Название: Para Sempre e Um Dia
Автор: Sophie Love
Издательство: Lukeman Literary Management Ltd
Жанр: Современные любовные романы
Серия: A Pousada em Sunset Harbor
isbn: 9781640296558
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“Você estava convencida de que eu não deveria vendê-la”, disse ele com uma risada. “Colocava uma Barbie em cada uma das gavetas. Disse que era um hospital para suas bonecas”.
“Acho que me lembro”, Emily respondeu, um pouco melancólica.
“Rico foi muito gentil”, acrescentou Roy. “Ajudou você a ‘transferir’ suas ‘pacientes’ para outro local. Acho que você escolheu o armário embaixo da pia”. Ele também ficou um pouco melancólico e desviou sua atenção da recepção para as outras reformas. “A casa está incrível. Você fez um trabalho fabuloso”.
O tom de orgulho na voz dele fez o coração de Emily saltar de alegria. Este momento foi muito mais do que ela poderia esperar. Foi perfeito.
“Quer que lhe mostremos tudo?” ela perguntou.
Roy assentiu. Emily levou-o para a cozinha primeiro. De lá, puderam ouvir os sons dos cachorros latindo da lavanderia.
“Eu não sei o que comentar primeiro”, exclamou Roy, examinando a cozinha totalmente restaurada com seus eletrodomésticos e decoração retrô originais. “Esta reforma incrível ou o fato de você ter cachorros!”
“Esta é Mogsy e seu filhote Chuva!” Chantelle anunciou, abrindo a porta da área de serviço e permitindo que os dois cães entrassem correndo.
Os dois foram até Roy, cheirando-o e tentando lamber seu rosto. O homem riu, as linhas finas ao redor de seu rosto se tornaram mais pronunciadas, estendendo-se para trás das orelhas.
“Normalmente, não os deixamos correr pela cozinha”, explicou Emily. “Mas já que é uma ocasião especial...”
Sua voz embargou quando a pontada de melancolia que ela sentiu mais cedo retornou. Estar com o pai não deveria ser “especial”; o fato dele ter ido embora foi o que mudou tudo.
Ainda agachado, ele olhou para a filha, cheio de arrependimento.
De repente, Emily sentiu uma onda de raiva. Algumas de suas feridas profundamente esquecidas estavam começando a se abrir de novo.
“Vamos para a sala de jantar”, ela disse rapidamente, não querendo que aquilo aflorasse.
Entraram na sala da grande mesa de carvalho. Imediatamente, Roy notou que a pesada cortina que outrora escondia a porta do salão de baile não estava mais lá.
“Você encontrou o salão de baile”, disse ele.
Alguma coisa naquele comentário irritou Emily ainda mais. Isto não era uma brincadeira de esconde-esconde. Sentiu o rosto corar.
“Encontrei. Restaurei. Logo me casarei nele”, disse ela, enquanto passavam pelo corredor de teto baixo e entravam no enorme salão de baile.
Ela notou a frieza em sua voz e respirou fundo para se acalmar.
“Bem, está lindo”, disse Roy, alheio à crescente raiva da filha ou ainda não disposto a enfrentá-la. “Fico surpreso pelo vitral estar tão bem depois de todo esse tempo”.
“O amigo de Daniel, George, renovou as janelas”, explicou Emily.
“George?” Roy disse, levantando as sobrancelhas. “Eu me lembro dele quando era deste tamanho”. Indicou com a mão a cintura para indicar a altura de uma criança.
Ocorreu a Emily que Sunset Harbour era mais a cidade do pai do que dela, que ele conhecia as pessoas daquele lugar melhor do que ela, que nos anos em que ele morara ali, plantara mais raízes do que ela podia imaginar. Uma nova emoção penetrou na complexa mistura de sentimentos que ela já tentava manter a distância: ciúme. Tentou ao máximo manter uma expressão neutra em seu rosto.
Subiram a escada e Emily mostrou a Roy a suíte principal, que já fora dele e de Patrícia, depois, supostamente, dele e de Antonia, quando ela o visitava, antes de finalmente se tornar sua e de Daniel.
“Está fantástico”, Roy exclamou. “As cores são tão vivas”.
Ele costumava gostar muito mais de cores escuras, nuances de carmesim e azul náutico que ela usara no quarto de hóspedes. O branco neve e o azul claro estavam muito mais próximos do gosto de sua mãe, e Emily percebeu pela primeira vez, ao olhar para o quarto, que seu estilo era uma mistura perfeita de ambos. A predileção de Roy por antiguidades podia ser vista na enorme cama, na penteadeira, na poltrona, e o minimalismo de Patrícia era notado no branco e nas cores claras. Emily sentiu como se estivesse olhando para o quarto de uma forma completamente nova.
“Meu quarto é o próximo”, disse Chantelle.
Emily ficou aliviada pela distração. Guiou Roy para fora do quarto e entrou no de Chantelle, onde ele sentou em uma maravilhosa poltrona decorada com animais que Emily havia comprado para a menina. Chantelle caminhou quase dançando pelo quarto, mostrando com orgulho sua estante de livros, seu guarda-roupa cheio de vestidos, sua pilha de adoráveis bichos de pelúcia e a parede em que pendurava suas “obras de arte”.
“Chantelle, seu quarto é lindo”, Roy disse amavelmente, e Emily se lembrou do jeito suave que ele tinha com as crianças, da gentileza com que falava com ela quando fazia parte de sua vida.
Chantelle sorriu com orgulho.
“Você preferiu não colocá-la no quarto que era seu e de Charlotte?”, ele perguntou. “A sala de jogos com o mezanino?”
Emily sentiu uma pontada de dor no peito ao ouvi-lo se referir ao quarto de sua infância. Ele o trancou depois da morte de Charlotte, forçando-a a trocar de quarto. Esse tinha sido o primeiro sinal, Emily percebia agora, que o pai dela não iria processar a morte de Charlotte, que a morte dela ia se tornar o catalisador para ele abandoná-la.
“Essa é a suíte nupcial”, Daniel explicou, assumindo o controle enquanto Emily permanecia muda. “O mezanino é ótimo para atrair hóspedes. Além disso, queríamos Chantelle perto de nós”.
A emoção estava ficando demais para Emily. Ela não tinha ideia de que era possível sentir tantas coisas complexas e conflitantes ao mesmo tempo. De repente, percebeu que, assim que aquele tour acabasse, assim que eles se sentassem na sala frente a frente, ela descontaria toda a raiva que estava sentindo em seu pai.
De repente, sentiu a mão do pai em seu braço, estabilizando-a, tranquilizando-a. Ela olhou em seus olhos azuis, viu a dor e arrependimento dentro deles, misturado com um alívio absoluto. Ele estava silenciosamente dizendo a ela que estava tudo bem, que entendia sua raiva. Ela não precisava ficar escondendo.
Eles caminharam pelo resto do andar, olhando alguns dos quartos de hóspedes para que Roy pudesse ter uma ideia da decoração. Ele parou brevemente ao lado da porta do escritório. A última vez em que esteve aqui, era duas décadas mais jovem, seu cabelo era preto em vez de cinza, seu corpo era mais magro e mais ágil em vez da pequena pança que agora estava acima de seu cós.
“Está do mesmo jeito”, Emily respondeu. “Eu não reformei”.
Ele assentiu, mas não disse uma palavra. Ela se perguntou se ele estava pensando sobre a miríade de documentos que havia trancado em sua mesa, aqueles que ela tinha lido. As cartas e segredos dele que ela havia СКАЧАТЬ