Название: Minotauro
Автор: Sergio Ochoa Meraz
Издательство: Tektime S.r.l.s.
Жанр: Зарубежные детективы
isbn: 9788835416487
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- Sim, o meu pai deu-mo quando acabei o secundário, era dele e ajustou-o para que ficasse comigo.
Mariana retirou o anel e colocou-o nas mãos de Jorge, que o observou com cuidado e em detalhes autênticos. Era uma peça de ouro de 14 quilates, com gravuras nos ombros, num deles, o escudo da loja maçónica do rito escocês de El Paso Texas, no outro um "X" formado por dois pergaminhos enrolados numa folha de oliveira, distintivo do grupo ao qual o ex-proprietário pertencia como tutor da biblioteca e secretário de acordos; na armação, a bússola clássica e o esquadrão, emblema da Maçonaria e, abaixo dela, dois rubis e as iniciais G11.
Mariana nunca tirou a peça do dedo para a mostrar a alguém. De repente apercebeu-se, mas não se sentiu desconfortável, pelo contrário, a sua reação foi tão natural e confortável que até sentiu alguma familiaridade.
- É maçónico? - Perguntou Mariana. - Como soube?
+ Jorge mentiu: não, mas sempre trabalhei com muitos deles! - Mariana sabia que a primeira parte da resposta era uma mentira:
- Ai sim? E o que faz?
+ Sou funcionário do governo, "legionário" de profissão.
- Como?
+ Advogado, mas não um litigante!
- Ah não, então é de quais?
+ Daqueles que apenas prestam aconselhamento… E o que se segue como parte da celebração?
Mariana voltou a ficar desconfortável, não estava acostumada a tantas perguntas e, em apenas um instante, Jorge já sabia mais sobre ela do que muitas pessoas que a conheciam há anos.
- Bem, vamos encontrar-nos na minha casa, será algo familiar... ela sentiu que a sua resposta necessitava de cortesia e recuou, depois pensou em voz alta. "A verdade é que não sei se seria uma boa ideia convidá-lo, não quero ser arrogante, mas as minhas amigas e a minha família... ah, que azar!" - Ela sentiu-se entre a espada e a parede.
+ Não se preocupe, não se sinta desconfortável, eu entendo. Haverá outra oportunidade, costumo vir cá com frequência. O grande Mike pode testemunhar isso, certo Mike? Agora era o empregado que corava. Apesar de estar a uma distância prudente, nunca pensou que Jorge o incluiria na conversa. Muito contente, acenou à menção da sua pessoa com um gesto silencioso de aprovação. Jorge ergueu levemente o copo para o cumprimentar e depois tomar um gole final da sua segunda cerveja.
- Olhe Jorge, já aqui estamos e, se deixarmos à sorte, será difícil coincidir. Deixe-me dar-lhe os meus dados, dê-me só o tempo de chegar a casa primeiro; a minha mãe já deve estar louca; espero por si, não me deixe ficar mal!
+ “Nunca faria isso!” Ele pegou no cartão de visita e colocou-o no bolso interno do casaco.
Jorge não costumava aceitar aquele tipo de convites, presumia que já representavam um compromisso e era o que menos queria. Bebeu mais umas duas cervejas e estava decidido a ficar lá, mas havia algo de extraordinário naquela ocasião e, de repente, quis investigar aquele impulso. Não eram apenas as pernas longas de Mariana, era algo que ela precisava enfrentar - um escrutínio académico estrito -, dizia para si próprio a sorrir, como se estivesse a justificar a decisão de atender ao convite de Mariana.
Capítulo 5
Mestre Jacobo
O amigo mais próximo do engenheiro Salgado era o mestre Jacobo Aguilar, que além de serem colegas de quarto e terem a mesma licenciatura, também compartilhavam um gosto obsoleto pela leitura. Eram uns estudiosos, que costumavam passar longas horas a rever livros e a compartilhar dados, fosse como parte dos deveres de custódia dos livros da fraternidade ou como uma jornada pessoal; pareciam duas crianças toda a vez que uma remessa chegava de uma editora ou um pedido especial. O professor Jacobo Aguilar era o proprietário da Livraria A Bússola, localizada na esquina da Rua Libertad e da 15ª rua, no centro da cidade.
