Название: Chuva De Sangue
Автор: Amy Blankenship
Издательство: Tektime S.r.l.s.
Жанр: Зарубежные детективы
isbn: 9788893985987
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— Meu colega é quem está ajudando Storm... não eu — Syn rosnou asperamente. — Estou aqui apenas para protegê-la de ser morta à toa de novo!
— Nunca me mataram — revidou Angélica, negando, depois se encolheu quando a parede rachou sob as palmas das mãos dele, fazendo com que linhas tortas se esgueirassem pela pedra, perto da cabeça e dos ombros dela.
— Pare — ela murmurou, mal soprando a palavra.
Havia definitivamente algo de errado nele, mas em vez disso assustá-la... estava, de súbito, partindo seu coração. Ela abrandou a respiração, querendo ser cuidadosa agora, pois sentiu que se não fosse, aquele homem poderoso a sua frente se despedaçaria e isso seria o começo do seu mais genuíno medo.
— Eu vou te segurar até eu me acalmar — Syn avisou, assim que se inclinou para frente e a arrastou para si.
Quando Angélica não lhe resistiu, Syn sentiu um pouco do sofrimento opressivo sair dos seus ombros tensos. Ela podia não se lembrar da própria morte, mas era uma lembrança que ele ainda se esforçava em manter enterrada dentro de si... para sua própria sanidade. Mantendo-a presa, lentamente se abaixou até os joelhos, puxando-a para baixo da parede com ele. Ele deixou uma mão trêmula percorrer por cima e por baixo do cabelo negro e sedoso dela, pressionando suas bochechas na curva de seu pescoço, e colocando seus lábios contra sua têmpora enquanto fazia isso.
Angélica pestanejou quando sentiu o corpo dele estremecer contra o dela e sua respiração ofegante na orelha. Era como se ele estivesse lutando contra algo que ela não podia ver. Usando isso como motivo para ceder por enquanto, aos poucos relaxou o contato com ele, e o deixou abraçá-la. Ficou espantada por quão aquecida e protegida rapidamente se sentiu, ao ser abraçada por ele. Ele era bastante alto e forte, ainda assim ela podia sentir seu comedimento enquanto a abraçava.
Criando coragem para satisfazer sua curiosidade, ela manteve a voz suave e calma quando falou:
— Não entendo o que fiz para ganhar a sua atenção.
— Não... você não entenderia — concordou Syn e delicadamente beijou o cabelo negro dela, antes de colocar suas bochechas contra ele.
Uma parte dele não queria lembrá-la do passado maculado deles... não queria ver o lampejo de ódio nos olhos dela pelo que ele fez. Não quando não tinha intenção de pedir seu perdão. Tinham merecido morrer... todos eles.
— Você não é muito útil — acrescentou Angélica, sentindo-se um pouco esgotada de todos os surtos de adrenalina que experimentou nas últimas horas.
Ela não havia mentido... não estava com medo dele... nem tanto. Havia testemunhado ele quase se matar para trazer de volta à vida um quarto cheio de crianças assassinadas. Como ela podia verdadeiramente temê-lo, quando era tudo o que podia fazer para evitar sua aproximação? Teria de encontrar um meio de distanciar-se dele de modo permanente.
— Você é cruel comigo, Angélica — sussurrou Syn, tendo ouvido seus pensamentos mais profundos. — Se mantiver sua alma aprisionada... saberá o quão cruel você me tornou.
Seu medo aumentou com as palavras dele, e Angélica tentou afastar-se para longe, em vão. Queria ele levar sua alma como levou de tantos outros humanos? Era essa a verdadeira razão de a estar perseguindo?
— Você não tem direito à minha alma, nem nunca terá — insistiu ela, quando seu instinto de lutar ou fugir surgiu, intensificando sua luta.
— Ah não? — Syn rosnou, sentindo que perdera a sanidade. — Quer que eu destrua outro mundo só para provar a você?
Angélica arregalou os olhos e se deteve. O que quis dizer com destruir outro mundo? Igualmente rápida, ela decidiu não perguntar, porque realmente... quem gostaria de saber? Sentiu o medo indesejado a agarrando, mesmo depois de empurrar as perguntas inquietantes para dentro do lado mais obscuro da sua mente.
Ele podia sentir a respiração dela acelerar, soprando contra seu pescoço suavemente, e embora a sensação fosse tranquilizadora, estava esquentando seu sangue, o que não era bom para seu autocontrole nessa hora. Esse mundo o manteve à distância por tempo suficiente. Syn a segurou mais forte e se curvou em sua volta de maneira protetora, quando as pequenas lâmpadas do lindo candelabro no centro do quarto estouraram, projetando uma série de chuvas rápidas de fagulhas se derramando, que depois se dissiparam.
Angélica começou a olhar para o teto, mas Syn não lhe permitia erguer a cabeça, então ficou colada a ele, imaginando o que fazer. Amanhecia agora, o quarto levemente sombreado, em vez de totalmente escuro.
— Estamos brigando? — ela perguntou num sussurro. Porque se estavam, ela já sabia que perderia.
— Não — ele resmungou rudemente, e depois lançou um olhar para o espelho oval da penteadeira quando o móvel se atreveu a rachar com um estalo forte.
— Pois então, que tal me dizer qual é o problema antes de você destruir meu quarto de novo? — Angélica reclamou, antes de poder se controlar.
Syn congelou ao ouvir ela dizer... de novo. Estava ela afinal recordando coisas que não haviam acontecido nessa existência... ou mundo, nesse caso? Será que sua alma era forte bastante para, enfim, sacudir a jaula da sua prisão mortal? Cuidadosamente, fechou a mão em punho nos cabelos negros em que seus dedos estavam enrolados, para que pudesse inclinar-se para trás e procurar a verdade nos olhos dela.
— De novo? — a voz dele soava atormentada até para si mesmo.
— O quê? — Angélica indagou, confusa. Cruzes... ele estava, por todos os lados, dificultando para ela acompanhar. Era muito exaustivo.
— Você falou para lhe dizer qual era o problema antes que eu destruísse seu quarto... de novo — repetiu ele, colocando ênfase nas palavras “de novo”.
— Falei? — Angélica murmurou, sentindo arrepios na pele dos braços. Seus lábios se abriram para negar, mas tinha dito “de novo” e não podia voltar atrás agora, porque repentinamente parecia ser verdade.
Syn deixou a frustração se esvair e um lento sorriso afetado tocou seus lábios. Ele havia destruído o quarto dela em mais de uma ocasião, e embora não tivesse como saber qual recordação estava tentando irromper, já não se importava mais. Boa ou má, ele a aguardava ansiosamente, além da batalha que eles provavelmente travariam sobre ela.
A alma de Angélica era seu eu mais profundo e já o tinha perdoado... era o resto dela que ele teria de forçar para se render.
Percebendo-o sorrir com desdém diante da sua perplexidade, Angélica afastou-se, dando graças que ele soltara seu cabelo antes que tivesse torcicolo.
— Ótimo, gosta de redecorar quartos no seu tempo livre... não importa. Se não for embora e me deixar descansar, eu vou te redecorar — ela franziu a testa quando ele sumiu em seguida, deixando um riso de despedida ecoar pelo quarto.
Angélica escutou o riso carinhoso até este dissipar para longe. Ela não podia se lembrar de ouvi-lo dando risada assim sequer uma vez... ou mesmo genuinamente sorrindo. Então por que o som fazia seu peito doer, como se ao mesmo tempo ela tivesse recuperado e perdido algo querido.
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