Legado de paixões - O homem que arriscou tudo. Michelle Reid
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Название: Legado de paixões - O homem que arriscou tudo

Автор: Michelle Reid

Издательство: Bookwire

Жанр: Языкознание

Серия: Tiffany

isbn: 9788413752785

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СКАЧАТЬ olhou para ela sem se alterar.

      – Está resolvido – disse, com óbvia satisfação. Depois, inclinou-se para o lado e, tirando uma pasta do banco, pô-los sobre a mesa.

      Zoe observou-o, perturbada, enquanto ele a abria e rebuscava até tirar um documento com o selo do governo britânico, que lhe deu.

      – O teu irmão viaja com um visto de urgência – explicou, enquanto ela o lia. – Pedi-o aduzindo à gravidade do estado de saúde do teu avô.

      Anton passou-lhe outros dois papéis.

      – Esta é uma carta do teu médico a dizer que Toby está condições de viajar e esta é dos serviços sociais a dar-te permissão para viajar para o estrangeiro com o teu irmão.

      – Conseguiste tudo isto sem que ninguém se incomodasse em consultar-me? – perguntou Zoe, perplexa.

      Anton assentiu.

      – Só como medida de precaução no caso de surgirem problemas com a custódia – esclareceu. – Dentro de alguns dias, chegará um passaporte para Toby à embaixada em Atenas.

      – É preciso uma fotografia para o passaporte – sussurrou Zoe, sem desviar o olhar dos documentos.

      – Tirei-lhe uma com o telemóvel e enviei-a ao departamento correspondente.

      – Quando? – perguntou Zoe, começando a indignar-se.

      – Enquanto fazias as malas – disse ele, sem se aperceber da reação que estava a despertar nela. – Como todos os jornais falavam de ti, não me custou fazer com que as pessoas compreendessem a situação e acelerassem os trâmites. Conheço pessoas nos sítios adequados.

      Zoe sentiu que lhe fervia o sangue.

      – Está claro que a riqueza e o poder são muito úteis.

      Anton devia ter percebido alguma coisa no seu tom porque olhou para ela. No meio de um profundo silêncio, ele bateu com os dedos sobre a mesa e Zoe respirou fundo para conter a raiva.

      – Receio que tenha voltado a cometer um erro – disse ele finalmente, suspirando.

      – Porque não contaste comigo?

      – Porque não precisava de ti. Agi como o teu advogado.

      – E ninguém pensou em confirmá-lo?

      – Como te disse, todos se mostraram muito atentos.

      Zoe deixou escapar uma gargalhada sarcástica.

      – Claro e como és tão encantador e um grande manipulador…

      – Dizem que é uma das minhas maiores virtudes.

      Zoe olhou para ele e viu que esboçava um sorriso enquanto lhe pedia desculpas com o olhar. Recostando-se, abanou a cabeça com impotência, pensando que o encanto era apenas uma das muitas características que faziam com que aquele homem conseguisse o que queria. Para sua tristeza, sentiu que os lábios formavam um sorriso.

      Aproveitando a trégua, Anton chamou o comissário de bordo e pediu um chá para Zoe.

      – E diz a Kostas para ir ver o menino. Pareceu-me ouvi-lo.

      O comissário de bordo assentiu e foi na direção indicada. Zoe tentou levantar-se, mas Anton reteve-a, pondo a sua mão sobre a dela.

      – Fica e conversa comigo – disse, num tom rouco.

      Zoe hesitou e perdeu o impulso. Não a parou o desejo de ficar com o seu inimigo, mas a surpresa de os seus dedos descansarem sobre os dela com delicadeza, mais suplicantes do que impositivos. Zoe baixou o olhar e viu o contraste entre a pele de Anton, escura e quente, e a palidez fria da dela. Um calor que começava a parecer-lhe familiar assentou na sua barriga, enquanto se repreendia por ser tão contraditória. Ou odiava Anton ou gostava dele, mas não podia sentir as duas coisas simultaneamente.

      – Não sou o teu inimigo – murmurou ele, como se conseguisse ler-lhe o pensamento. – Sei que te dei motivos para desconfiares de mim. Mas quero demonstrar-te que sou digno da tua confiança.

      Zoe sentiu que queria ceder. Estaria a sofrer da síndrome de Estocolmo? Era uma estúpida por querer acreditar nele?

      Kostas passou ao seu lado a caminho de ver Toby. Numa decisão súbita, Zoe parou-o.

      – Eu vou – disse ao homem da segurança. E sem olhar para Anton, tirou a mão de baixo da dele, levantou-se e foi-se embora.

      Aterraram quando o sol se punha sobre o mar cintilante. Kostas, que parecia ter-se transformado no seu protetor, ocupou-se de tirar Toby da cadeirinha e Zoe não se incomodou em evitá-lo.

      Todos os tripulantes estavam de pé, a recolher as suas coisas, incluindo Anton, que estava de costas. Zoe pensou que tinha umas costas perturbadoramente musculadas e obrigou-se a olhar para outro lado.

      Assim que pararam os motores, Anton falou por telefone. Zoe ouviu-o a dar ordens num tom grave e aveludado.

      Ao ver que ia vestir um casaco, Kostas disse:

      – Não precisa dele, thespinis. A temperatura exterior é de vinte e sete graus.

      Ao pô-lo no braço, Zoe virou-se e descobriu Anton a observá-la com uma expressão perturbada e ela levantou o queixo mecanicamente, consciente de que corara.

      Saíram do avião. Anton precedia-a e Zoe observou que, apesar do calor, vestira o casaco, recuperando o seu aspeto de homem de negócios elegante.

      Kostas, com Toby, fechava o grupo.

      Zoe parou por um instante para se deixar envolver pelo calor e o perfume a jasmim, limão e tomilho que impregnava o ar. Ao fundo da pista havia uma fileira de carros à espera deles: duas limusinas, um pequeno autocarro e um carro junto do qual havia um homem com aspeto oficial.

      Zoe viu que o pessoal de Anton se dirigia para o oficial com os passaportes. Anton seguiu-os com o saco do computador ao ombro, falando ao telefone e fazendo gestos de impaciência com a mão livre.

      Depois de poucos passos, Zoe sentiu uma sensação estranha e, quando a identificou, teve de parar. Estava na Grécia. Pensou: «estou a pisar na terra natal do meu pai pela primeira vez na minha vida.»

      Entre todas as razões por que não quisera fazer aquela viagem, não lhe passara pela cabeça aquela sensação estranha e eletrizante que irradiava dos seus pés e ia percorrendo o seu corpo até se transformar na revelação de que aquele era um dos momentos mais profundos e intensos que experimentara.

      Fechando os olhos, deixou-se levar pela sensação e pela noção peculiar de que finalmente estava em casa, uma ideia absurda, visto que ela era tão britânica como o chá, o cheiro das rosas no verão, ou o Big Ben. Ela era uma rapariga de climas cinzentos e húmidos, uma loira com pele delicada. Era a filha da sua mãe. E, no entanto, naquele instante sentiu que os seus genes gregos pugnavam para escapar dos esconderijos onde até então tinham permanecido e para se apoderar dela como animais famintos. Inclinou a cabeça para trás e respirou fundo, deixando-se possuir por aquela sensação de paz.

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