Quando Jacobo recebia uma daquelas caixas com livros pelo correio, notificava imediatamente o engenheiro Salgado, que cancelava todos os seus compromissos naquele dia, ia para casa, comia às pressas e fazia-se acompanhar da sua filha para ir à livraria do Tio Jacobo. No caminho, paravam para comprar gelado, amendoim ou algum doce para adornar o evento.
A pequena Mariana também carregava os seus livros de colorir e a sua caneta sortida. Bem, pelo menos eram assim estas visitas enquanto Mariana ainda era criança. Uma vez que cresceu, perdeu o interesse em acompanhar o pai onde quer que fosse e, na adolescência, nem sequer podia tolerar estar perto dele.
O último volume do diário de Jacobo Aguilar era o volume XVI, que começava no final de julho de 1971 e ia até fevereiro de 1972, onde era relatado, por vezes em detalhes, outras vezes de forma superficial no dia a dia do pessoal. Reuniões, assuntos abordados, compras e vendas dos seus livros, consultas, consultas pendentes e até visitas ao médico eram citadas nesse texto.
Aquele volume estava sob a proteção zelosa da viúva de Aguilar, a Dona Julia, que percorria com detalhes dolorosos os últimos meses da vida do seu parceiro, do seu amigo, tentando perceber o que tinha acontecido.
O caderno já tinha as marcas da leitura obsessiva; frenética. A Tia Julia fazia-se acompanhar pelas tardes e noites sem dormir daquele diário, arrancando incansavelmente as folhas à procura de respostas, ansiando por reconforto, fortalecendo a sua postura, convencida do seu pensamento. Jacobo não tinha morrido num acidente, havia algo mais, não era nada fortuito!
Jacobo já não estava mais ali, pelo menos fisicamente, mas tinha deixado uma série de pistas - pelo menos era o que a viúva pensava - uma rota marcada com migalhas de pão que precisavam de ser seguidas e que levavam a algum lugar; que poderiam revelar muita coisa. A borda do fio de lã que Teseu amarrou à porta do labirinto para encontrar novamente a saída.
Só precisava encontrar a primeira pista; o primeiro sinal.
Julia tinha a certeza de que o jornal era uma distração, que nem sequer era uma referência, que a mensagem deveria estar escondida na antiga livraria, propriedade de Jacobo.
A Tia Julia não tomava como literal grande parte do diário, sabia que Jacobo tinha as suas metáforas; ele divertia-se com isso. Poderia referir-se a uma visita ao antigo mercado da quarta rua como uma viagem à terra santa; os trabalhos de contabilidade dos seus amigos estavam citados como o zoológico e os macacos; Jacobo Aguilar era um enigma; um divertido quebra-cabeças.
Capítulo 6
Fantasmas
O trabalho de Velarde era antes de tudo rotineiro, monótono. Há muitos anos que deixara de ser entediante; poderia ter sido, quando se preocupava em perder tempo com outras coisas, mas não agora.
Há algum tempo que decidiu deixar as ruas para se refugiar na área dos arquivos. Os seus joelhos já não funcionavam como deviam; o subsolo do prédio que abrigava os escritórios da Polícia Judiciária Federal haviam-se tornado o seu refúgio, o seu santuário. As centenas de caixas empilhadas e bolorentas eram a sua melhor companhia.
Embora Velarde já não fizesse patrulha, mantinha a sua arma de ataque, tinha-a sempre consigo, carregada. Estava longe de ser nova, mas sempre a mantivera em boas condições. Tê-la recebido das mãos do próprio Gustavo Díaz Ordaz, concedeu-lhe, no mínimo, uma permissão vitalícia de posse de arma.
Velarde СКАЧАТЬ