Название: Vida de sombras - Sombras no coração
Автор: Sarah Morgan
Издательство: Bookwire
Жанр: Языкознание
Серия: Tiffany
isbn: 9788413752792
isbn:
– Estou convencida de que estás enganada. E sei como sair da ilha – Selene não queria revelar o seu plano, nem deixar que a sua mãe debilitasse a sua autoconfiança, portanto, levantou-se. – Voltarei amanhã. Tenho tempo de sobra antes de o pai voltar... da sua viagem.
Era assim que se referiam às ausências do seu pai, embora ele não se esforçasse minimamente para disfarçar as infidelidades.
Não queria pensar no que faria se a sua mãe, como noutras ocasiões, se recusasse a ir-se embora. Só sabia que queria escapar da prisão que Antaxos representava e os acontecimentos da semana anterior tinham confirmado a sua decisão.
Inclinou-se para beijar a sua mãe.
– Sonha com a tua nova vida. Poderás rir-te novamente, voltarás a pintar e os teus quadros voltarão a vender-se.
– Não pinto há anos. Já não tenho o impulso.
– Porque te tiraram a vontade de viver, mas recuperá-la-ás.
– E se o teu pai voltar antes do esperado e descobrir que te foste embora?
Selene sentiu-se à beira de um abismo e percebeu que necessitava de um ponto de apoio.
– Isso não vai acontecer – disse, com determinação.
Stefan pôs os pés sobre a secretária.
Atenas, a cidade em crise que o mundo observava com inquietação, despertava em torno do edifício dos seus escritórios centrais. Tentavam convencê-lo a levar o seu negócio para outra cidade, Nova Iorque ou Londres, para qualquer sítio desde que deixasse para trás a traumatizada capital da Grécia, mas Stefan ignorava-os.
Não estava disposto a abandonar o lugar que lhe tinha permitido chegar a ser quem era. Ele sabia o que significava perder tudo, passar da prosperidade à pobreza. Conhecia o medo e a insegurança, e o quanto era preciso lutar para recuperar. Essa era uma vitória incontestável e que proporcionava muito mais satisfação do que uma batalha fácil. E vencera-a com mérito. Tinha poder e dinheiro.
Surpreenderia as pessoas saber o pouco que lhe importava o dinheiro. No entanto, o poder era outra coisa. Desde muito pequeno, tinha aprendido o seu valor. Abria portas, convertia os «nãos» em «sins», as dificuldades em facilidades. O poder era afrodisíaco e, quando era necessário, uma arma perfeita que usava sem que lhe tremesse a mão.
O telefone tocou pela enésima vez em dez minutos e ignorou-o mais uma vez.
Uma pancada na porta tirou-o da sua abstração. Tratava-se de Maria, a sua assistente pessoal.
Stefan olhou para ela, arqueando um sobrolho irritado.
– Não me olhes assim. Sei que não queres que te incomode, mas não estás a atender a tua linha pessoal – ao não obter resposta, Maria soprou. – Sonya já te ligou várias vezes.
– Quer dizer-me que está zangada e não tenho o mínimo interesse em falar com ela.
– Deixou uma mensagem, não pensa fazer de anfitriã da tua festa desta noite enquanto não tomares uma decisão a respeito da vossa relação. Literalmente, disse: «Diz-lhe que ou se compromete ou acabámos».
– Então, acabámos. Eu disse-lho, mas não quer entendê-lo – Stefan levantou bruscamente o auricular e apagou as mensagens sem se incomodar em ouvi-las, diante do olhar reprovador de Maria. – Trabalhas para mim há doze anos. Porque me olhas assim?
– Nunca te importará acabar uma relação?
– Não.
– Isso diz muito de ti, Stefan.
– Sim, que lido bem com os fins das relações.
– Não, que as mulheres com quem sais te são indiferentes.
– Tanto como eu a elas.
Abanando a cabeça, Maria recolheu duas chávenas vazias da secretária de Stefan.
– Tens todas as mulheres que queres e não há uma única com que queiras assentar. És um homem com sucesso em todos os campos, exceto no pessoal.
– Enganas-te.
– Não acredito que não queiras mais de uma relação.
– Quero sexo frequente, apaixonado e sem complicações – Stefan respondeu com um sorriso ao olhar de desaprovação da assistente. – Por isso, escolho mulheres que querem o mesmo.
– O amor transformar-te-ia.
Amor? Só de ouvir a palavra algo bloqueava no interior de Stefan. Baixou os pés da secretária.
– Desde quando faz parte do teu trabalho ocupares-te da minha vida privada?
– Como queiras, não sei porque me incomodo – disse Maria. E saiu, mas voltou imediatamente. – Há uma pessoa que quer ver-te. Talvez ela te ajude a recordar que és humano.
– Uma mulher? Pensava que a minha primeira reunião era às dez.
– Veio sem hora marcada, mas não tive coragem de lhe dizer que se fosse embora. É uma freira e diz que tem de falar urgentemente contigo.
– Uma freira? – perguntou Stefan, espantado. – Se veio salvar a minha alma, chega tarde. Diz-lhe que se vá embora.
Maria endireitou os ombros.
– Não vou expulsar uma freira.
Stefan soprou de exasperação.
– Como podes ser tão inocente? Não ponderaste que pudesse ser uma stripper?
– Sei quando um hábito é verdadeiro. E não és nada atraente quando és tão cínico.
– Mas sempre me serviu de escudo protetor. E agora que amoleceste, vou necessitá-lo mais do que nunca.
– Recuso-me a dizer a uma freira que se vá embora. Além disso, tem um sorriso muito doce – Maria suavizou a sua expressão antes de olhar para ele com determinação. – Se queres expulsá-la, terás de o fazer tu mesmo.
– Está bem, manda-a entrar. Vais ver como é fácil alugar um fato de freira.
Maria foi-se embora, evidentemente aliviada, e Stefan esperou por uma visita da qual não esperava obter nenhum benefício.
A sua irritação aumentou ao ver a freira a entrar com a cabeça coberta inclinada. A atitude pia dela não afetou Stefan, que a observou da poltrona sem se alterar.
– Se espera que admita os meus pecados, advirto-lhe que tenho uma reunião daqui a uma hora e não é tempo suficiente para os resumir. Se o que quer é dinheiro, os meus advogados encarregam-se das minhas obras de caridade. Eu ganho o dinheiro, mas gastam-no outros.
O tom de voz que usou teria afugentado muitos, mas a freira СКАЧАТЬ