Название: Legado de paixões - O homem que arriscou tudo
Автор: Michelle Reid
Издательство: Bookwire
Жанр: Языкознание
Серия: Tiffany
isbn: 9788413752785
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– Isso poria fim a esta conversa sem sequer a começar – disse ele, com sarcasmo.
Zoe encolheu os ombros e continuou a dobrar a roupa enquanto Anton a observava, perguntando-se como resolver o problema, dado o desprezo que ela sentia por um homem que nem sequer conhecia.
– Pensava que enviaria um advogado – disse Zoe.
– Eu sou advogado – respondeu ele. – Ou, pelo menos, licenciei-me para o ser, embora mal tenha tido tempo para me dedicar a exercer.
– Está muito ocupado a fazer de magnata?
Anton sorriu.
– Vivo aceleradamente – admitiu. – Viajo demasiado para poder ter a concentração que a lei exige. Sei que o seu campo é a astrofísica… É surpreendente.
– Pelo menos, era – disse Zoe. – Mas antes que me conte como seria simples retomar os meus estudos, deixe-me esclarecer que não tenciono entregar o meu irmão, nem por todo o ouro do mundo.
– Não tinha a menor intenção de lhe fazer essa oferta, nem de lhe explicar o que já sabe.
– O quê?
– Que poderia pedir uma bolsa de estudo para cuidar do menino enquanto contínua os seus estudos. Também sei que não pode continuar nesta casa porque o seguro de vida dos seus pais não incluía o pagamento da hipoteca.
Zoe olhou para ele, indignada. Quem lhe dava o direito de falar da sua vida privada?
– O seu chefe disse-lhe para mencionar esse assunto?
– O meu chefe? – perguntou Anton, arqueando uma sobrancelha.
– Theo Kanellis. O homem que lhe proporcionou uma vida privilegiada, transformando-o no seu criado.
Zoe teve a satisfação de ver um resplendor de raiva nos olhos de Pallis.
– O seu avô está velho e doente e não pode viajar.
– Mas não suficientemente velho nem doente para deixar de se comportar como um déspota – indicou ela.
– Não sente a mínima compaixão?
– Nenhuma. De facto, nem sequer me importaria se tivesse vindo para me dizer que estava quase a morrer – disse Zoe, com firmeza, ao mesmo tempo que punha água a aquecer.
Anton aproveitou para a observar e medi-la como adversária.
– A verdade é que, noutras circunstâncias, não se teria incomodado em entrar em contacto comigo, pois não? – continuou Zoe, virando-se quando Anton desviava o olhar. – Agora quer moldar Toby para que seja mais digno de usar o apelido Kanellis do que o meu pai.
Zoe viu que Pallis abria a boca, mas se arrependia e voltava a fechá-la. Observando-a como se o hipnotizasse, perguntou-se quantos anos teria e calculou que não devia ter mais de trinta.
– Sente muita amargura – observou Anton.
– Em vinte e dois anos, não ouvi uma palavra dele – replicou ela. – E não diga que a culpa é do meu pai ou vou expulsá-lo desta casa.
Houve um silêncio durante o qual Zoe não conseguiu desviar o olhar do rosto imperturbável de Anton. Tinha o coração acelerado e sentiu pele de galinha enquanto esperava a sua reação. Quando ele deu um passo para a frente, ela ergueu o queixo em atitude desafiante, embora fosse consciente de que fora demasiado longe.
– Não me toque – deu um passo atrás, mas não conseguiu evitar que Anton a segurasse pelo pulso.
Só se apercebeu do que ia fazer quando estendeu a outra mão para lhe tirar cuidadosamente a faca que estivera a brandir sem se aperceber e a deixou na bancada.
O movimento aproximou-o dela, tornando-a ainda mais consciente da sua envergadura e permitindo-lhe inalar a sua fragrância masculina.
– Está bem, menina Kanellis – murmurou ele. – Visto que não gostamos um do outro, aconselho-lhe que se limite a magoar-me com as suas palavras e não com uma faca. Não gostaria que houvesse um derramamento de sangue.
Zoe corou.
– Não tencionava…
– Referia-me ao seu, Zoe – sussurrou ele, olhando para ela enquanto a mantinha presa por uns segundos antes de a soltar e recuar.
Zoe sentiu-se perturbada ao vê-lo relaxar e esboçar um sorriso.
– E agora, aceito o café que me ofereceu antes.
Atordoada com aquela demonstração de segurança em si próprio, Zoe ficou a olhar para ele enquanto ele se sentava pausadamente numa cadeira, como se quisesse sublinhar o contraste entre as suas maneiras corteses e a brutalidade insolente dela.
Zoe cerrou os dentes, zangada consigo própria por ter perdido o controlo e concentrando-se para recuperar a calma enquanto fazia dois cafés instantâneos.
– Leite e açúcar? – perguntou.
– Não, obrigado.
– Um bolo? – Zoe sorriu para si, pensando em como a sua mãe estaria contente por, apesar de tudo, se comportar como uma boa anfitriã.
– Porque não?
Zoe pôs sobre a mesa as duas chávenas e um prato com bolos e sentou-se à frente dele. O sol que entrava pela janela refletiu-se na pele dourada dos dedos de Anton quando seguravam a chávena.
Zoe sentia um nó no estômago cuja causa conhecia perfeitamente: ela, que evitava por regra todo o conflito, parecia empenhada em provocar uma discussão com Anton Pallis apesar de, no fundo, saber que ele não era culpado da situação.
– Bode expiatório – disse Anton. E Zoe levantou a cabeça, surpreendida. Ele olhou para ela fixamente: – Precisa de descarregar a sua raiva em alguém e eu estou à mão. Mas a sua luta não é contra mim, mas contra Theo.
Zoe olhou para ele com desdém.
– Diga-me, o que sentiu ao ocupar o lugar do meu pai?
Anton compreendeu a verdadeira razão por que ela o odiava tão profundamente, um sentimento que intuíra desde que lhe abrira a porta. Para ela, fora por causa dele que o seu avô não fizera nenhum esforço para se reconciliar com o seu pai.
O pranto de um bebé impôs-se sobre a tensão que eletrizava o ambiente. Zoe levantou-se com um salto e saiu.
Uma vez a sós, Anton ficou pensativo. Zoe tencionava insultá-lo ao mencionar que substituíra o seu pai e a acusação continha um pouco de verdade. Nunca saberiam o que teria acontecido se ele não estivesse presente para ocupar o vazio que Leander deixara.
Anton amaldiçoou a teimosia de Theo, que o punha numa situação tão incómoda e em tão má posição para se defender.
O quarto de Toby era quase tão pequeno como o СКАЧАТЬ