Flores do Campo. João de Deus
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Название: Flores do Campo

Автор: João de Deus

Издательство: Public Domain

Жанр: Зарубежная классика

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СКАЧАТЬ valle, ambas irmãs, nascidas fomos;

      És como eu sou;

      E amamo-nos, e flôres ambas somos,

      Mas eu não vôo.

      A ti leva-te o ar; prende-me a terra

      A mim; e eu

      Como hei-de perfumar-te em valle e serra,

      E lá no céo!…

      Mais longe inda tu vás, por outras flôres…

      Girar, talvez,

      Em quanto a minha sombra, meus amores!

      Gira a meus pés!

      E vens-me vêr depois, mas vaes-te embora,

      Sabendo, assim,

      Que em lagrimas me encontra sempre a aurora!

      Pobre de mim!

      Acabem-se estas mágoas, meu thesoiro

      E meu amor!

      Cria raiz ou dá-me as azas de oiro,

      Celeste flôr!

      V. Hugo.

      Coimbra.

      REMOINHO

      Olha como embrulhado

      Que está ainda o céo

      E o chão, como ensopado

      Da agua que choveu…

      Foi um diluvio d’agua;

      E o furacão, que fez,

      Emilia! até dá mágoa

      Tantos estragos: vês?

      Esta infeliz víuva,

      Foi-lhe o telhado ao ar;

      Depois, já nem da chuva

      Tinha onde se abrigar.

      De mais a mais sósinha,

      Sem ter nenhum dos seus

      Aqui ao pé; ceguinha…

      Bemdito seja Deus!

      Além n’aquelle serro

      Parece que raspou

      Com uma pá de ferro

      A terra que encontrou.

      Nem um só pé de trigo

      És lá capaz de vêr.

      Já eu disse commigo:

      Como póde isto ser?

      As arvores arranca

      O vento muito bem;

      Serve-lhe de alavanca

      A rama que ellas tem.

      Vem de lá elle e, topa

      N’uma arvore, o que faz?

      Enrola-se na copa

      E, tronco e tudo, zás!

      Que as folhas não são nada,

      Uma por uma, não;

      Mas já uma pernada…

      Tão poucas ellas são?

      Vê lá se o teu cabello

      É para comparar;

      Mas, possa alguem sustel-o,

      Levanta-te no ar.

      Aqui um loureirinho,

      Que era o que havia só,

      Encontra-o no caminho,

      Ia-o fazendo em pó.

      D’aqui passa, á maneira

      Assim d’um caracol,

      Áquella farrobeira

      Põe-lhe a raiz ao sol.

      Aquelle enorme tronco

      Quiz resistir, depois,

      Ouviu-se um grande ronco,

      Quando o eu vejo em dois.

      Andava a rama toda,

      Emilia! assim, vês tu?

      Á roda, á roda, á roda,

      Eis senão quando, rhuh!

      Foi quando veio o outro

      Urrando como um boi,

      Oh que horroroso encontro!

      Então é que ella foi.

      Vês uma cobra enorme

      Á calma, quando está

      Grande calor, conforme

      As tenho visto já?

      Que não tem ar avonde,

      Falta-lhe já o ar,

      Quer sangue ou agua onde

      Se possa refrescar;

      Anceia-se, sacode

      O corpo todo a vêr

      Se vôa, mas não póde;

      Voar não póde ser;

      E como não supporta

      Já o calor do chão,

      Ao vêr-se quasi morta

      De raiva e afflicção,

      Apenas finca a ponta

      Do rabo em terra, e sái;

      E faça-se de conta

      Que é a voar que vai

      N’aquellas roscas todas

      Que, olhando-se-lhes bem,

      São outras tantas rodas

      Em cima d’onde vem;

      N’aquelle parafuso

      – Aquelle rodopio,

      Á roda como um fuso

      Suspenso pelo fio;

      Com a cabeça chata,

      Aquelle olhar feroz,

      Aquelle olhar que mata

      Sempre de fito em nós?

      Assim d’essa maneira

      É que elle vinha, o tal;

      Salta-lhe á dianteira

      Este de força igual;

      E assim que se avistaram,

      Não sei o que lhes dá;

      Ficam suspensos, param,

      Como com medo já;

      Aquelles sorvedouros,

      Em vez de remoinhar,

      Parecem-se dois touros

      Jogando a terra ao ar;

      Ouvia-se a oliveira

      Zunir no ar, então,

      D’um para o outro inteira,

      Nem bala de canhão;

      E assim se vão chegando

      Cada vez mais, até

      Que eu ólho, eis senão quando

      Vejo… mas vejo o que?

      . . . . . . . . . . . . . . .

      Messines.

      AMORES, AMORES…

      Não sou eu tão tola

      Que cáia СКАЧАТЬ