Agora e Para Sempre . Sophie Love
Чтение книги онлайн.

Читать онлайн книгу Agora e Para Sempre - Sophie Love страница 4

СКАЧАТЬ

      Ainda assim, a ideia de passar alguns dias sentada na varanda, olhando para o mar, num lugar que era dela (mais ou menos), pareceu, subitamente, muito romântica. Sair de Nova York no final de semana seria uma boa maneira de limpar sua mente e tentar pensar no que fazer com sua vida.

      “Tenho que ir”, Emily disse.

      “Espere”, Amy respondeu. “Primeiro, diga-me para onde está indo!”

      Emily respirou fundo.

      “Estou indo para Maine”.

      Capítulo Três

      Emily teve que pegar vários metrôs para chegar ao estacionamento de longa permanência em Long Island City, onde seu carro velho, surrado e abandonado estava. Fazia anos que ela não o dirigia, já que Ben sempre assumiu essa responsabilidade para exibir seu precioso Lexus, e enquanto ela caminhava pelo imenso estacionamento escuro, arrastando sua mala, ela se perguntava se ainda poderia dirigir. Era mais uma coisa que havia deixado escapar ao longo de seu relacionamento.

      Só a viagem para chegar até aqui – a este estacionamento na periferia da cidade – parecia não acabar nunca. Enquanto caminhava até o carro, seus passos ecoando no estacionamento frio como gelo, ela quase se sentiu cansada demais para continuar.

      Estava cometendo um erro? Ela se perguntou. Devia voltar?

      “Aqui está ele”.

      Emily se virou e viu o atendente do estacionamento sorrindo para seu carro surrado, como se demonstrasse simpatia por ela. Ele lhe estendeu as chaves.

      A ideia de ainda ter que dirigir por oito horas pareceu esmagadora, impossível. Ela já estava exausta, física e emocionalmente.

      “Você vai pegar as chaves?” ele perguntou, por fim.

      Emily piscou, surpresa, sem perceber que havia passado alguns instantes pensando.

      Parada ali, sabia que aquele era um momento decisivo, de certa forma. Ela iria colapsar, correndo de volta para sua antiga vida?

      Ou seria forte o bastante para seguir em frente?

      Finalmente, Emily afastou os pensamentos sombrios e se obrigou a ser forte. Pelo menos por ora.

      Ela pegou as chaves e caminhou triunfante para seu carro, tentando demonstrar coragem e confiança enquanto se afastava, mas secretamente com medo de que não conseguiria nem mesmo ligá-lo – e, se conseguisse, que ela nem lembraria como dirigir.

      Entrou no carro gelado, fechou os olhos e pôs a chave na ignição. Se o motor ligasse, ela disse a si mesma, era um sinal. Se estivesse morto, ela podia voltar atrás.

      Emily odiava admitir isso para si mesma, mas secretamente tinha esperança de que estaria morto.

      Ela girou a chave.

      O carro ligou.

      *

      Foi surpreendente e reconfortante para Emily notar que, apesar de ser uma motorista meio errática, ela ainda sabia o básico do que estava fazendo. Tudo o que precisava fazer era pisar no acelerador e dirigir.

      Era libertador observar o mundo passar voando por ela e, lentamente, ela sentiu seu humor melhorar. Até ligou o rádio, lembrando que tinha um.

      Com o rádio no volume máximo, os vidros das janelas abaixados, Emily segurou bem o volante com as duas mãos. Em sua mente, ela parecia uma sereia glamorosa dos anos 40 num filme em preto e branco, com o vento desalinhando seu penteado perfeito. Na verdade, o ar gelado de fevereiro deixou seu nariz vermelho como uma cereja e bagunçou seu cabelo todo.

      Em pouco tempo, ela saiu da cidade, e quanto mais se aproximava do norte, mais as estradas se tornavam margeadas por pinheiros. Ela admirava sua beleza enquanto passava voando por eles. Com que facilidade ficara presa na agitação do estilo de vida da cidade, pensava. Quantos anos ela havia deixado passar sem reservar tempo para contemplar a natureza?

