Название: Para além da verdade
Автор: Robyn Donald
Издательство: Bookwire
Жанр: Языкознание
Серия: Sabrina
isbn: 9788413485416
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Bobo Link, a sua marchant, deixou escapar um suspiro.
– Não podes ficar toda a vida escondida.
– Não estou a esconder-me – replicou Rowan.
– Viver como uma eremita em Kura, trabalhando como uma escrava num café deprimente, recusando-te a sair ou a ver alguém… Não se chama a isso esconder?
– Tenho muito trabalho. Queres vender os meus trabalhos de cerâmica e…
– Então sai e vende – interrompeu-a Bobo, a sua sincera e brutalmente honesta representante artística. – Estás linda… os olhos e a boca ficaram estupendos. Se bem que ainda há bom material para trabalhar, é verdade.
– A verdade é que não me reconheço… A mim não me fica bem vendê-lo, tu é que deves fazer isso.
– Parvoíces. Toda a gente quer conhecer o autor das obras que compra e tu és um presente do céu, Rowan. Além de uma grande artista, és linda e ficas genial nas fotografias.
– Não sou uma top model – protestou ela.
Bobo suspirou de novo.
– Não te preocupes, o teu trabalho destaca-se por si mesmo. Mas Frank fez uma crítica fantástica no jornal, que seria um verdadeiro desperdício não explorar… não a usar. És um génio, mas os jarrões não se comem. E se não queres continuar a ser criada toda a vida, será melhor que apareças esta noite na exposição.
Rowan olhou-se no espelho, pensativa. Vestia uma blusa de seda preta e uma saia comprida de cabedal que lhe tinha emprestado a sua agente. Tinha de reconhecer que estava muito bonita, mas…
– Está bem, vou. Mas não posso vestir esta blusa tão transparente… o meu peito não está à venda!
Bobo ergueu os olhos ao céu.
– O teu pai tem de responder a muitas coisas. Não se vê nada…
– Claro que vê! Aliás, está tudo à mostra!
– Bem, só se alguém olhar muito de perto… Mas agora usa-se assim. Eu visto essa blusa muitas noites.
– Tu irias para a rua nu, se te deixassem – riu-se Rowan. – E se vestisse um sutiã?
– Ridículo. Parecerias uma sopeira.
– Pois assim vestida não vou.
Lamentando-se, Bobo tirou uma camisola de seda preta do guarda-roupa.
– Os sacrifícos que tenho de fazer… Veste isto por baixo.
– O que é?
– Uma camisola, parva. Assim não se verá nada.
– Não te mereço – sorriu Rowan, vestindo a camisola. Depois voltou a olhar-se ao espelho. – Ah, agora sim.
– É verdade, não me mereces. Mas ficarás linda assim que deixares de te lamuriar.
– Não me estou a lamuriar.
– Claro que estás! O teu pai devia ser uma pessoa maravilhosa, mas educou-te como uma freira. Era demasiado conservador… não te aborreças, mas tenho de te dizer isto. Tens um aspecto tão sexy, tão perverso… e mais pareces o capuchinho vermelho.
– O capuchinho vermelho?
– Sim, isso mesmo. E como vais reconhecer o lobo se não espevitares? – suspirou Bobo, abraçando-a.
– Como? – questionou-se Rowan.
Tony tinha sido o único homem da sua vida e depois, traumatizada pelo caos que aquela relação tinha gerado, decidiu concentrar-se no seu trabalho, para o qual canalizava toda a sua energia criadora.
– Esta noite não és Rowan Corbett, artista eremita. És Rowan, uma mulher misteriosa e sofisticada cujos trabalhos dentro de pouco tempo serão comprados a peso de ouro… e eu levarei dez por cento! Por isso vamos, temos muito para vender!
Meia hora mais tarde, com uma taça de champanhe na mão, Rowan olhava à sua volta procurando ver todos os convidados em roupa interior.
Mas não a ajudou nada. Continuava assustada. Não deveria ter deixado que Bobo a convencesse. Todas aquelas pessoas vestidas com roupa desenhada por estilistas da moda, tão sofisticadas, tão risonhas… punham-na nervosa.
Quando olhou para a taça de champanhe vazia, apercebeu-se de que tinha bebido mais que o suficiente para se poder comportar como deveria. Além disso, tinha vinte e sete anos e deveria ter uma atitude de mulher adulta. E, se não sabia fazê-lo, já estava na hora de aprender.
– Querida, quero apresentar-te a alguém – ouviu a voz de Bobo atrás dela.
Pelo tom, percebeu que esse «alguém» deveria ser um comprador e voltou-se com um sorriso nos lábios.
– Sim…
– Rowan, apresento-te Wolfe Talamantes.
Como se estivesse suspenso por qualquer coisa, Rowan deparou-se com um homem altissímo… perigoso. Era muito bonito, com feições de pirata, mas o seu potente magnetismo vinha de dentro, não era causado por uma herança genética fortuita.
O pânico aumentou então, mas sorriu nervosamente ao recordar a sua conversa com Bobo. Wolfe. Lobo em inglês… sem o «e», obviamente.
Ele franziu o rosto ao vê-la sorrir. Tinha o nariz em forma de linha recta… ou devia tê-lo tido antes de lho partirem. Mas em vez de o desfear, aquilo tornavo-o mais atractivo.
– Sim, eu sei. É um nome raro.
Tinha uma voz rouca, muito masculinizada. Uma voz que a fazia sentir um calafrio. À partida, era a voz do lobo.
– Não, não, desculpe. É que tenho um cão que se chama Lobo.
– Um caniche?
– Não, um pastor-alemão.
– Rowan, o senhor Talamantes está interessado no número quarenta e sete. O jarrão verde.
– Ah, fico muito contente.
– Tem muito talento, Rowan – disse ele, apertando-lhe a mão.
Era absurdo, mas tinha a sensação de que estava a fazer amor… contra a sua vontade, forçada por um desejo maior que a formidável vontade do homem.
– Obrigada – murmurou, engolindo a saliva.
Aquele homem tinha um enigma masculino, uma força que a envolvia como se quisesse engoli-la. A arrogância, o tamanho, a força dos seus músculos, faziam-na sentir receio e curiosidade ao mesmo tempo.
– Desculpem-me! Tenho de ir falar com outra pessoa – disse Bobo, retirando-se.
Wolfe sorriu.
– СКАЧАТЬ