Название: O Duque e a Corista
Автор: Barbara Cartland
Издательство: Bookwire
Жанр: Языкознание
Серия: A Eterna Colecao de Barbara Cartland
isbn: 9781782137351
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Harry inclinou-se e beijou-a no rosto.
—Você é tão bom para mim, Harry. Não sei o que faria sem você. Voltará, não é mesmo?
—Recuso-me a responder a uma pergunta tão ridícula, e vou comprar algo bem gostoso para o jantar.
—Ouça, por que não põe meu casaco no prego? Quando sarar, não terei mais necessidade dele e aquele velho avarento há de dar pelo menos uma libra por ele.
—Está bem. Como você está dizendo, o clima estará mais quente no próximo mês. Quando se sentir suficientemente bem para voltar para o teatro, poderá pedir um adiantamento de salário, não é mesmo?
—Mas é claro! O casaco está no armário. Antes de sair, quer me dar um lenço? Acho que existe um na gaveta de cima da cômoda.
Ao abrir a gaveta, Harry notou que estava cheia de fitas, lenços, flores artificiais e outras miudezas.
—O Duque… acaso lhe escreveu?
—Sempre me enviava cartões, comunicando a que hora viria para fne levar para jantar. Era mais uma ordem do que propriamente um convite. Não lhe passava pela cabeça que uma garota recusasse a companhia de um homem tão importante quanto ele.
—E você guardou esses cartões?
—Creio que sim. Guardo tudo.
—E onde estão?
—Na gaveta de baixo, com os programas dos espetáculos em que trabalhei, e as críticas dos jornais.
—Tem certeza de que existem cartas do Duque?
Penso que sim, e lá estão os cartões que costumava me envia com as flores, nos quais escrevia: “À minha Feiticeira!” Se eu soubesse como ele era realmente, teria queimado tudo!
—E não queimou?— perguntou Harry, ansioso.
—Não, era preguiçosa demais. Além do mais, quando me tornasse famosa, escreveria o seguinte título para minha autobiografia: “Seduzida por um Duque”. Até parece o título de um folhetim, não acha?
Harry abriu o armário e pegou o casaco. Tinha uma gola de pele barata e parecia bem diferente de quando Katie, o usava.
—Até logo, meu bem! Não demore!
—Voltarei tão logo possa. Durma. Isto é uma ordem, mesmo que não parta de um Duque!
Ouviu-a rir, enquanto fechava a porta.
—Larentia!
—Estou indo, papai!
Larentia Braintree encheu uma xícara com o café que estivera preparando na cozinha e subiu as escadas, em direção ao quarto de seu pai.
Era um aposento agradável, com duas janelas que davam para a rua.
—Preparei-lhe um pouco de café, papai.
—Derrubei um de meus papéis no chão. Sinto muito fazê-la subir, meu bem, mas preciso dele.
—Gostaria que parasse de trabalhar, papai, e descansasse.
Enquanto falava, pensava, angustiada, que agora já não importava muito se ele trabalhasse ou não. O Dr. Medwin lhe dissera:
—Não lhe conte a verdade. Deixe-o acreditar que está melhorando, até que a verdade se imponha a ele.
—E ele… sofrerá muito?
—Tentarei impedir as dores mais intensas, mas você sabe que as drogas terão de ser cada vez mais fortes, até que se tornará impossível para ele pensar, ou até mesmo reconhecê-la.
Larentia tornou-se muito pálida, mas não se lamentou, e o médico admirou seu autocontrole.
—O senhor deve fazer o que for melhor para papai. Não existe nenhum outro modo de… salvá-lo?
—Há uma chance, se ele for para o hospital.
—Não! Para o hospital, não! Já ouvi muitas histórias de sofrimento. A taxa de mortalidade é espantosa!
—Concordo com a senhorita. É por ter a maior admiração e respeito por seu pai que prefiro que ele morra em seu própria leito.
—E eu também… mas… não há outra solução?
Lentamente e escolhendo bem as palavras, o médico explicou-lhe, como havia explicado a Harry, que a única esperança era pagar um cirurgião como Sheldon Curtis, que empregava os métodos de Lister, a fim de impedir que o ferimento de uma operação cirúrgica não se infeccionasse.
—Já ouvi falar do Dr. Lister e papai mostrou-se muito interessado no trabalho que ele tem levado a cabo em Edimburgo.
—Com efeito, é algo de revolucionário! Imagino não lhe ser possível conseguir duzentas libras, pois é do que necessito, a fim de recorrer aos serviços profissionais do Dr. Curtis…
—Seria impossível para nós. Os parentes de papai já morreram quase todos e aqueles que ainda estão vivos são tão pobres quanto nós. Como o senhor sabe, esta casa é alugada e não possuímos nada de valor que possamos vender.
—Éo que eu imaginava.
—Papai ainda está no meio de seu último livro e, mesmo que acabasse, duvido que os editores lhe fizessem um grande adiantamento. As coisas que escrevem nos jornais a respeito de papai são muito lisonjeiras, mas ele não consegue vender seus livros por serem profundos demais. Poucas pessoas querem ler a respeito da época medieval ou até mesmo seu tratado sobre o Rei Artur, um herói lendário que sempre me fascinou.
—E a mim também, quando tenho tempo de pensar nele!
O médico olhou para Larentia e constatou o quanto era bela. Katie King possuía aquela beleza exuberante que se associa ao palco, e, quando estava bem, seus olhos brilhantes, a boca vermelha e sorridente e o nariz arrebitado faziam todos os homens voltarem a cabeça, a fim de contemplá-la.
Larentia Braintree era um tipo diferente de beleza. Seus traços possuíam a perfeição clássica e seus olhos, que irradiavam reflexos esverdeados, eram suaves e gentis, conferindo a seu rosto uma espécie de beleza espiritual com que o médico ainda não havia deparado.
Ficou intrigado, pensando se seus cabelos seriam tão compridos quanto os de Katie King, mas dominou-se, dizendo a si mesmo que era ocupado demais para ter tempo de pensar em jovens, por mais atraentes que fossem.
—Preciso voltar a trabalhar, Srta. Braintree. Desculpe-me por lhe trazer notícias tão negativas. Gostaria de ser otimista e dizer-lhe que seu pai haverá de recuperar-se.
—Ele não pode ficar sabendo. . . Dir-lhe-ei que o senhor tem certeza de que em breve voltará a levantar-se. Quando vier nos visitar, da próxima vez, não se esqueça de dizer-lhe o mesmo.
—A senhorita é uma filha digna do pai que tem. Admiro-a tanto quanto o admiro e farei tudo o que СКАЧАТЬ