Arrebatadas . Блейк Пирс
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СКАЧАТЬ claro que Riley sabia que na ampla gama de ofensas criminais, o homicídio em série era raro. Mas mesmo assim, aqueles jovens tinham que aprender tudo o que houvesse para aprender. Aspiravam a ser agentes de campo do FBI e em breve descobririam que a grande maioria dos responsáveis locais não tinha qualquer experiência em casos de homicídios em série. E a Agente Especial Riley Paige era uma autoridade nesse campo.

      Carregou no controlo remoto. As primeiras imagens a surgirem no grande ecrã plano eram tudo menos violentas. Tratava-se de cinco retratos a carvão de mulheres, com faixas etárias que variavam entre jovens e a meia-idade. Todas as mulheres eram atraentes e sorridentes, e os retratos haviam sido produzidos com arte e engenho.

      Ao passar as imagens, Riley apontava, “Estes cinco retratos foram feitos há oito anos por um artista chamado Derrick Caldwell. Todos os verões, Caldwell ganhava bom dinheiro a desenhar retratos de turistas no calçadão de Dunes Beach aqui na Virginia. Estas mulheres estavam entre as suas últimas clientes.”

      Depois de mostrar o último dos cinco retratos, Riley carregou novamente no controlo. A fotografia que se seguiu era uma hedionda imagem de uma arca frigorífica aberta repleta de partes de corpos femininos desmembrados. A reação dos alunos foi imediatamente audível.

      “Isto foi o que restou daquelas mulheres,” Sentenciou Riley. “Enquanto as desenhava, Derrick Caldwell convenceu-se, nas suas próprias palavras, que elas ‘eram demasiado belas para viver.’ Por isso perseguiu uma a uma, matou-as, desmembrou-as e guardou-as na arca frigorífica.”

      Entretanto Riley passou às imagens seguintes que eram ainda mais chocantes do que as anteriores. Eram fotografias tiradas pela equipa do médico-legista após reagrupamento dos corpos.

      Riley prosseguiu, “Caldwell ‘baralhava’ as partes dos corpos numa tentativa de as desumanizar e tornar irreconhecíveis.”

      Riley voltou-se para os alunos e não pode deixar de reparar que um deles se dirigia apressadamente para a saída, nitidamente agoniado. Outros pareciam à beira de vomitar. Alguns choravam. Apenas uma minoria aparentava estar imperturbável.

      Paradoxalmente, Riley tinha a certeza de que os alunos que demonstravam aquela tranquilidade seriam os que não iriam sobreviver à formação na academia. Para esses, o que ela mostrara eram apenas imagens, nada de real. Não seriam capazes de enfrentar o verdadeiro horror quando se deparassem com ele ao vivo e a cores. Também não conseguiriam enfrentar as consequências pessoais, o stress pós-traumático de que poderiam sofrer. Riley ainda era ocasionalmente assombrada por visões de um maçarico flamejante, mas o seu SPT encontrava-se em fase decrescente. Estava a curar-se. Mas Riley tinha a certeza de que antes de se recuperar de algo, tinha que se sentir esse algo.

      “E agora,” Declarou Riley, “Vou fazer algumas afirmações e vocês vão-me dizer se se tratam de mitos ou factos. Aqui vai a primeira. ‘A maioria dos assassinos em série mata por motivação sexual.’ Mito ou facto?”

      Mãos erguidas entre os alunos. Riley apontou na direção de um aluno particularmente ansioso na primeira fila.

      “Facto?” Perguntou o aluno.

      “Sim, facto,” Anuiu Riley. “Apesar de poderem existir outras razões, a componente sexual é a mais frequente. Pode assumir as mais variadas formas, às vezes bastante bizarras. O Derrick Caldwell é um exemplo clássico. O médico-legista concluiu que cometera atos de necrofilia nas vítimas antes de as desmembrar.”

      Riley apercebeu-se que a maioria dos alunos teclava notas nos seus portáteis. E prosseguiu, “Agora, uma outra afirmação. ‘Os assassinos em série infligem mais violência às vítimas à medida que continuam a matar.’”

      Outra vez mãos erguidas. Desta vez, Riley apontou na direção de um aluno que se encontrava numas filas mais atrás.

      “Facto?” Disse o aluno.

      “Mito,” Contrariou Riley. “Apesar de já me ter deparado com algumas exceções, na maior parte dos casos não se verifica essa mudança com o passar do tempo. O nível de violência de Derrick Caldwell permaneceu consistente no espaço de tempo em que matou. Mas era imprudente, não era propriamente um cérebro maléfico. Tornou-se demasiado ganancioso, ávido. Matou as vítimas num período de apenas um mês e meio. Ao despertar esse tipo de atenção, tornou a sua captura inevitável.”

      Riley olhou para o relógio e constatou que a sua hora tinha terminado.

      “É tudo por hoje,” Disse. “Mas há muitas suposições erradas acerca dos assassinos em série e muitos mitos ainda circulam por aí. A Unidade de Análise Comportamental recolheu e analisou os dados, e eu trabalhei em casos de homicídios em série no campo um pouco por todo o país. Ainda temos muita informação a coligir.”

      A turma dispersou-se e Riley começou a arrumar as suas coisas para ir para casa. Três ou quatro alunos reuniram-se à volta da sua secretária para fazer perguntas.

      Um jovem perguntou, “Agente Paige, não esteve envolvida no caso Derrick Caldwell?”

      “Sim, estive,” Respondeu Riley. “Isso é uma história para outro dia.”

      Também era uma história que Riley não ansiava por contar, embora não o tivesse verbalizado.

      Uma jovem perguntou, “O Caldwell foi executado pelos crimes cometidos?”

      “Ainda não,” Respondeu Riley.

      Tentando não parecer indelicada, Riley começou a caminhar em direção à saída. A iminente execução de Caldwell não era algo que gostasse de discutir. Na verdade, esperava o seu agendamento para breve. Enquanto agente que o capturara, fora convidada a assistir à sua morte. Ainda não decidira se aceitava ou não o convite.

      Riley sentia-se bem caminhando para fora do edifício rumo a uma agradável tarde de setembro. Ainda estava de licença.

      Sofria de SPT desde que um assassino maníaco a mantivera prisioneira. Tinha conseguido fugir e matar o seu inimigo. Mas mesmo nessa altura, não ficara de baixa. Continuara a trabalhar para concluir outro caso de contornos terríveis ocorrido no estado de Nova Iorque e que terminara com o assassino a suicidar-se à sua frente.

      Aquele momento ainda a assombrava. Quando o chefe de Riley, Brent Meredith, a abordou para trabalhar noutro caso, ela declinou a proposta. Por sugestão de Meredith, concordara em contrapartida dar aulas na Academia do FBI em Quantico.

      Ao entrar no carro e começar a conduzir, Riley pensou na sensatez da sua decisão. Finalmente a sua vida estava preenchida por uma persistente sensação de paz e harmonia.

      E contudo, ao conduzir rumo a casa, uma sensaçã arrepiante e familiar começou a instalar-se, um sentimento que provocou o súbito bater acelerado do seu coração num belo dia de céu azul. Compreendeu que se tratava de uma sensação intensificada de antecipação, de algo nefasto que se aproximava.

      E por muito que se tentasse imaginar envolta naquela tranquilidade para sempre, Riley sabia que não era algo para durar.

      CAPÍTULO DOIS

      Riley estremeceu de medo ao sentir a vibração do telemóvel na mala. Parou à porta da sua nova casa e pegou no telemóvel. O seu coração bateu com mais força.

      Era uma СКАЧАТЬ