, e eternos vivem.

      Nem por isso com elle quiz Veneza

      Desempenhar o civico appellido

      Em que firmava o seu brazão = A LIVRE; =

      E de São Marcos no palacio excelso,

      Delatores incognitos lançárão

      Na Boca do Leão, durante a noite.

      Denuncia atroz de requintados crimes,

      Que o cobrião de macula indelével:

      Salvou seus dias pressurosa fuga.

      Desde esse lance despendia a vida

      No meio dos combates, demostrando

      Bem claro á patria o que perdeo no alumno

      Que contra a Cruz, já supplantada, erguia

      O soberbo Crescente, e, guerreando,

      Só vingar-se ou morrer buscava ancioso.

V

      Coumourgi – aquelle que impôz termo aos feitos,

      O ultimo perecendo, e o mais pujante,

      Lá nos de Carlowitz sangrentos plainos,

      Sem magoa de morrer, porém, raivoso,

      Dos Christãos maldizendo inclitos louros,

      E d'Eugenio adornando o grão triunfo;

      Coumourgi – e por ventura a gloria d'este

      Conquistador da Grecia derradeiro

      Poderá perecer, senão surgindo

      Braço Christão que restitua á Grecia

      Sequer os fóros que gozou outr'ora

      Por Veneza outorgados? Elle vinha,

      Já depois de volvidos lustros vinte,

      Reintegrar a Othomana prepotencia;

      E, os veteranos seus pospondo agora,

      Para mandar do exercito a vanguarda

      Alp escolheo, que a confidencia summa,

      Arrazando cidades, lhe pagava,

      E mostrando em façanhas destructoras

      O seu zeloso affêrro á nova crença.

VI

      A muralha enfraquece: de continuo

      As Turcas baterias lhe varejão

      O parapeito e ameias; restrugindo,

      Sahe de cada canhão a voz do raio:

      Aqui flammeja, ao rebentar da bomba,

      Crepitante zimborio; além baquea

      Este, est'outro edificio derrocado,

      Sob o espesso granizo d'estilhaços,

      Que em lufadas volcanicas recresce:

      Vai resfolgando em rúbidas columnas

      Voraz incendio, que tão alto sobe,

      Como sobe o fragor da ruina ingente,

      Ou solta-se em terrestres meteoros

      Que vão no ceo esvaecer-se infindos:

      Mais nebuloso, mais impervio o dia

      Se torna á luz do sol, co'a mole opaca

      Do fumo alçado em tortuosos rôlos,

      Que d'enxofrado horror a esfera enlutão.

VII

      Nem sómente ardor cego de vingança,

      Que a longa dilação fez mais ferino,

      Esporeára esse Alp apostatado

      Á adestrar os guerreiros Mahométas

      N'arte de abrir a promettida brecha.

      D'aquelles muros no recinto СКАЧАТЬ