O príncipe cruel. Jane Porter
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Название: O príncipe cruel

Автор: Jane Porter

Издательство: Bookwire

Жанр: Языкознание

Серия: Sabrina

isbn: 9788413489858

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      – Sim, tu já o demonstraste. Deixa-me continuar. Tens sentido do humor… quando queres.

      – Isso parece-me um inconveniente… ser imprevisível.

      – Tens amigos ricos. O iate era imenso, mas isso é negativo.

      – Porquê?

      – É desastroso do ponto de vista ambiental.

      – Estou de acordo.

      – Estás de acordo? – perguntou ela, arqueando as sobrancelhas.

      – Sim. Sempre me preocupei com o ambiente.

      – A sério?

      Ele assentiu com a cabeça e ela franziu levemente as sobrancelhas.

      – Interessante… – murmurou ela.

      – Porquê?

      – Começas a saber algo de ti mesmo. Acho que estás a recuperar a memória e isso é bom.

      Ele sentiu uma pontada de inquietação e não soube porquê. Recuperar a memória deveria ser fantástico, mas tinha medo.

      – Vamos falar de ti.

      – Porquê? Sou uma estudiosa chata…

      – Não és chata e as mulheres estudiosas são apaixonantes.

      – A sério? – perguntou ela entre risos.

      – Fui à escola com mulheres inteligentes e não há nada mais sensual do que uma mulher inteligente…

      Ele parou ao dar-se conta do que tinha dito.

      Não se tinha referido à escola preparatória ou secundária, referia-se à universidade e sabia que chamar-lhe «escola» era muito típico dos Estados Unidos. Teria frequentado a universidade nos Estados Unidos? Notou que Josephine também se tinha apercebido.

      – Estás a recuperar a memória – comentou ela baixinho e com emoção.

      – Estás a curar-me. O sol, os banhos…

      – Não há muito para fazer – ela sorriu. – Não há televisão ou videojogos.

      – Acho que nem que os tivesses os usaria. Tu adoras estar ao ar livre e moves-te no mar como um peixe.

      – Vivi sempre junto ao mar. Primeiro no Havai e depois aqui. Não consigo viver sem dar um mergulho. Se passar muitos dias sem molhar-me sinto-me abatida. O mar devolve-me à vida.

      – És um peixe.

      – O meu pai diz o mesmo – ela riu-se. – Diz que tenho escamas e que se secam se não me banhar.

      – Bom, é possível que não sejas um peixe, mas uma sereia.

      – É possível.

      Josephine sorriu com timidez. Tudo estava a mudar por dentro, não podia fingir que ele não a afetava, não podia fingir que não havia tensão entre eles porque olhava para ela com uma intensidade que a fazia ficar sem respiração e com o coração na boca, um olhar que a aterrorizava e, ao mesmo tempo, emocionava. Estar ao seu lado era excitante e desconcertante, ninguém a tinha olhado como se fosse importante, ninguém tinha feito com que se sentisse tão bela. A cada conversa, ele fazia sentir-se mais viva e não percebia porquê, já que não conversavam sobre nada pessoal. Ainda assim, fascinava-a.

      Tinha-a fascinado quando era um desconhecido misterioso na praia e esse fascínio tinha aumentado a cada dia porque como era possível que alguém tão impressionante a desejasse?

      Além disso, estava a gostar de sentir-se desejada, levando-a a repensar todas as suas crenças. Acreditara sempre que nunca teria relações sexuais com alguém que não fosse o homem com que partilharia o resto da sua vida. Ao olhá-los nos olhos, parecia-lhe que poderia perder algo que só aparecia a uma pessoa uma vez na vida.

      Além disso, essa atração era mútua. O seu olhar indicava que a desejava e o facto de ela saber isso era embriagante, era um afrodisíaco. Que sentiria se além disso ele a acariciasse e a beijasse? Não se questionou sobre nada mais porque só se tinha dado um par de beijos na sua vida e não lhe tinham parecido nada de especial, só a tinham levado a concluir que não precisava de repetir a experiência. Até àquele momento. Tinha a sensação de que beijar aquele desconhecido misterioso seria algo completamente diferente que poderia, até, mudar-lhe a vida. Era o que queria?

      Olhou para o desconhecido, que já não era um desconhecido e se estava a tornar alguém muito importante para ela. Tinha vivido demasiado tempo sozinha ou com o seu pai, que falava muito pouco e estava sempre absorto no seu trabalho. Percebia que o seu pai estivesse dedicado à investigação, mas ela, de vez em quando, queria algo mais. Queria que a vissem, que a reconhecessem, que… a amassem. Normalmente, sentia-se mais assim à noite e culpava o cansaço, mas, ultimamente, sentia-o a todas as horas. A chegada do homem misterioso tinha-a mudado, recordando-lhe que havia um mundo fora da sua ilha e que ela não o conhecia. Ainda assim, também sabia que era feliz em Khronos… Levantou-se bruscamente e afastou-se para tentar aliviar o peso que sentia no peito. O pai deixara-a responsável por tudo e tinha de focar-se nas suas obrigações.

      – Tenho de voltar ao trabalho.

      – Posso ajudar-te? – perguntou ele.

      – Não. Vou comprovar os painéis solares. Relaxa-te e…

      – É o que tenho feito nos últimos dias. Diz-me o que há para fazer e eu posso ajudar-te enquanto estou aqui.

      – Está bem, vem comigo – acedeu ela com um sorriso tenso.

      A velha casa de campo era feita de pedras e, pela fachada, parecia quase abandonada, mas havia umas escadas muito bem cuidadas nas traseiras que conduziam a uma clareira repleta de painéis solares e de outros instrumentos, além de outra casa de pedra mais pequena.

      – Aqui fica todo o material para rastreamento de sismos. Está ligado a sismógrafos portáteis que estão espalhados pela ilha e alguns no mar. Estamos praticamente em cima de um vulcão e por isso temos sismógrafos para captar movimentos na crosta terrestre. Alguns movimentos poderiam significar que o vulcão está a acordar.

      – Se isso acontecesse, que farias tu?

      – Não se moveu nos últimos dez anos. Segundo todas as probabilidades, estou a salvo.

      – Pareces muito despreocupada com algo que poderia ser catastrófico.

      – Algumas pessoas ficam aterrorizadas com os vulcões, mas nunca ocorreu uma erupção tão catastrófica assim. Além disso, sabes que algumas pessoas optam por viver perto dos vulcões por causa da energia geotérmica, dos minerais e da fertilidade do terreno? Eu sou defensora da energia geotérmica porque é muito limpa e quase inesgotável, mas os painéis solares também nos dão muito bons resultados e permitem-nos viver fora da rede elétrica. Usamo-los para quase tudo: luz, aquecimento, dessalinização, para a rádio, quando funciona…

      Ele tinha estado a observar os painéis solares, mas ela percebera que era o sistema de dessalinização que lhe despertava СКАЧАТЬ