      Logo, as estradas se tornaram mais largas, o número de faixas aumentou e, então, ela chegou à rodovia. Acelerou ainda mais, fazendo seu carro surrado ir mais rápido, sentindo-se viva e animada com a velocidade. Todas essas pessoas em seus carros embarcando em aventuras para algum lugar, e ela, Emily, finalmente era uma delas. A excitação pulsava através de seu corpo enquanto fazia o carro ir mais rápido, aumentando sua velocidade até onde sua ousadia lhe permitisse.

      Sua confiança aumentava à medida em que os pneus do carro planavam sobre a estrada. Quando passou pela fronteira estadual para entrar em Connecticut, realmente caiu a ficha de que ela estava, de fato, indo embora. Seu emprego, Ben, ela havia finalmente jogado fora toda aquela tralha.

      Quanto mais se aproximava do norte, mais frio ficava, e Emily finalmente teve que admitir que estava frio demais para manter as janelas abertas. Ela as fechou e esfregou as mãos, lamentando por não estar vestindo algo um pouco mais apropriado para o clima. Ela havia saído de Nova York em seu desconfortável terno de trabalho, e em mais um momento de impulsividade, havia atirado a jaqueta sob medida e os sapatos de salto stiletto pela janela. Agora, vestia apenas uma blusa fina, e os dedos de seus pés descalços pareciam ter se tornado blocos de gelo. A imagem da estrela de cinema dos anos 40 se despedaçou em sua mente quando ela viu seu reflexo no retrovisor. Ela parecia uma estátua de cera. Mas não ligava para isso. Estava livre, e era só o que importava.

      Horas se passaram, e antes que percebesse, havia deixado Connecticut para trás, uma lembrança distante, apenas um lugar pelo qual passara em seu caminho para um futuro melhor. A paisagem de Massachusetts era mais aberta. Ao invés da folhagem verde-escura dos pinheiros, as árvores daqui haviam perdido suas folhas de verão e erguiam-se como longos, compridos esqueletos nos dois lados da estrada, revelando traços de neve e de gelo no chão duro sob elas. Acima de Emily, o céu começava a mudar de cor, de um azul claro para um cinza macilento, lembrando a ela que chegaria a Maine quando já estivesse escuro.

      Ela dirigiu por Worcester, onde muitas das casas eram altas, revestidas de madeira, e pintadas em vários tons pastéis. Emily imaginou que tipo de pessoas viviam aqui, divagando sobre suas vidas e experiências. Ela estava apenas há algumas horas de casa, mas tudo já parecia estranho para ela – todas as possibilidades, todos os diferentes lugares para viver, estar e visitar. Ela havia passado sete anos vivendo apenas uma versão da vida, seguindo a rotina antiga, familiar, repetindo o mesmo dia várias vezes, esperando, esperando, esperando por algo mais. Todo aquele tempo esperando Ben pedi-la em casamento, para que ela então pudesse começar o próximo capítulo da sua vida. Mas, o tempo todo, ela tinha o poder de ser a mola, a força propulsora de sua própria história.

      Emily se viu dirigindo sobre uma ponte, seguindo a Rota 290 até ela se tornar a Rota 495. Foram-se as maravilhosas árvores, agora substituídas por paredes rochosas íngremes. Seu estômago começou a roncar, lembrando-a de que a hora do almoço havia passado e ela não fizera nada a respeito. Pensou em parar num posto de gasolina, mas a compulsão para chegar em Maine era grande demais. Ela podia comer quando chegasse lá.

      Mais horas se passaram, e ela cruzou a fronteira estadual, entrando em New Hampshire. O céu se abriu, as estradas se tornaram largas e numerosas, as planícies se estendendo em todas as direções, até onde seus olhos alcançavam. Emily não pôde deixar de pensar sobre como o mundo era grande, sobre quantas pessoas ele continha.

      Seu СКАЧАТЬ