Название: Esquecidas
Автор: Блейк Пирс
Издательство: Lukeman Literary Management Ltd
Жанр: Современные детективы
Серия: Um Mistério de Riley Paige
isbn: 9781640298224
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Riley sabia que Wendy tinha cerca de cinquenta anos, sendo por isso dez anos mais velha que ela. Parecia encarar a idade que tinha sem problemas. Parecia bastante convencional. O cabelo parecia não estar a encanecer como o de Riley, mas Riley duvidava que fosse a sua cor natural.
Riley olhava para o rosto de Wendy e para a foto. Notou que Wendy se parecia com a mãe. Riley sabia que se parecia mais com o pai e não se sentia especialmente orgulhosa dessa parecença.
“Bem,” Disse por fim Wendy para quebrar o silêncio. “O que é que tens feito… nas últimas décadas?”
Riley e Wendy riram-se ambas um pouco. Até o seu riso parecia tenso e estranho.
Wendy perguntou, “És casada?”
Riley suspirou alto. Como podia ela explicar o que se estava a passar entre ela e Ryan quando nem ela sabia ao certo?
Disse, “Bem, como os miúdos dizem hoje em dia, ‘é complicado’. E quero dizer mesmo complicado.”
Seguiram-se mais uns risos nervosos.
“E tu?” Perguntou Riley.
Wendy parecia começar a descontrair um pouco.
“O Loren e eu estamos quase a fazer vinte e cinco anos de casados. Somos ambos farmacêuticos e temos a nossa própria farmácia. O Loren herdou-a do pai. Temos três filhos. O mais novo, Barton, está fora na universidade. Thora e Parish são ambos casados e têm as suas vidas. Acho que isso faz de mim e do Loren os clássicos pais cujos filhos ganharam asas e os deixaram.”
Riley sentiu uma melancolia estranha a tomar conta dela.
A vida de Wendy em nada se tinha assemelhado à dela. Na verdade, a vida de Wendy tinha sido aparentemente normal.
A sensação de estar a olhar para um espelho, como ao jantar com April, regressara.
Com exceção de que o espelho não era do seu passado.
Era de um ser futuro – alguém em quem ela se poderia ter transformado, mas que nunca, nunca poderia ser.
“E tu?” Perguntou Wendy. “Tens filhos?”
Mais uma vez Riley sentiu-se tentada a dizer…
“É complicado.”
Mas em vez disso, disse, “Duas. Tenho uma filha com quinze anos, April. E estou prestes a adotar outra – Jilly que tem treze anos.”
“Adoção! Mais pessoas o deviam fazer. Isso é ótimo.”
Riley não sentia que devia ser parabenizada no momento. Sentir-se-ia melhor se tivesse a certeza de que Jilly cresceria numa família com pai e mãe. Naquele momento, aquele assunto era uma dúvida. Mas Riley decidiu não entrar por aí com Wendy.
Em vez disso, queria tratar de um outro assunto com a irmã.
E receava que pudesse ser estranho.
“Wendy, sabes que o pai me deixou a sua cabana no testamento,” Disse ela.
Wendy anuiu.
“Eu sei,” Disse ela. “Enviaste-me algumas fotos. Parece um lugar agradável.”
As palavras eram um pouco dissonantes…
“… um lugar agradável.”
Riley tinha lá estado algumas vezes – e recentemente quando o pai falecera. Mas as suas memórias do lugar estavam longe de ser agradáveis. O pai tinha comprado quando se aposentara da Marinha. Riley lembrava-se da cabana como a casa de um velho solitário e mau que odiava toda a gente – e um homem que também todos odiavam. A última vez que Riley o vira vivo, haviam chegado a vias de facto.
“Penso que foi um engano,” Disse Riley.
“O quê?”
“Deixar-me a cabana. Foi errado da parte dele fazer isso. Devia ter ido para ti.”
Wendy parecia genuinamente surpreendida.
“Porquê?” Perguntou.
Riley sentiu todo o tipo de emoções negativas a revolverem-se dentro de si. Aclarou a garganta.
“Porque estiveste com ele no fim, quando ele estava no lar. Cuidaste dele. Até trataste de tudo depois de ele morrer – o funeral e as coisas legais. Eu não estava lá. Eu…”
Riley quase se engasgou com as palavras que proferiu de seguida.
“Penso que não conseguiria fazer o que fizeste. Nós não nos dávamos bem.”
Wendy sorriu com tristeza.
“Nós também não nos dávamos bem.”
Riley sabia que era verdade. Pobre Wendy – o pai batera-lhe regularmente até ela finalmente fugir de vez aos quinze anos. E mesmo assim, Wendy mostrara a decência de cuidar dele no fim.
Riley não o tinha feito e não conseguia evitar sentir-se culpada a esse respeito.
Riley disse, “Não sei quanto vale a cabana. Deve valer alguma coisa. Quero que fiques com ela.”
Os olhos de Wendy dilataram-se. Parecia assustada.
“Não,” Disse ela.
A franqueza da sua resposta espantou Riley.
“Por que não?” Perguntou Riley.
“Simplesmente não posso. Não quero. Quero esquecer-me dele.”
Riley sabia exatamente como é que ela se sentia. Ela sentia o mesmo.
Wendy acrescentou, “Deves vendê-la e ficar com o dinheiro. É o que quero que faças.”
Riley não sabia o que dizer.
Felizmente, Wendy mudou de assunto.
“Antes do pai morrer, ele disse-me que eras agente da UAC. Há quanto tempo estás nesse trabalho?”
“Há cerca de vinte anos,” Disse Riley.
“Bem. Penso que o pai tinha orgulho em ti.”
Um riso amargo apoderou-se de Riley.
“Não, não tinha,” Disse ela.
“Como sabes?”
“Oh, ele deu-me a entender. Ele tinha a sua forma muito particular de comunicar.”
Wendy suspirou.
“Penso que tinha,” Disse Wendy.
Seguiu-se um silêncio СКАЧАТЬ