Название: Desejo mediterrâneo
Автор: Miranda Lee
Издательство: Bookwire
Жанр: Языкознание
Серия: Sabrina
isbn: 9788413752495
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– Grazie – agradeceu ele, voltando a pousar a chávena vazia no balcão e sorrindo brevemente, sem a mínima insinuação, pois não queria que a rapariga o interpretasse mal.
Na sua juventude, não teria deixado passar uma oportunidade assim, mas, por sorte, naquele momento, era capaz de controlar as hormonas. Além disso, tinha muito cuidado para não se deixar apanhar por uma caçadora de fortunas, como quase acontecera há alguns anos.
Saiu do café e dirigiu-se novamente para o escritório.
Pensou que nunca teria chegado a casar-se com aquela rapariga, mesmo que estivesse realmente grávida. Mesmo que o tivessem educado para que cumprisse as suas responsabilidades e os pais lhe tivessem dito repetidamente quando era jovem que, se engravidasse uma rapariga, teria de se casar com ela. E que, se não o fizesse, não valia a pena voltar para casa.
Leonardo adorava os pais e não teria suportado não voltar a vê-los, portanto, sim, teria tido de se casar. E teria amado o filho, mas a sua vida não teria sido como a planeara. Não queria casar-se nem ter filhos até se sentir pronto para isso. E, naquela época, não era assim.
Depois daquilo, nunca mais se esquecera de usar proteção.
E, como precaução acrescentada, só saía com mulheres independentes, que tivessem o seu próprio dinheiro. E cabeça.
Não tinha intenção de se casar até conhecer o amor da sua vida. Nunca sentira o que imaginava que devia sentir-se quando se estava loucamente apaixonado. Gostava de sexo, sim, mas, para ele, não havia nada comparável com a sensação de esquiar uma montanha coberta pela neve, sabendo que era mais rápido do que os seus adversários.
Leonardo suspirou. Tinha saudades daqueles tempos, antes de se lesionar e de ter de se reformar com vinte e cinco anos. Sim, como a menina Hanson dissera, fora um esquiador famoso. Mas a fama era efémera e já há sete anos que mudara de vida. Sete anos de sucessos, mas também de frustração. A Fabrizzi Sport Snow & Ski tinha sucesso e tornara-se um homem rico pelo seu próprio direito. Já não era apenas o neto mimado de um multimilionário.
Mas não se sentia satisfeito. Às vezes, sentia-se completamente vazio, independentemente do que fizesse.
E fazia muitas coisas. Continuava a esquiar no inverno, embora não competisse. Navegava e fazia esqui aquático no verão, praticava escalada e rappel. E, recentemente, tirara a licença para pilotar pequenos aeroplanos e helicópteros. As férias frequentes estavam repletas de atividade, mas, quando acabavam, voltava ao trabalho sem ter sido capaz de encontrar a serenidade.
Só relaxava quando estava em Capri, no terraço de Laurence, a olhar para o mar e a beber uma das garrafas excelentes de vinho do seu amigo.
Voltou a pensar na herdeira misteriosa de Laurence. Esperava que lhe ligasse em breve e lhe confirmasse que ia vender a casa. Porque não só a queria, como precisava dela.
Olhou mais uma vez para o Rolex e apressou-se a subir para o seu escritório. Não queria atender a chamada da menina Hanson na rua.
Capítulo 3
Veronica deitou-se na cama, dando voltas ao que acabara de descobrir e quase incapaz de processar os seus sentimentos. Não sabia se estava zangada ou terrivelmente triste. O que a mãe lhe contara tinha sentido e compreendia que tivesse prometido a Laurence que guardaria o segredo.
Contudo, o que mais a surpreendia era o testamento. O pai devia saber que traria problemas e que deixaria muitas perguntas por responder.
«O pai…»
Os olhos encheram-se de lágrimas. Tivera um pai. Um pai a sério, não um doador de esperma anónimo. Além disso, fora um cientista conhecido, um homem brilhante. Desejou que a mãe lhe tivesse contado há muito tempo.
No entanto, Nora dera a sua palavra e Veronica entendia. As boas pessoas cumpriam as suas promessas. Contudo, o pai estava morto e agora nunca poderia vê-lo nem estar com ele. Nunca poderia conhecê-lo.
– Estás bem, querida? – perguntou a mãe, da porta.
Veronica limpou as lágrimas e virou-se na cama para sorrir, consciente de que aquilo também fora uma surpresa para ela e de que devia ter medo de que a filha querida nunca a perdoasse.
Apesar de continuar magoada, Veronica não sentia rancor, embora estivesse zangada com Laurence Hargraves, que podia ter morrido sem revelar o segredo e sem lhe deixar nada em herança. Assim, ela teria podido continuar a viver calmamente na ignorância.
– Não te preocupes – disse à mãe. – Só não esperava isto.
– Eu sei. E lamento muito. Não entendo porque o Laurence te incluiu no seu testamento. De certo modo, foi uma simpatia, mas tinha de saber que descobririam a verdade.
– As pessoas fazem coisas estranhas quando estão prestes a morrer – comentou Veronica, que conhecia vários casos por causa do seu trabalho.
– Queres que te faça um café? – perguntou a mãe.
– Sim, obrigada – acedeu ela, embora sentisse vontade de estar sozinha. Precisava de pensar.
A mãe desapareceu e ela tentou imaginar os motivos por que o pai decidira dar-se a conhecer demasiado tarde. Teria dado tudo para ter tido um pai quando era pequena, quando estava na escola e os colegas se riam dela. Não era de surpreender que sempre tivesse procurado os seus melhores amigos nos rapazes.
O que a fez pensar noutro rapaz, já crescidinho, a quem tinha de ligar.
Leonardo Fabrizzi.
Não lhe apetecia nada contar-lhe que Laurence Hargraves era o seu pai biológico.
Contudo, a verdade era que tinha muitas perguntas para lhe fazer. Se era o seu testamenteiro, devia tê-lo conhecido bem. Talvez pudesse enviar-lhe alguma fotografia, para ver como era fisicamente.
Veronica não se parecia nada com a mãe. Nora Hanson era baixa, tinha o cabelo castanho, os olhos cinzentos e era uma pessoa que, em geral, não chamava a atenção. Veronica sempre presumira que se parecia com o pai biológico e, naquele momento, tinha a oportunidade de descobrir.
Então, teve uma ideia que fez com que se endireitasse bruscamente e corresse pela escada, para a cozinha, onde deixara o telemóvel.
– Ena! A quem vais ligar? – perguntou a mãe.
– Ao italiano de que te falei. O Leonardo Fabrizzi. Prometi-lhe que lhe ligava depois de falar contigo.
– Ah… mas não vais contar-lhe tudo, pois não? Quero dizer, que não tem de saber que és filha do Laurence, pois não? Não podes vender-lhe apenas a villa?
– Não, mãe – contradisse ela, com firmeza. – Vou dizer-lhe que sou a filha do Laurence. Para começar, porque os impostos são diferentes se for familiar. E, depois, porque não vou vender-lhe a villa assim tão rapidamente. Antes, quero fazer uma coisa.
– СКАЧАТЬ