Название: O Duque Sem Coração
Автор: Barbara Cartland
Издательство: Bookwire
Жанр: Языкознание
Серия: A Eterna Colecao de Barbara Cartland
isbn: 9781782136095
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Dunblane continuou falando, em tom de quem advoga:
–Eu sinceramente errei, o que foi apenas uma travessura de rapaz. Os Kilcraig sempre foram nossos inimigos declarados e Torquil achava divertido entrar furtivamente nas terras deles, à noite, para roubar um bezerro, ou, se possível, um animal de primeira qualidade, e trazê-lo para casa, exibindo-o em triunfo.
O Duque podia entender bem o que Dunblane estava dizendo. Realmente, significaria um triunfo, pois os McNarn odiavam os Kilcraig, há muito tempo, e os Kilcraig odiavam os McNarn.
Guerreavam entre si há várias gerações e o fato de os Kilcraig, terem gado de boa qualidade era realmente uma tentação.
Entretanto, o Duque apenas perguntou sucintamente:
–Como ele foi capturado?
–Não foi a primeira vez que ele fez essa travessura– disse Dunblane–, mas, infelizmente, eu só fiquei sabendo, quando Kilcraig informou-me de que Torquil, e três rapazes que estavam com ele tinham sido presos.
–Os boiadeiros devem ter ficado à espreita, não é?
Dunblane assentiu, balançando a cabeça.
–E imagino– continuou o Duque–, que eles tenham feito a tolice de ir pelo mesmo caminho e ao mesmo lugar das outras vezes.
–Era o caminho mais curto– retrucou Dunblane, apenas.
–Não posso imaginar coisa mais irresponsável, nem mais irritante!– exclamou o Duque–. Acha que Kilcraig vai aceitar alguma justificativa, se eu falar com ele?
–Ele disse que só negociaria com Sua Alteza.
O Duque suspirou.
–Então, acho que não tenho alternativa senão falar com ele…, mas eu lhe digo, Dunblane, que estou tremendamente irritado com isso tudo.
–Era o que eu imaginava, Alteza. Por outro lado, acho que teria sido mais sensato mandar Torquil para a escola e depois para a Universidade.
–Mas meu pai não queria saber de sensatez– disse o Duque, com cinismo–, que idade tem Torquil agora?
–Ele vai fazer dezassete no próximo aniversário. A mesma idade que tinha Sua Alteza quando fugiu de casa.
O Duque entendeu que a frase era para fazê-lo lembrar-se de que já sentira as mesmas coisas que o rapaz, rebeldia, raiva e determinação de tomar uma atitude.
–Ele recebeu alguma instrução?
–Recebeu, Alteza. Seu pai contratou excelentes tutores para ele, mas infelizmente, Torquil achava todos enfadonhos.
–Não me admiro nem um pouco– disse o Duque–, sei muito bem o tipo de tutores que meu pai deve ter contratado.
–O que ele precisa, Alteza, é distrair-se e praticar desporto com rapazes da mesma idade e da mesma classe que ele.
–E esses que foram capturados com ele?
–São filhos de colonos, rapazes decentes. Alteza, mas, é claro, sem instrução.
–Isso tudo é um absurdo! Ridículo! Como foram deixar acontecer uma coisa dessas!– esbravejou o Duque, mas, antes mesmo de ter acabado de falar, percebeu que estava sendo injusto.
Sabia que Dunblane tinha feito o máximo por Torquil, como tinha feito por ele, mas, diante da obstinação do pai, qualquer sugestão ou conselho já era de antemão inútil.
–Bem, o que vamos fazer, então? – perguntou ele, mais calmo.
–Tentei marcar um encontro entre Kilcraig e Sua Alteza, para amanhã, mas ele diz que não vem aqui de jeito algum.
–Quer dizer que eu é que tenho de procurá-lo?
–Pode parecer uma perda de prestígio, Alteza, mas é que ele tem o trunfo nas mãos.
–Torquil?– murmurou o Duque .
–Exatamente!
–Pois bem, eu irei, mas previno-o, Dunblane, se Kilcraig começar a dificultar muito, Torquil que vá para o inferno!
O Duque falou com violência, mas sabia que era inútil ficar brigando com argumentos imaginários. Era preciso enfrentar a situação com dados reais. A luta estava apenas começando.
Seria impossível permitir que seu sobrinho e herdeiro, fosse a julgamento em Edimburgo, como um cidadão comum.
Sabia que não seria Torquil o humilhado e punido, mas o Clã inteiro. Todos usavam o mesmo sobrenome, e acreditavam-se parte de um todo.
Tinha certeza de que cada homem do Clã lutaria em suas terras até a morte, por sua própria família e pela honra, assim como lutaria em qualquer batalha a que o chefe do Clã os conduzisse.
–Quanto antes resolvermos isso, melhor!– disse o Duque, com rispidez–, mande avisar Kilcraig que eu irei falar com ele amanhã à tarde. Você irá comigo, não é?
–Se vai às terras de Kilcraig, Alteza, deve ir tal como requer sua posição. Não fazer isso pode ser considerado um sinal de fraqueza.
O Duque olhou o administrador de bens, admirado.
–O que quer dizer com isso?
–Sua Alteza irá com a escolta, o bardo, o gaiteiro, e o séquito todo, como faziam todos os antepassados.
–Meu Deus do céu! Nos tempos de hoje, isso ainda é necessário?– perguntou o Duque.
–Como eu já disse, se fizer algo diferente disso será considerado sinal de fraqueza, e no momento, como bem sabe, Sua Alteza não está com as melhores cartas na mão.
O Duque cerrou o punho e bateu com força no braço da cadeira.
–Isto é intolerável! E o que é pior, Dunblane, é que eu me sinto como se tivesse voltado ao passado. Na Inglaterra, os nobres não aprisionam os filhos de um inimigo, o duelo já está quase fora de moda e as discussões são mantidas cavalheirescamente, enquanto se toma um cálice de vinho do Porto!
–Infelizmente, Alteza… Kilcraig, é bem parecido com seu pai e prefere usar a espada a um argumento sensato.
–Muito bem– disse o Duque com rispidez–, seja como você quiser! Deixo tudo em suas mãos, Dunblane. Só espero que possamos manter alguma dignidade, nessa situação ridícula!
Caminhou até a porta e virou-se para dizer:
–Você quer que eu coloque a fantasia?
–Se está querendo saber se deve usar o tartã, eu digo que Sua Alteza deve encontrar-se com Kilcraig, como um chefe de Clã, o chefe dos McNarn.
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