Название: Cian
Автор: Charley Brindley
Издательство: Tektime S.r.l.s.
Жанр: Приключения: прочее
isbn: 9788835410249
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– Por que você estava na cachoeira?
Esfreguei o cobertor macio sobre seus ombros e braços, depois a virei em direção ao fogo para secar as costas.
– Gostar água pulando em mim, jogar todas as coisas feridas.
A combinação de yanomami e português de Cian não era tão clara, mas o uso de sinais de mão me ajudava a entender, às vezes, seu corpo me dizia tudo que eu precisava saber. Eu quase podia ver as águas frias caindo sobre ela e acalmando as dolorosas lembranças.
Eu a virei para mim, envolvi o cobertor em seu corpo e a abracei, ela deitou a cabeça no meu peito.
– Cian – eu disse depois de um momento.
Ela olhou para mim.
– Quando você foi buscar água antes do jantar, levou os ratos com você.
Ela fez que sim com a cabeça.
– Mas quando voltou, o saco estava vazio.
– Eles se foram agora.
– Para onde?
– Eu os libertei, eles correm para as árvores, nunca olham para trás.
– Ótimo.
– Saxon – disse ela, pegando um canto do cobertor para secar os cabelos – Quantas noites e dias leva para atravessar a água grande que Kaitlin fala, para ir à sua tribo?
– Minha tribo?
Ela fez que sim com a cabeça.
– Ah – exclamei – o Encontro Cigano.
Não sou cigano, pelo menos não de sangue, mas suponho que estejam tão perto de ser minha tribo quanto qualquer outra pessoa.
– É uma jornada de mais de quatro semanas a partir daqui.
– Semanas?
– Quase trinta dias – eu disse.
Ela soltou o cobertor, que escorregou das minhas mãos e caiu no chão. Olhei para minha irmã e sobrinha, elas ainda estavam dormindo.
– Mostre-me os dedos – disse ela, pegando minha mão.
Contei meus dez dedos para ela, depois seus dez dedos, depois os meus novamente.
– Até aqui?
Eu assenti.
– Você sair perto agora?
– Sim – eu disse.
– Aquele lugar que você vai, é casa de árvores como este também?
–Está nas montanhas dos Pirineus e, sim, provavelmente na floresta.
– O que são montanhas dos Pirineus?
– Muitas grandes colinas – eu disse usando minhas mãos para ajudar a explicar.
– Tem boa caça lá, certo?
– Talvez.
– Você volta para a Amazônia algum dia?
– Eu não sei
Ela olhou para mim por um longo momento e então sua expressão mudou. Seu rosto ainda tinha aquela aparência doce e aberta de quem está apaixonado e quer que seu amante o conheça, mas também via algo que não estava presente antes. Era como se ela tivesse tomado uma decisão, e seus olhos assumiram um olhar determinado.
Ela pegou sua saia quente e enrolou-a em torno de si, dobrando a borda ao longo de sua cintura para segurá-la no lugar, então levantou meu braço esquerdo até que ele se estendeu, paralelo ao chão. Ela encarou o fogo e olhou novamente para mim, deixei cair minha mão para colocá-la em seu quadril.
– Não – ela disse – devolva a mão para onde estava no ar.
Eu fiz o que ela disse, então ela estendeu o braço esquerdo para combinar com o meu, as pontas dos seus dedos alcançaram meu pulso.
– Hmm – disse ela – uma mão mais longa que o meu.
– Por que você está medindo meu braço?
Ela pegou minha mão, colocando-a nas costas dela
– Cian faz Saxon curvar e aguçar as mãos dele para poder caçar naquele outro lugar da floresta, atravessando água grande.
Talvez ela não pudesse falar minha língua tão bem, mas eu a entendia perfeitamente.
Dez dias depois, eu estava no convés, final da tarde, fumando meu cachimbo e assistindo o Atlântico. Embarcamos no Borboleta Nova, pelo porto do Rio de Janeiro. O borboleta era um antigo cargueiro de 480 pés e bandeira portuguesa. Minha irmã e eu fomos contratados juntos e conseguimos passagem para Lisboa, eu servia como marinheiro e Kaitlin trabalhava na cozinha com outra mulher que veio do Egito. O nome copta dela era, para nós, impronunciável, por isso a chamávamos Cleópatra.
O trabalho a bordo serviu para nós dois, e foi satisfatório para nossos bolsos, assim como para nossas almas. Construir nosso caminho através do oceano, exatamente como havíamos feito juntos muitas vezes antes, tanto a leste quanto a oeste.
Este era o nosso segundo dia fora do Rio, e meu turno havia acabado de terminar. Era bom estar no mar novamente. Uma longa jornada no oceano elimina o pó das regalias continentais. Preocupações que me inundavam apenas uma semana antes, agora pareciam triviais em comparação com a vastidão das águas profundas que nos cercavam.
Despertei de meus devaneios por alguém se aproximar ás minhas costas, logo reconheci quem era pelo som dos passos no convés.
Capítulo Oito
– Olá, Dortworthy – eu disse sem me virar.
Com aquelas botas de caubói, ele não seria capaz de ser nem um pouco discreto.
–Boa noite, Sr. Saxon, tentei não o incomodar, era evidente que estava em profunda concentração.
Então por que não seguiu outro caminho?
Por alguma estranha razão, Dortworthy considerou nós dois amigos, ou, pelo menos, assim fingiu.
– O que você quer? – eu perguntei.
Stanley Dortworthy tinha pequenos olhos castanhos, juntos como uma cabra. Seu lábio superior provavelmente sofrera alguma deformação, ele o mantinha escondido sob um bigodinho de Hitler.
– Talvez depois do jantar possamos ter uma revanche do nosso jogo de xadrez. – Ele disse – Acho que ficou um pouco distraído na noite passada quando sua rainha caiu diante do meu peão.
– Odeio xadrez – eu disse – e você sabe o que mais…
Dortworthy me СКАЧАТЬ